Estamos prestes a reiniciar o ano letivo. É aquele corre-corre: pais e responsáveis de “cabelos em pé” com os custos de início das aulas: material escolar, mochila, calçado, uniforme, e por aí vai. Passada a movimentação inicial, em poucos dias tudo voltará à rotina e a maioria das nossas crianças e jovens estarão novamente nos bancos escolares pois, como diz o ditado, lugar de criança é na escola. Mas que produto as nossas escolas estão formando?
É sabido que o número de matrículas cresce ano após ano. Consequentemente, o número de não alfabetizados vem caindo, muito embora 9% da população brasileira com dez ou mais anos de idade ainda fosse analfabeta em 2010 e o Brasil ainda possua a 8ª maior população mundial de adultos analfabetos.Tivemos crescimento na quantidade de anos de estudo desde 1971- quando o ensino dos 7 aos 14 anos passou a ser obrigatório e, aos poucos, o ensino superior foi se consolidando como um passo natural na formação do estudante. Agora, a “bola da vez” é a Educação à Distância – Ead, indicando que os sistemas escolares vêm investindo na busca de soluções para integrar as novas tecnologias no ensino e no aprendizado.
Apesar do crescimento da oferta na educação formal, se considerarmos quantidade x qualidade o Brasil está “mal na foto”. Dados divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apontam que, dentre os 76 países avaliados, o Brasil ocupa a 60ª posição em relação a qualidade de educação mundial. O programa avaliou jovens de 15 anos e mediu conhecimentos e habilidades que capacitam os alunos para uma participação efetiva na sociedade.
No que se refere ao uso das tecnologias no ensino e no aprendizado, nosso país deveria apresentar bons indicadores visto que, segundo o IBGE, quase 50% dos domicílios brasileiros tem acesso à internet e os jovens entre 15 a 17 anos são os que mais tem acesso, com mais de 75%. É um percentual “de respeito”! No entanto, resultados de outro estudo elaborado pela OCDE concluem que na avaliação das habilidades de navegar em sites e compreender leituras na internet, os alunos brasileiros estão nas últimas posições em um ranking de 31 países. Nada bom, já diria o mestre.
Considerando que o número de crianças e jovens na escola vêm crescendo e que o uso das novas tecnologias no ensino e no aprendizado foi intensificado, mas, ao mesmo tempo, verificamos que os brasileiros não estão capacitados para participar efetivamente na sociedade, talvez seja hora de uma reflexão mais atenta… Paulo Freire já dizia que “A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Para transformar alguma coisa, é preciso estar capacitado. A capacitação passa pela educação. E de quem é a responsabilidade da educação?
Não resolve exibir um Certificado de Conclusão. Ele – sozinho, pode até abrir portas de oportunidades, mas o que mantêm as oportunidades são os conhecimentos e as habilidades.
E se a escola não está dando conta do recado, onde está o problema? No poder público, na sociedade, na escola, na família? Ou será falta de compromisso de todos nós?
O que está feito, está feito para sempre! Mas ainda hoje podemos começar a transformação. Na nossa casa, na nossa escola, na nossa comunidade, na nossa cidade. É a mudança racional que começa em mim, que começa em você e que, no conjunto, produz a transformação que leva à qualidade na educação.
Então, “mãos à obra”: você faz a sua parte, eu a minha, e juntos transformaremos a sociedade!