Escola Governador Ivo Silveira comemora 50 anos de história em Brusque

Conheça alguns personagens dessa história

Escola Governador Ivo Silveira comemora 50 anos de história em Brusque

Conheça alguns personagens dessa história

A comunidade escolar do bairro Águas Claras está em festa. Neste ano, a Escola de Educação Básica Ivo Silveira completa 50 anos desde a sua fundação com esse nome.

A contribuição da escola para Brusque é imensurável. Milhares de alunos que passaram pelos bancos escolares hoje são advogados, médicos, jornalistas, professores e tantos outros profissionais.

Atualmente, o Ivo Silveira é uma escola de grande porte. São aproximadamente 1.150 alunos, distribuídos em 19 salas. Gerenciá-la é um desafio. Mas nem sempre foi assim. Quando foi inaugurada, a unidade era uma fração do que é hoje em dia.

História
O educandário do bairro Águas Claras começou em 1877, quando foi fundada uma escola alemã, numa pequena estrutura de madeira. Por 40 anos, a unidade permaneceu desta forma, como era comum no início da colonização do município.

Em 1917, a escola alemã passou a pertencer ao governo do estado. Daí em diante, a unidade adotou outros nomes ao longo das décadas: Escola Reunida Professor Flodoardo de Cabral e Escola Reunida Norma Ribas Pessoa.

Já na década de 1960, a população de Brusque começou a crescer exponencialmente. Era um período em que a indústria têxtil ia de vento em popa. Muitos migrantes desembarcaram na cidade em busca de emprego na indústria, que pagava mais do que no meio rural.

Zélia Turnes Paoli, 84 anos, já dava aulas e era diretora na escola Norma Ribas Pessoa. Ela conta que a estrutura estava pequena e era preciso expandir. Por isso o governo estadual resolveu construir uma nova estrutura.

Assim nasceu o Grupo Escolar Governador Ivo Silveira, inaugurado em 24 de março de 1968. O próprio governador Ivo Silveira esteve presente no evento inaugural.

Quem leu um texto para o governador naquela época foi o estudante Guilherme Marchewsky, hoje professor e ex-vereador.

Uma curiosidade é que Adelina Zierke, que dá nome a uma escola municipal, trabalhou por anos na Norma Ribas Pessoa.

A primeira diretora

Dona Zélia Turnes Paoli tem 84 anos, mas ainda é ativa. Para a entrevista, foi até a escola dirigindo sozinha. Ativa, a senhora falou com desenvoltura e relatou o carinho que tinha pelos alunos.

EEB Ivo Silveira/ Divulgação

Dona Zélia foi a primeira diretora do grupo escolar, na época com apenas quatro salas. De Santo Amaro da Imperatriz, mas nascida na maternidade em Florianópolis, ela diz que foi uma grande honra ter a presença do governador Ivo Silveira na inauguração, pois ele era amigo do pai dela e conterrâneo florianopolitano.

A senhora trabalhou primeiro na cidade de Luiz Alves, por quatro anos, para depois ir trabalhar na escola Norma Ribas Pessoa. Ela nem sabia o caminho e hospedou-se na casa de uma senhora conhecida como Nina.

Passou a acumular funções e em pouco tempo era diretora da escola. Quando a nova unidade foi inaugurada, dona Zélia foi transferida para o Ivo Silveira e ficou na direção por quase 10 anos.

Apesar de ter sido diretora por muitos anos, e até hoje é reconhecida por isso, dona Zélia sempre gostou mesmo da sala de aula. Lecionava para o primário e envolvia-se com os alunos. Levou-os várias vezes para casa, na época em que o transporte era precário.

“Eu tinha ciúmes dos meus alunos. Uma época, estive doente. Fiz uma promessa que pagaria um ônibus para levar todos a Angelina se não precisasse operar. Até hoje não fiz a cirurgia, eu nunca iria deixar meus alunos. Era fim de ano, e tinha ciúmes deles”, conta dona Zélia.

Diretora que marcou época

Dona Iara Alves Paganelli, 66 anos, é ainda hoje reconhecida pela comunidade escolar de Águas Claras. Não à toa. Ela trabalhou por 32 anos na unidade e ocupou vários cargos, até o de diretora por seis anos.

Foram 23 anos em sala de aula, para depois assumir cargos administrativos. Ela lecionou para os pequenos, na alfabetização. A paixão sempre foi por ensinar e pelo carinho que as crianças depositam no professor.

Dona Iara era reconhecida pelo seu carro. Ela relata que na época em que era professora e diretora, alunos e colegas de trabalho sabiam que estava chegando só pelo ronco do motor do seu Chevette SL, ano 1981.

Dona Iara foi diretora do Ivo Silveira entre 1996 e 2002. Os desafios foram muitos, mas ela lembra com carinho desse tempo. Mesmo aposentada, é muito ativa junto com a escola. A professora é membro da Associação de Pais e Professores (APP).

