ilustração para textos de Heloisa e Pedro
ilustração: freepik

Um dos assuntos mais polêmicos no decorrer da semana foi o novo ministério do novo presidente Michel Temer. Composto por 23 indivíduos: todos homens. Todos brancos. Todos heterossexuais. Mais 1/3 investigado ou já condenado por corrupção. E aproximadamente a metade (11), já foi ministro durante o governo de Lula, Dilma ou FHC. Irônico, não?

Numa época como a que nos encontramos, em que se busca cada vez mais representatividade e igualdade, isso é, no mínimo, errado. Pelo que vejo nas redes sociais, muitas pessoas não entenderam o propósito da polêmica. Vou explicar: primeiramente, não queremos corruptos nos representando (o que é mais irônico ainda, pois o próprio Michel Temer é investigado por corrupção); o apelo não era para que escolhessem ao acaso qualquer mulher, homossexual ou negro para ser ministro. A crítica é que existem mulheres, homossexuais e negros muito mais capacitados a ocupar um cargo público do que os ministros escolhidos por Temer. Escolher um negro também investigado por corrupção ou sem nenhuma noção de política, por exemplo, seria tão inaceitável quanto; além disso, um grupo de homens não sabe como uma mulher se sente (falo agora por ser mulher). Pode sentir empatia, mas não passa o que uma mulher passa. Por exemplo: o medo de que algo a aconteça na rua, levando em consideração os incontáveis estupros e homicídios praticados diariamente. Não que os homens também não tenham preocupações ao saírem. Mas as mulheres estão muito mais sucessíveis a estupros do que os homens, por exemplo. Não me sinto representada quando vejo a foto de Michel e seu ministério.

Enquanto as mulheres são cada vez mais retiradas da política, uma matéria de uma revista exalta as companheiras dos novos ministros por estarem “roubando a cena com sua beleza”. Afinal, é para isso que mulher serve, né?

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Heloísa Wilbert Schlindwein – 16 anos – terceirão