Eleições 2016: Entrevista com o pré-candidato a prefeito de Brusque, Gustavo Halfpap
"A maior obra da atual gestão é ter trazido saudade da nossa gestão" diz Halfpap
Um dos homens de confiança do ex-prefeito Paulo Eccel durante seus cerca de seis anos de governo, Gustavo Halfpap já atuou em diversas funções no gabinete e nas áreas orçamentárias da Prefeitura de Brusque. Durante anos, também foi o responsável por defender os projetos do governo na Câmara de Vereadores.
No começo do ano, surpreendeu a ser lançado como pré-candidato do PT à prefeitura, mesmo sem nunca ter disputado nenhum caso eletivo. Nessa entrevista, Halfpap, pré-candidato que representa o projeto de continuidade da gestão Paulo Eccel, fala sobre a sua visão da cidade e sobre propostas de campanha.
Município Dia a Dia: Por que quer ser prefeito?
Gustavo Halfpap: Temos um poeta na nossa região, o Lindolf Bell, que tem uma frase bastante significativa: “menor que o meu sonho eu não posso ser”. Não que tivesse o sonho de ser prefeito, mas sempre tive o sonho de participar de uma gestão realizadora. Tive essa experiência recentemente e fui desafiado a continuar esse trabalho. Julgo-me preparado em razão da minha experiência, da minha formação profissional, e principalmente em razão dos compromissos que nós defendemos, que é a causa gestão responsável, a causa da justiça social, da cidade bem cuidada para os nossos cidadãos que pagam seus tributos. Tenho familiaridade com a questão administrativa e com a questão política. Penso que temos que defender o nosso legado, temos algo apresentar à comunidade brusquense.
Município: Detalhe alguma de suas propostas principais de campanha.
Halfpap: A cidade tem que ter ousadia para realizar todo o potencial que pode realizar, não podemos nos contentar com pouco. Temos que ter planejamento, no sentido de prever as consequências de nossas decisões. E temos que ter sustentabilidade. No momento de crise ela é importante. Trabalhamos com planejamento e programa nesses seis anos. Em razão da interrupção do mandato, deixamos muitas coisas encaminhadas que não foram concluídas, parcela da nossa ação fica vinculada ao que está inconcluso. Temos ações importantes no horizonte, que são os prolongamentos da Beira Rio, temos o anel viário, no sentido de abrir uma nova área de expansão industrial. A manutenção da nossa cidade, com os cuidados mínimos que a gente hoje não vê na cidade. A nossa marca deve ser a qualidade de vida, que se dá com emprego, com saúde de qualidade. Penso que já mostramos que isso é possível e queremos voltar a ter na nossa cidade.
Município: O que acha da administração Prudêncio?
Halfpap: Eles agiram como uma criança que ganha um brinquedo e não lê o manual. Tinham uma expectativa que não se realizou. A gestão é complexa, não é o momento atual de crise que pode justificar qualquer falta de ação deste governo. Eles não agiram com responsabilidade, descontinuaram uma série de ações, promoveram uma mudança geral nos quadros. Eles desarrumaram o que funcionava, e não apontaram o novo rumo. Parece que não tomaram gosto pela coisa, até pela própria ausência do prefeito em algumas ações. Brusque, no atual estágio, exige prefeito em período integral. Essa gestão que nos sucedeu não assumiu com a responsabilidade que o município requer.
“A gestão é complexa, não é o momento atual de crise que pode justificar qualquer falta de ação deste governo. Eles não agiram com responsabilidade”
Município: Como governar sem ficar refém dos partidos?
Halfpap: Essa relação com o Legislativo, sempre procuramos fazer com bastante liberdade e autonomia. Em todos os projetos que encaminhamos eu era designado para fazer reuniões com nossa bancada, buscando explicar as consequências. Vamos ter um programa de governo, e os partidos que aderirem vão ter o comprossimo de realizar esse programa. Numerosas vezes estive nas bancadas da Câmara explicando os projetos do governo, nem sempre com sucesso, mas sempre com transparência e diálogo. A sociedade, em razão da informação que tem, também deve se manifestar, acho importante a pressão social. A transparência, o diálogo e a adesão a um programa de governo são a forma de não ficar refém de um partido ou de um legislador.
Município: Qual o principal problema da cidade hoje?
Halfpap: Hoje, de imediato, temos que retomar os pequenos cuidados com a cidade, ela está com aspecto de abandono por falta da manutenção ordinária. Também nos ressentimos sobre a prestação de outros serviços essenciais, há falta de medicamentos, médicos, postos com atendimento restrito. A merenda escolar também ouvimos muitas reclamações, nós recebemos inclusive um prêmio como referência na merenda escolar. Hoje as pessoas fazem a comparação e se ressentem, alguns serviços essenciais tem sido mal supridos.
Município: Como você vê a ideia de reduzir secretarias?
Halfpap: Eu considero que todas as secretarias têm funções importantes. No entanto, sempre há possibilidade de se readequar a estrutura administrativa. É de praxe fazer uma reforma em todo início de governo, até para adequar a estrutura ao perfil do gestor e à capacidade da gestão. Vejo com bons olhos a redução de algumas secretarias, não gostaria de adiantar quais, mas é uma medida necessária na atual conjuntura. Eu critico a fórmula que está sendo proposta. A exemplo de fundir Fundema e Zoobotânico. É evidente que a Fundema tem caráter fiscalizatório, e o Zoo é um equipamento turístico, não tem qualquer afinidade. É um equívoco. Desenvolvimento Econômico e Turismo também não vejo afinidade. O Turismo tem cumprido seu papel na realização de eventos, enquanto a outra secretaria está mais vinculada ao fomento de estabelecimento de novas empresas, não são compatíveis. Agora, reafirmo que há possibilidade de aglutinamento de secretarias e sou favorável a essa ideia.
Município: Como a saída de Paulo Eccel impacta a campanha?
Halfpap: Confio que o prefeito Paulo tenha deixado um legado que seja reconhecido pela comunidade, por isso fico bem à vontade de defender esse legado na proxima eleição. A população, ao comparar nosso estilo com o interino, vejo que isso nos favorece. E também há um sentimento de injustiça, porque de fato é o único prefeito do Brasil cassado pela causa que o tribunal alega. A maior obra da atual gestão é ter trazido saudade da nossa gestão. As pessoas agora comparam. A gestão é desgastante por natureza, não atende adequadamente, erra. Agora com a comparação as pessoas dizem: “poxa, antes a gente reclamava mas agora está pior”. Isso nos favorece.