Editorial: Vida sem imposto
Esta semana entidades e empresas de Brusque iniciaram ações de engajamento ao movimento Dia da Liberdade de Impostos para chamar a atenção de nossa alta carga tributária, conforme publicamos ontem aqui n’O Município.
A iniciativa é louvável por tocar neste assunto que é vital para nosso país ainda mais em ano de eleições, em que vamos escolher os maiores caciques que governarão o país a partir do ano que vem.
Como o leitor já sabe, o brasileiro trabalha 153 dias somente para pagar impostos e por este motivo temos uma das maiores cargas tributárias do mundo abocanhando 32,38% do PIB (2016).
Mesmo com esta carga altíssima, o estado não consegue pagar suas dívidas e busca recursos emprestados. O Brasil está entre os 10 países com maior dívida pública do mundo, alcançando em 2017 o montante de R$ 3,55 trilhões.
Em contrapartida, o Estado não presta bons serviços públicos e ocupa o vergonhoso 79º lugar no ranking de desenvolvimento humano da ONU. Nossas carências vão em todos os serviços que são obrigatórios ao Estado como educação, segurança e saúde.
Na questão da infraestrutura também temos um enorme hiato a ser preenchido. Somente em nossa região podemos enumerar dezenas de grandes obras prioritárias que seguem sem perspectivas de serem feitas.
Assim, se o país arrecada tanto e ainda pega dinheiro emprestado, como não consegue atender minimamente o cidadão? Para onde vai tanto dinheiro?
A grande parte vai para pagar a previdência e o funcionalismo público ativo e inativo. O Brasil gasta mais com servidores do que a França, Estados Unidos e Portugal. E não pesa aqui só o inchaço da máquina pública, mas também as distorções salariais.
Um servidor público federal, por exemplo, tem uma média salarial 167% superior ao seu semelhante no setor privado. Esta situação é considerada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como fora do padrão dos 53 países pesquisados pelo banco mundial.
Se o brasileiro votar certo podemos vislumbrar não somente um dia ou uma semana sem impostos, mas um futuro com uma carga tributária melhor
Até as leis feitas para coibir este tipo de situação são fracas, como a lei de responsabilidade fiscal, pois prevê que o teto salarial possa ir até 54% da arrecadação, o que é um exagero.
Em Medellín, que hoje é exemplo de gestão pública, o gasto com a prefeitura é de apenas 14%. Um abismo em relação ao nosso sistema.
Desta forma, tão importante como perceber o volume de impostos que pagamos e a sua destinação será escolher os próximos candidatos. Não basta que sejam honestos, probos, sérios. Devem estar propensos a mexer neste abelheiro, criando leis e condições para diminuir emergencialmente esta máquina pública.
De nada adianta prometer mundos e fundos se o dinheiro grosso já está destinado para o funcionalismo e previdência.
Por hora ainda não apareceu nenhum candidato disposto a comprar esta briga, muito pelo contrário, estão ávidos por colocar seus asseclas também neste sistema e ainda posar de homem honesto, afinal inchar a máquina pública não é crime.
Sabemos que não há como viver sem pagar impostos mas podemos traçar novos caminhos que nos levem a uma redução e a uma melhor aplicação dos mesmos. Como falamos a eleição é um dos instrumentos mais valiosos neste sentido.
Se o brasileiro votar certo podemos vislumbrar não somente um dia ou uma semana sem impostos, mas um futuro com uma carga tributária melhor e mais bem aplicada permitindo ao Brasil respirar e tornar-se eficiente. Só depende de nossas escolhas.