Editorial: Uma Vila distante
Na terça feira, 18, o jornal O Município trouxe como matéria de capa o edital que a prefeitura está lançando para a nova divisão de espaços para a Vila Olímpica. Em 2015, quando o projeto foi apresentado, já havia sido feita uma divisão, mas de lá para cá não houve uma evolução do assunto. Com […]
Na terça feira, 18, o jornal O Município trouxe como matéria de capa o edital que a prefeitura está lançando para a nova divisão de espaços para a Vila Olímpica. Em 2015, quando o projeto foi apresentado, já havia sido feita uma divisão, mas de lá para cá não houve uma evolução do assunto.
Com este edital a prefeitura pretende formalizar o processo definindo quem tem interesse, por qual área e se tem os requisitos necessários para merecer um espaço.
O sonho de um lugar capaz de convergir vários eventos é antigo, mas ganhou corpo em 1992, quando o então prefeito Ciro Roza desapropriou o terreno da família Hoffmann e fez o pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, onde acontece a Fenarreco.
A partir deste marco, outras entidades começaram a ocupar os espaços no entorno, como o rodeio, o bicicross, o kart. A Arena Brusque veio depois para integrar a cena com eventos esportivos. Até a ideia de construir o estádio do Brusque naquela área foi cogitado pelo secretário de Planejamento da época, Alexandre Gevaerd.
Todo este complexo tem uma geração de eventos o ano inteiro e nos parece natural termos um lugar assim, mas desde a concepção deste local até a sua realização, uma longa estrada foi percorrida, dispendendo muito tempo, dinheiro e reuniões para acomodar todos estes interesses e obter consenso.
A Vila Olímpica é um sonho distante, difícil e demorado, mas que passa a ser parte importante na agenda do município
Agora que já se passaram mais de 26 anos e cada entidade já estava ambientada, com suas atividades e eventos consolidados, o governo municipal do prefeito interino Roberto Prudêncio Neto faz um péssimo acordo em relação à desapropriação que muda completamente esta realidade, deixando todas estas entidades literalmente sem chão.
Assim, depois de voltar à estaca zero, ganha força a ideia da Vila Olímpica, que até agora só tem de concreto um terreno e que ainda precisa ser regularizado para dar posse à prefeitura. Só a partir daí pode ser dado continuidade ao projeto.
Desta forma, se hoje temos como vantagem competitiva ter um espaço de eventos central, agora ele vai ser num bairro, o Bateas, mais especificamente na localidade da Volta Grande. Se hoje temos uma estrutura pronta com água, energia, estradas, acessos, etc, agora vamos ter só um terreno. Se hoje temos um consenso sobre o funcionamento e espaço de cada entidade, agora vamos ter uma enxurrada de dúvidas.
O atual governo municipal até se esforça para resolver este problema e tirar a Vila Olímpica do papel, mas os desafios que estão e vão se apresentar são grandes. Com o lançamento de um novo edital, uma nova realidade vai se apresentar. Como exemplo podemos pensar que, diante de novos critérios de seleção, novas entidades sem um interesse social maior possam se habilitar e algumas atuais fiquem de fora.
Em relação à infraestrutura também haverá embates. A prefeitura se compromete a fazer a estrutura básica, mas cada entidade terá que fazer a sua. Não seria mais apropriado ter um projeto integrado com aproveitamento de espaços comuns para estacionamento e banheiros, por exemplo, ou cada um vai ter o seu, consumindo espaços e recursos?
E, falando em recursos, terão as entidades fundos suficientes para fazer frente a estas construções ou vamos ter obras pela metade? Este assunto vem à tona pelo fato de que a maioria delas não tem fins lucrativos e muito do que foi construído até agora no complexo da Fenarreco foi de serviços e arrecadações voluntárias encabeçados por incansáveis e apaixonados por suas causas.
Brusque já sonhou com espaço comum multitemático e multieventos e conseguiu realizar seu sonho com o pavilhão da Fenarreco. Agora, depois do pesadelo do iminente despejo, precisa sonhar novamente com outro espaço, a Vila Olímpica. Não podemos correr o risco de ver entidades e eventos sumirem ou irem embora, como pode acontecer agora com a Fenajeep, indo para outra cidade ou mesmo com o Brusque Futebol Clube, indo jogar em São João Batista.
A Vila Olímpica é um sonho distante, difícil e demorado, mas que passa a ser parte importante na agenda do município, para não perdermos mais espaços tão preciosos na vida e no coração da cidade.