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Educação: política e pedagogia

Que os investimentos públicos em Educação no Brasil estão
muito aquém do necessário é fato que ninguém ignora. Sempre sobra dinheiro para
acomodar correligionários e protegidos, nos ministérios desnecessários e em
toda a sua cadeia de cargos de segundo e terceiro escalão, ou nas nossas
inúteis secretarias regionais. Mas a Educação tende a ficar no discurso. A
desmotivação é uma doença endêmica no nosso sistema educacional, e a carreira
docente está entre as últimas opções para os estudantes. Não faltam fatores
externos a atrapalharem a atividade do educador.

Mas quando a porta da sala de aula é fechada, são os fatores
pedagógicos que prevalecem. São as concepções de conhecimento e aprendizagem
que o educador formou para si que determinam o tipo de trabalho que deve ser
efetuado. Dados os resultados alarmantes quanto ao decréscimo da qualidade da
aprendizagem do estudante brasileiro, não podemos colocar toda a culpa na política.
Boa parte do fracasso, a meu ver, se deve a concepções pedagógicas equivocadas.

Num passado recente, éramos alfabetizados através do chamado
“método silábico”, com intermináveis exercícios. Era chato, mas o fato é que,
ao final do primeiro ano de estudo, era muito raro quem ainda não estivesse
alfabetizado. Ao final do segundo ano, lia-se com desenvoltura e escrevia-se
cada vez melhor, por conta dos ditados quase diários e dos livros obrigatórios.
Na quinta série do ensino fundamental eu já lia os livros da famosa “Coleção
Vagalume”. Da sexta à oitava já era a literatura clássica, com obras de José de
Alencar, Visconde de Taunay e Cia.

Depois alguém teorizou que a alfabetização silábica não era
boa, e novas teorias e métodos tomaram a dianteira. Atualmente, decidiu-se que
a criança não deve ou não precisa mais aprender a escrever com letra cursiva. A
meu ver, essa tendência está apenas tirando uma habilidade da criança.  Não querem aborrecer as crianças com o
aprendizado da caligrafia, mas eu não espero bons resultados disso no futuro. Para
mim, os métodos mais simples são muito mais eficazes. Mas estou aberto a mudar
de ideia, se alguém me explicar, de modo convincente, porque tantos alunos que
estão terminando o nono ano do ensino fundamental, em escolas razoáveis, leem e
escrevem pior do que eu na segunda série. Talvez seja preciso aborrecer mais as
crianças e cobrar mais delas, e não o contrário.

Há muito que se melhorar na política educacional, mas a
pedagogia também precisa fazer uma séria revisão dos seus métodos e princípios.