Editorial: Um rio de impunidade
Esta semana O Município fez o registro de um despejo de uma espuma branca no rio Itajaí-Mirim, em frente ao supermercado Fort Atacadista. É mais um crime ambiental que vai passar sem nenhuma punição, como está acontecendo nos últimos anos em nossa cidade, conforme reportagem especial que publicamos em 27 de julho. Veja também: PT pede à Justiça Eleitoral mandados […]
Esta semana O Município fez o registro de um despejo de uma espuma branca no rio Itajaí-Mirim, em frente ao supermercado Fort Atacadista. É mais um crime ambiental que vai passar sem nenhuma punição, como está acontecendo nos últimos anos em nossa cidade, conforme reportagem especial que publicamos em 27 de julho.
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Na mesma matéria ouvimos a justificativa de sempre, de que falta estrutura e profissionais para fiscalizar, deixando o caminho aberto para quem quiser poluir à vontade.
Todos sabemos que a questão ambiental tem uma legislação para coibir este tipo de atitude, mas, se não é exercida, de nada adianta, ainda mais nesta estação de chuvas que muitos aproveitam o nível do rio maior para intensificar os despejos.
Também sabemos da necessidade de empresas de beneficiamentos para a nossa economia e nosso desenvolvimento, mas elas não podem trabalhar sem o princípio básico da sustentabilidade e o respeito à sociedade e ao meio ambiente.
Não pode haver despejos irregulares para se obter uma vantagem financeira em detrimento do envenenamento do rio. Também não podemos mais conviver com a falta de tratamento de esgoto, que envergonha nossa cidade.
Precisamos lembrar que a água é um recurso de domínio público e um recurso natural limitado e que precisa do cuidado de todos para continuar a nos prover hoje e para as próximas gerações. Não podemos conviver com esta situação que acontece bem debaixo de nosso nariz.
Diante deste quadro, o próprio Samae, que usa o rio para o fornecimento de água para população, já teve que interromper a captação por conta de despejos à montante de sua estação. Assim, para fugir do problema, o projeto agora é a construção de uma nova estação na Cristalina, onde estaríamos menos expostos aos efeitos desta poluição.
Ou vamos cada vez mais longe a um custo cada vez maior para obter água boa, ou começamos a enfrentar estes desastres ecológicos
Mas até este raciocínio alternativo está ameaçado. Nesta semana um projeto estranho foi aprovado no Conselho Municipal da Cidade (Comcidade), alterando o zoneamento de parte da área rural de Cristalina para industrial, conforme publicamos ontem.
A mudança ainda depende de uma audiência pública e da aprovação da Câmara de Vereadores, mas se a Cristalina virar área industrial, mesmo antes da nova estação do Samae estar construída, abrir a possibilidade de ter empresas poluidoras no seu entorno. São novamente os interesses escusos e econômicos de poucas pessoas que vão se sobrepor ao bem comum e ambiental.
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Nesta lógica, temos dois caminhos claros pela frente. Ou vamos cada vez mais longe a um custo cada vez maior para obter água boa, ou começamos a enfrentar estes desastres ecológicos que estão acontecendo na cidade e evitar que outros venham a acontecer.
Na primeira opção chegaremos a um limite, à exaustão, assim como 860 milhões de pessoas no mundo que não tem mais acesso a água potável. Na segunda temos uma perspectiva melhor, com possibilidade de seguir crescendo e se desenvolvendo de forma equilibrada e alinhada com a legislação e consciência ambiental.
Resta saber quais são as forças e interesses que vão prevalecer.