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Editorial: Viramos todos nazistas?

Nesta semana teve grande repercussão em Brusque e no estado o caso da jornalista Giovana Madalosso, que publicou coluna na Folha de São Paulo mencionando ter vista “suposta saudação nazista” em telhado de casa em Urubici durante suas férias na Serra Catarinense. Ela se referia ao sobrenome Heil, encontrado nos telhados de algumas casas, cujos […]

Nesta semana teve grande repercussão em Brusque e no estado o caso da jornalista Giovana Madalosso, que publicou coluna na Folha de São Paulo mencionando ter vista “suposta saudação nazista” em telhado de casa em Urubici durante suas férias na Serra Catarinense. Ela se referia ao sobrenome Heil, encontrado nos telhados de algumas casas, cujos proprietários são Valmor e Sandra Heil, moradores do Cedro Alto, em Brusque.

Em seu artigo, a jornalista disse que palavra poderia estar relacionada à saudação nazista “Heil Hitler” (salve Hitler, em português). Essa alegação infundada gerou uma grande reação do povo catarinense. Inicialmente, a Câmara de Vereadores de Urubici emitiu uma nota de repúdio.

Nesta terça-feira, os vereadores de Brusque aprovaram também uma moção de repúdio à jornalista e à Folha. A iniciativa foi de André Batisti, o Deco (PL) e Jean Pirola (PP).

Trata-se de um grande preconceito, que precisa ser combatido. Começa-se a criar uma massa que acredita que os catarinenses são nazistas

Essa ação veio em conjunto a outras reações de entidades, da Assembleia Legislativa, de deputados federais e inclusive do governador Jorginho Mello, o qual escreveu uma carta repudiando o episódio, publicada aqui no jornal O Município.

O fantasioso texto da colunista gerou uma onda de solidariedade ao povo catarinense, sobretudo à família Heil, injustamente acusada de ser associada ao nazismo.

Sempre tivemos na Folha como uma referência de jornalismo e atuação, mesmo em momentos difíceis, mas parece que em alguns momentos a ideologia tem tornado cegos alguns jornalistas, que não fazem uma apuração correta. No exemplo citado, a pessoa se desloca até Urubici, vê um nome escrito nos telhados, não faz checagem mínima e cria suposições. Ou é um erro muito grave, ou, no pior dos cenários, há uma grande malícia por trás dessa matéria.

O que agrava a situação é que, mesmo depois que tudo foi esclarecido, a Folha demorou dias para assumir o erro e fazer o devido esclarecimento, e isso só foi feito depois de grande pressão da sociedade, e de forma bastante tímida.

No momento que se erra, o erro deve ser assumido. Essa postura relutante da Folha em admitir que a matéria era falaciosa é ruim para a comunicação, até por ser uma das empresas que fazem trabalho de checagem de notícias, inclusive de Fake News.

Precisamos lembrar que estamos em um estado com muitos sobrenomes alemães, e hoje essa correlação ao nazismo está ficando cada vez mais acintosa. O texto de Giovana Madalosso talvez tenha sido apenas um gatilho do que muita gente pensa fora do estado: que ter uma descendência alemã automaticamente nos ligue ao fascismo e ao nazismo.

Trata-se de um grande preconceito, que precisa ser combatido. Começa-se a criar uma massa que acredita que os catarinenses são nazistas. O pensamento de Madalosso é, na prática, o que muita gente também está pensando, devido à desinformação.

Não somos nazistas, como tentou rotular a jornalista. Temos sim um passado ligado à Europa, com costumes e tradições que vieram de lá muito antes da guerra, mas de forma alguma a nossa gente se coaduna com as práticas do nazismo.

Que este episódio sirva para que o resto do país veja Santa Catarina com justiça, que a imprensa nacional conheça e respeite nossas tradições, nossos sobrenomes que ajudaram e ajudam a construir este país. Que este ódio e preconceito externados na matéria possam ser punidos para evitar a criação de um estigma para nosso estado enquanto é tempo.