Em 13 anos, 61 pessoas desapareceram em Brusque e região
Levantamento feito pela DPPD aponta que 22% dos desparecimentos foram registrados nos últimos 20 meses
Entre 2002 e 2015, 61 pessoas desapareceram em Brusque e região. Só nos últimos 20 meses foram 14. Esses números estão no levantamento oficial feito pela Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD), de Florianópolis, a pedido do Município Dia a Dia. Esse relatório mostra que entre 2014 e 2015, uma criança, três adolescentes, quatro homens e cinco mulheres tiveram o desaparecimento registrado, além de outras pessoas, as quais, segundo os registros, não tiveram o sexo informado.
O relatório mostra um aumento no número de desaparecimentos em 2014 e neste ano. Até 2013, a DPPD registrou 47 desaparecimentos na nossa região. Como de 2014 até o começo de agosto de 2015 foram registrados 14 desaparecidos, isso representa que 22,9% dos casos de desaparecimento dos últimos 13 anos ocorreram nos últimos 20 meses. Na prática, contudo, os números podem ser maiores. Isso porque a DPPD foi criada apenas em 2013 e, a partir de então, começou a compilar os casos de desaparecimento.
O delegado da DPPD, Wanderley Redondo, afirma que, apesar do número alto, em comparação ao total de desaparecidos nos últimos 13 anos, nem sempre os casos resultam em situações graves. “Aqui no estado temos uma incidência alta de desaparecimento de adolescentes, por exemplo, mas geralmente isso está atrelado à discussão com familiares, que acabam fazendo esse menor fugir ou ficar muito tempo sem dar notícias”.
Nos últimos meses, dois casos como esse chegaram à Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), envolvendo o sumiço de duas adolescentes, uma de 16 e outra de 14 anos, mas elas reapareceram poucos dias depois e passavam bem.
“Não são comuns casos de desaparecimento aqui em Brusque, mas quando se trata de adolescentes, quase sempre eles retornam para casa. Cheguei aqui há pouco tempo e até hoje os casos de pessoas que desaparecem acabam se resolvendo antes mesmo de começarmos a investigação, no dia seguinte ou na mesma semana. Acredito que a divulgação das imagens dessas pessoas na imprensa e nas redes sociais também ajudam bastante na localização delas”, analisa o delegado da Dpcami, Ricardo Marcelo Casarolli.
O mesmo acontece nos casos de abandono do lar, onde o homem ou a mulher sai de casa e, preocupados com a situação, familiares vão até a delegacia para registrar a ocorrência, acreditando que a pessoa possa ter sido raptada ou vítima de algum crime. Redondo revela que desde 2002 foram registrados em Santa Catarina 18,3 mil desaparecimentos. Destes, mais de 13 mil pessoas retornaram aos seus lares, só que muitos destes casos não fizeram um novo Boletim de Ocorrência registrando o reaparecimento da pessoa.
O processo de investigação
Todos os casos de desaparecimento são investigados pela Polícia Civil. Segundo o delegado Ismael Gustavo Jacobus, na maioria dos casos de desaparecimento registrados na comarca de Brusque, a pessoa acaba reaparecendo pouco tempo depois, muitas vezes no dia seguinte, antes mesmo do início das investigações.
Se o caso se estende e a pessoa não aparece e não entra em contato com a família, o trabalho da polícia abrange a reconstituição dos passos do desaparecido, entrevista com pessoas que tiveram contato com ele e a divulgação das imagens em redes sociais e órgãos de imprensa, que pode auxiliar na localização da pessoa.
O delegado Casarolli alega que é fundamental que as pessoas que registrem esse tipo de ocorrência levem à delegacia uma foto recente do desaparecido, assim como as características físicas dele, incluindo tatuagens e cicatrizes que a pessoa possa ter.
A investigação é comandada geralmente na comarca onde foi a ocorrência foi registrada, porém a DPPD auxilia no trabalho das delegacias locais. O delegado Redondo destaca que qualquer informação pode ser muito importante para o trabalho de investigação e, mesmo quando a pessoa reaparece, é preciso que alguém vá à delegacia registrar o reaparecimento da pessoa.