“Ele está arrependido”, diz advogado de adolescente que atirou no próprio pai em Brusque
Jovem diz que não sabe o que o motivou a cometer o crime
Jovem diz que não sabe o que o motivou a cometer o crime
O adolescente de 14 anos que atirou no próprio pai em Brusque não sabe dizer o que o motivou a cometer o crime. “Ele está arrependido”, diz o advogado Ismael Grein. O crime ocorreu na quinta-feira, 20, no bairro Bateas. O homem segue internado em estado grave, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o advogado, o jovem tem saúde mental de alto risco e faz acompanhamento psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) desde os oitos anos de idade. As consultas sempre foram realizadas semanalmente ou a cada 15 dias.
Grein diz que é a mãe quem geralmente leva o adolescente para os atendimentos, já que o pai acharia desnecessário.
Segundo o delegado Alex Bonfim Reis, que deu detalhes sobre o crime, o adolescente teria provado o sangue do pai. Para a defesa, essa informação não procede. “Foi uma pitada de dramaticidade que deram que não ocorreu”, diz o advogado.
Para montar a defesa, Grein explica que vai apresentar o contexto familiar em que o adolescente vivia. Os pais estão separados há alguns anos e segundo o advogado há registro de boletim de ocorrência no dia do divórcio, dizendo que o homem teria ameaçado a mulher e o filho de morte.
A guarda é da mãe, mas há alguns meses ele vivia com o pai, para ter mais contato com os amigos e familiares que vivem no bairro. O advogado diz que o jovem relata que também não voltava para a casa da mãe porque o pai o ameaçava dizendo que ia “acabar com ele”.
Conforme relata Grein, as brigas entre pai e filho eram diárias e geralmente por motivos banais. “O contexto familiar era um turbilhão”. Portanto, acredita que ele pode ter sido motivado por uma série de acontecimentos. “O que me leva a crer é que de repente chegou a um limite”.
Ele diz que o adolescente tem lembranças do pai batendo nele e na mãe quando tinha dois anos de idade.
A arma utilizada no crime era do pai do adolescente. O advogado conta que ele tinha mais de uma e que o jovem era responsável por limpar estes armamentos.
Outra informação repassada é que o pai seria usuário de drogas. “O que ele fala é que o pai, fazendo uso de drogas, ficava muito alterado, tanto que ele tinha que sair para casa da madrinha, tios”.
Após a audiência de custódia desta quinta-feira, 27, o adolescente será levado ao centro de internação provisória em Itajaí ou Blumenau. O advogado ainda não foi informado onde o jovem ficará.
O objetivo da defesa é garantir o tratamento do adolescente e provar que a saúde mental dele está em risco. “Eu parto do seguinte princípio: que ele seja assistido de uma forma mais intensa para que seja avaliado por um psiquiatra e que o tratamento dele não seja interrompido, seja qual for a decisão do juiz”, diz Grein.
O advogado vai pedir para que o adolescente seja assistido em liberdade, ou seja, para que fique na casa da mãe e continue recebendo atendimento psiquiátrico.
“A defesa não está compactuando com a atitude dele. Só que é necessário entender o que levou ele a fazer isso. Não vou entrar no mérito de legítima defesa porque de fato não é”, pontua.
Ao apresentar a defesa, o advogado deve solicitar um exame psiquiátrico, para que o laudo conste nos autos.