Ela não é mãe de aluno, mas a sua participação na APP foi aprovada em assembleia geral, conforme estatuto. Dona Iara é “pau para toda obra” e ajuda no que for preciso. Apesar de não ter obrigação, acompanha de perto o desenvolvimento da escola que foi sua casa por mais de três décadas.

No entanto, dona Iara não conseguiu ficar longe da educação. Depois de se aposentar, ela fez novo concurso e agora é assistente técnico-pedagógico na Escola Básica Municipal Professor Carlos Maffezzolli, em Guabiruba.

“Meu ingrediente principal na minha carreira foi o DNA, porque minha mãe e minhas tias eram professoras. Naquela época, a mulher ou era professora ou cuidava das famílias. Fui pegando gosto, não consigo me ver fazendo outra coisa, tanto que ainda estou aqui”, conta.

Uma vida ligada ao Ivo Silveira

Alcindo Testoni, 45 anos, tem forte ligação com o Ivo Silveira. Ingressou na escola em 1980, como estudante. “Dona Iara foi minha professora de primeiro ano, e a dona Zélia, de segundo ano”, conta.

Quando se formou, Testoni não se desligou da escola. A convite da diretora da época, passou a ser professor em 1991, primeiramente, de Ciências, do 5º ao 8º ano. Depois, graduou-se e hoje dá aulas de Química e Física.

São 27 anos como professor. Mas se contar o tempo como aluno, Testoni  está há praticamente 38 anos no Ivo Silveira. “Alguns momentos, a gente vive mais aqui do que em casa, porque sai às 10 da noite e às 7h30 já está aqui de novo. Até brincamos que é só trazer a cama para ficar aqui”, comenta.

Ao longo deste tempo, Testoni também foi diretor. Em 2005, ele era diretor-adjunto, mas o diretor-geral saiu em março. Coube-lhe a tarefa de tocar a unidade até o fim do ano. Porém, a paixão pela sala de aula falou mais alto e ele voltou a ensinar.

Testoni escolheu a profissão por influência da mãe. Era merendeira da escola no bairro São João, por isso desde pequeno ele frequentou os ambientes escolares. Quando teve idade, não titubeou e optou pela licenciatura.

Os desafios da educação moderna

Bibiana Cilena de Simas, 46 anos, é a atual diretora. Ela ocupa o cargo desde 2012, mas sua relação com o Ivo Silveira começou em 2001, depois que passou no concurso para ser professora do estado. O único ano que permaneceu fora foi em 2011, quando trabalhou na EEB Monsenhor Gregório Locks.

A partir de 2012, Bibiana assumiu a direção, por indicação. Em 2015, foi realizada eleição e ela acabou eleita com uma larga vantagem. O mandato vai até 2019.

Durante quase 20 anos no Ivo Silveira, Bibiana atravessou período difíceis. Como em 2009, quando o novo prédio foi inaugurado. Devido à obra, as aulas ocorreram no salão da igreja e no Caic do bairro, o que se provou um desafio.

Com quase toda a carreira dedicada à escola do Águas Claras, Bibiana ainda lembra de vários alunos para quem ensinou, mesmo tendo deixado os bancos escolares há anos.

Ainda que seja diretora há seis anos, ela diz que a sala de aula é a sua paixão. “Fazemos a diferença porque todas as profissões passam pelo professor. Temos o poder de fazer o bem para o aluno. Olhar no olho, como diz a dona Zélia, e transformar. Tenho um orgulho muito grande de aprender com pessoas como a dona Iara, que para mim é mais que amiga da escola, ela é parceira”.

EEB Ivo Silveira/ Divulgação

Desafios
Ser diretora hoje em dia é bastante diferente da época de Dona Zélia. Há uma infinidade de regras e leis a serem seguidas por escolas, pais e professores.

“A educação de casa está diferente, infelizmente. Temos que trabalhar com os pais essa questão de educação, porque é muito difícil. Qualquer coisa, os pais vêm reclamar e o aluno que tem razão. Temos muitos bons, que acreditam na escola e na educação, mas tem alguns que acham que a escola tem que resolver os problemas”, comenta Bibiana.

A diretora diz que não existem grandes investimentos previstos para breve. Mas ela espera que haja mais suporte pedagógico por parte do estado, pois hoje há apenas uma funcionária para esse fim.

Bibiana faz questão de agradecer ao empenho de suas assessoras de direção: Kelly Cristina Piva e Mônica Maria Luiz.

Comemoração
A escola realizou uma festa de comemoração em março. A diretora diz que nem todos puderam ser convidados devido ao espaço e às limitações.

Haverá, no próximo dia 20, no República 41, um baile pelos 50 anos da escola. A partir das 20h, terá desfile para a escolha do garoto e da garota Ivo Silveira, e a partir das 23h terá música.

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