Eleição à presidência gera desconforto na base governista de Guabiruba
Escolha de Felipe Eilert dos Santos estava acertada com o PP, mas articulações nos bastidores ameaçam poder governista
A eleição de um vereador do PT para a presidência da Câmara de Guabiruba, em votação a ser realizada no dia 16, parecia certa, contudo, a oposição trabalha nos bastidores para minar este plano da base governista e a relações estão estremecidas. Ontem, o presidente do parlamento, Waldemiro Dalbosco (PP), concedeu entrevista coletiva na qual fez um balanço do seu período na presidência, que se encerrará no dia 31 de dezembro, e falou da sua sucessão.
De acordo com Dalbosco, a presidência deverá ficar no grupo político que dá apoio ao governo de Matias Kohler (PP). “Certamente, este grupo vai manter a mesa diretora para dar sustentação ao programa de governo do prefeito”, disse. O presidente foi cauteloso e não quis citar o nome de seu sucessor, que deverá ser Felipe Eilert dos Santos (PT).
Quando Dalbosco assumiu a presidência da Casa, em 2012, logo após ser o vereador mais votado, foi feito um acordo de cavalheiros no qual o PP assumiria o comando inicialmente e o PT ficaria com o segundo biênio (2014-2015).
Porém, especula-se nos bastidores que uma manobra da oposição pode colocar Valdeci Ferreira, o Boiadeiro, (PDT) na presidência acabar com este acerto – o que geraria uma reviravolta em um processo que estava praticamente consolidado. Boiadeiro é da base, mas está sendo assediado pela oposição.
Santos diz que anunciará na próxima terça-feira, 9, a sua pré-candidatura à presidência. “Nas últimas conversas que tive até agora, este acordo está mantido”, afirma ele. Contudo, o petista adverte que se a eleição dele não ocorrer como o planejado, poderá haver consequências políticas. “Se não acontecer, provavelmente, as relações políticas serão renegociadas a partir deste momento. O PT vai sair da coligação e ficar independente, eu vou ser o Pirola daqui. Assim como ele, vou sair do governo e ser independente e minha votação será de acordo com minha vontade”.
Segundo informações do vice-prefeito Valmir Zirke (PT), a permanência ou não de Boiadeiro está condicionada a um acordo que ele possui para a permanência de alguns cargos indicados por ele na Câmara. Se este acerto for aceito pelo sucessor na presidência, então ele deve manter-se na base governista.
Zirke diz que se reuniu com os vereadores e deu garantias de que os cargos indicados por Boiadeiro serão mantidos. “Acredito que o acordo será mantido, até porque o PT ficou com menos secretarias porque ficaria com a presidência da Câmara. Não vejo a possibilidade de não acontecer, estamos muito tranquilos”, afirma o vice.
Boiadeiro diz que não está querendo desestabilizar e que apensas quer uma cidade melhor. “Quero o melhor para Guabiruba, tem negociação dos dois lados. A minha palavra está de pé”, diz ele. O vereador diz que se não concordar com o candidato apresentado votará em branco. “Eu deixo espaço para quem é mais preparado do que eu. Se não houver palavra, voto em branco”, afirma.
Balanço
Na coletiva de imprensa, Dalbosco destacou com um dos principais feitos da sua gestão o respeito ao regimento interno da Casa. Segundo ele, na legislatura anterior era comum que se desrespeitasse o tempo regimental para cada vereador usar a tribuna. “Nunca me esqueço da vez que um vereador falou na tribuna por 40 minutos”, afirmou.
Uma das medidas adotadas pelo presidente foi aumentar o tempo regimental de cada sessão para três horas. Ele também mudou as normas para o uso da tribuna. Dalbosco também destacou a transparência da Câmara de Guabiruba. “O carro da Câmara nós praticamente não usamos, celulares foram desabilitados e os gastos com diárias é praticamente inexistente. Nós fizemos o máximo para dar transparência e evitar gastos”, diz ele.