Dizer que o mundo em que a gente vive está mudando é praticamente uma declaração ridícula. Impossível ignorar a quantidade de mudanças tecnológicas e comportamentais que vivemos e estamos vivendo nos últimos anos. Impossível, também, tentar a se agarrar a todos os valores válidos até agora. Não tem como se manter no mesmo lugar, com a mesma visão de mundo. Certo?
Isso, veja só, tem que valer também para “novidades” como a Netflix. Mas ninguém ainda deve ter contado isso para o grande Steven Spielberg. Depois do “efeito Roma” do último Oscar, o diretor acha que filmes feitos para serviços de streaming deveriam ficar fora da premiação exclusiva do cinema e ficar nos domínios do Emmy, que premia produções realizadas para a TV.
Entre seus argumentos, o de que as produções Netflix não respeitam a janela de exibição em cinema e versão doméstica. E também a liberação horizontal para todos os países.
Soa mal. Soa como a tentativa de manutenção de um território familiar, mesmo que pisoteando os pés da lógica. Netflix não é TV. Um filme original Netflix não é um filme televisivo, em termos de orçamento e de técnica. Justamente pensando em Roma, a produção não parece ser em nada diferente do que é realizado pelos estúdios convencionais, a não ser em termos de raciocínio de lucro – não dependendo dos ingressos do cinema.
Spielberg, você é o cara. Mas vai precisar, rapidinho, dar um novo olhar à nossa nova realidade e, sem dúvida, até dar um jeito de participar dela. Porque existem coisas que, depois de modificadas, não voltam mais. Não se adaptar é um suicídio cultural. E não podemos, de jeito nenhum, permitir que você faça isso!