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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Uma noite no museu

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Uma noite no museu

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O acontecimento da semana foi o incêndio no Museu Nacional, que ocorreu no domingo, 2, e que tomou conta de todos os noticiários e mídias sociais.

A primeira reação ao incêndio foi buscar um rótulo sob o espectro político, polarizando o debate. Os bombeiros nem tinham conseguido controlar as chamas e o incêndio nas redes sociais começava a arder com comentários políticos e de militantes tanto da esquerda como de direita.

Para se ter uma ideia, só no Twitter foram mais de 1,6 milhão de postagens entre as 19h de domingo e as 13h de segunda-feira. As postagens no Facebook também foram intensas.
Segundo a BBC, “a guerra de versões foi em torno da atribuição de responsabilidade pela tragédia.

De um lado, pessoas criticavam o governo de Michel Temer e defensores de políticas de austeridade por reduções em verbas para cultura e educação. De outro, grupos acusavam os governos Lula e Dilma de priorizar pautas culturais que os críticos consideravam ser “ideológicas”. ”

Outro fato lamentável é que a tragédia foi campo fértil para as Fake news. A Agência Lupa checou as informações que circulavam no WatsApp sobre a Lei Rouanet. Dos 14 projetos mencionados como contemplados pela lei, oito jamais conseguiram arrecadar a verba. Em outro post, a agência descobriu artefatos mencionados como perdidos que sequer faziam parte do acervo do museu.

Outra análise interessante foi em relação ao conteúdo dos comentários. Eles se dividiram basicamente em três grandes grupos: o primeiro, com a maioria dos usuários (54%), falava de maneira mais geral sobre o descaso da sociedade brasileira com a cultura.

Mais identificado com a esquerda, o grupo que responsabilizava o governo Temer era cerca de 28% dos comentários. Outros 14,8% se identificavam mais com a direita e criticavam a política cultural dos governos Dilma e Lula. O interessante é que, em discussões como esta, uma minoria, de cerca de 15% acabam moldando o debate enquanto 85% acabam sendo impactados pelos “polarizados”.

Assim, podemos concluir que, ao avistar a chama do incêndio, a fogueira da inquisição foi acesa, apontando para um culpado preferido, levando em conta nossas emoções e tendências, influenciados por uma minoria barulhenta que atua na internet. Foram milhões de compartilhamentos direcionados, falsos, imprecisos, que fizeram as labaredas das redes sociais chegarem às alturas, queimando a razão.

A perda do acervo do Museu Nacional é lamentável, mas também o é a falta de interesse das pessoas pela cultura e história

Apagada as chamas e acalmados os ânimos, a grande verdade é que o tema cultura não é nossa prioridade e consequentemente não é dos políticos. Há muito tempo abandonamos os museus tanto nacionais como locais. A Casa de Brusque, por exemplo, teve 840 visitas registradas no ano passado, O Museu de Azambuja, 1252 pessoas. Números insignificantes levando em conta nossa população e a quantidade de estudantes de nossa região.

Tanto aqui como lá, estes museus e toda a cultura e história que contém, não estão na nossa intenção de visitas, nem no currículo escolar, nem em nenhuma agenda política. A perda do acervo do Museu Nacional é lamentável, mas também o é a falta de interesse das pessoas pela cultura e história. Este foi o principal motivo de sua morte.

Os museus são templos do saber e quanto mais nos aproximarmos deles e aprendermos com eles, mais nos afastamos da ignorância e das armadilhas que os políticos e as mídias sociais nos preparam. A sabedoria nos dá uma independência de pensar, de agir, sem ser levados em ondas ideológicas.

Não vamos salvar os museus em cliques ou compartilhamentos, vamos salvá-los quando eles fizerem parta de nossa vida, da vida de nossas escolas, da vida de nossa cidade. Aumentando sua importância, naturalmente aumentará a atenção e cuidado, e poderemos evitar tragédias com a desta semana.

Foi uma noite no Museu Nacional que as chamas levaram parte de nossa história, mas pode ser de na luz do dia a salvação de tantos outros. Basta dar o primeiro passo, visitando os museus locais, prestigiando nossa cultura. Assim com certeza estaremos contribuindo muito mais para sua preservação e continuidade do que esbravejando no mundo virtual.

 

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