Em 12 hectares, família Avi segue rotina da fumicultura nos limites de Botuverá
Pai e filho reservam tempo para conversar sobre rotina e desafios do trabalho em 12 hectares
“No início, meu vô não plantava fumo, era mais agricultura. No início da vida do meu pai era milho, feijão, vendia porco. A primeira estufa é de quando eu tinha sete anos, isso faz 57 anos”, lembra Paulo.
O trabalho começa logo ao amanhecer, e termina só quando já está escuro. Na época da plantação e da colheita de fumo, o dia é quase todo tomado pela fumicultura: 4h30 é o horário de acordar, e a hora de dormir varia entre 20h30 e 22h. Dezembro, janeiro e fevereiro são os meses mais movimentados. Em abril, maio e junho, os canteiros são preparados e podados, e o plantio vai até agosto.
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Em maio e junho, é a vez de milho e feijão serem colhidos, com a próxima safra já sendo preparada. São os únicos produtos que a família Avi vende, além do fumo e dos leitões. Alho, batata-doce, tangerina, aipim, batata e outros vegetais são cultivados para consumo próprio.
Seis pessoas cuidam de tudo, mas existe uma troca de ajudas entre vizinhos da comunidade. Para dar conta da produção, que está em uma crescente, um dos filhos de Paulo, Paulo Vitor, constrói uma quarta estufa para a secagem de fumo e milho, e feijão, quando necessário.
Aos 33 anos, Paulo Vitor é um dos herdeiros do trabalho da família Avi. Fez questão de permanecer na terra, com uma decisão que levou tempo para o pai aceitar. “Pretendo tentar [seguir a tradição], né, hoje não é fácil, mas é o que nós queremos, pra nós tá bom aqui. Nunca gostei de cidade. Sou acostumado”, comenta.
“Eu fui embora em 74 e voltei em 81, morei em Joinville”, conta o pai. “É difícil, muitas famílias vão embora por falta de espaço, de chance de crescer um pouco. A família cresce, o espaço é sempre o mesmo. Com a primeira safra de fumo que ele plantou, eu mandei ele comprar um terreno onde ele, hoje, tem uma casa alugada.”
Se normalmente é possível sair para a cidade em uma frequência que varia de duas vezes na semana a duas vezes no mês, o período de colheita do fumo impede qualquer descanso. O Natal é um dia com agenda cheia. “Nem dá para ter visita”, comenta Paulo Vitor. “Agora vou passar uns dias em Gramado, no Rio Grande do Sul, mas é um negócio programado há muito tempo. Geralmente é coisa de uma vez por ano.”
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