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Editorial: Uma nova face da economia

Há duas semanas o jornal O Município publica reportagem que revelava a queda no número de empregos de carteira assinada no município em 2023, com um saldo de 285 postos de trabalho fechados, ou seja, a diferença entre as contratações e as demissões registradas no ano. Esse sempre foi um indicador positivo da cidade, e […]

Há duas semanas o jornal O Município publica reportagem que revelava a queda no número de empregos de carteira assinada no município em 2023, com um saldo de 285 postos de trabalho fechados, ou seja, a diferença entre as contratações e as demissões registradas no ano.

Esse sempre foi um indicador positivo da cidade, e a matéria causou surpresa em muitas pessoas, pois os números não refletiam necessariamente em uma redução da atividade econômica. 

Nesta semana, aprofundando-nos sobre o tema, publicamos outra matéria, desta vez sobre a abertura de novos Microempreendedores Individuais (MEIs) no município.

Conforme dados da Secretaria da Fazenda de Brusque, nos últimos cinco anos foram 12 mil novos cadastrados, sendo 3 mil somente em 2023.

Isso mostra que há uma nova vertente econômica se formando através dessa modalidade, e que pode estar em andamento em Brusque é uma mudança de perfil: muitas pessoas estão saindo da carteira assinada e indo para atividades autônomas, aliadas a práticas modernas, como o home office.

A economia da cidade continua forte e aquecida, mas com mudanças no perfil, tanto nas relações trabalhistas quanto no dia a dia das empresas

O histórico mostra que o número de novos microempreendedores só aumenta. Em 2019, o município recebeu 1.649 novos cadastros. Em 2020, foram registrados novos 1.958. No ano seguinte, em 2021, foi registrado o maior aumento dos últimos cinco anos, equivalente a 32,9%, com 2.604 novos cadastros. Em 2022 ainda mais cadastros foram abertos em Brusque, apresentando um crescimento de 9,7% comparado ao ano anterior, sendo 2859 registros. No ano passado, o número passou de 3 mil.

Atualmente, microempreendedores representam 70% dos CNPJs do Brasil e possuem um impacto de cerca de 25% a 27% no produto interno bruto (PIB).

O que se apresenta é um cenário no qual tem sido, em algumas áreas, mais vantajoso, para o trabalhador, atuar de forma autônoma do que vinculado a uma empresa. Da mesma forma, as empresas cada vez mais tem apostado em terceirizar algumas atividades, que não são mais essenciais para serem mantidas em sua estrutura. 

A saída de CLT para o MEI, por fim, gera uma reflexão que deve ser feita pelo país, a respeito da carga tributária alta e complexa que cerca as relações trabalhistas, a qual, como disse o próprio secretário da Fazenda de Brusque, tem feito as pessoas optarem por “menos direitos” e mais dinheiro em suas contas. 

Ainda sobre a nova dinâmica da economia, publicamos na semana passada matéria que mostra as profissões mais contratadas em 2023 em Brusque. E os números apontam que o setor de comércio e de serviços ainda mantém um grande fluxo de contratações.

A profissão mais contratada, de vendedor de comércio varejista, teve 2,1 mil admissões. A função de operador de caixa, por exemplo, teve quase mil novas contratações no ano passado. 

Os números mostram que as contratações por CLT, que tiveram uma leve queda mas se mantiveram relevantes, aliadas ao crescimento dos MEI, são um alento para uma cidade como a nossa, que sempre teve uma economia pujante.

Isso reflete o aquecimento dos setores econômicos de Brusque, e a conclusão que se pode chegar, depois de analisar todos os dados, é que a economia da cidade continua forte e aquecida, mas com mudanças no perfil, tanto na questão de relações trabalhistas, quanto no dia a dia das empresas e suas relações comerciais.