Atividade de pequenas empresas conseguiu segurar reflexos da crise econômica de 2008 em Brusque
Grandes indústrias têxteis foram mais afetadas, porém, pequenas e médias empresas mantiveram economia da cidade nos eixos
A crise foi iniciada nos Estados Unidos, quando os bancos concederam empréstimos a juros baixos para a população financiar a compra de imóveis, mesmo para aqueles que não tinham renda suficiente para quitá-los.
A facilidade de crédito fez a procura pelos imóveis crescer rapidamente e, com isso, os preços foram subindo. A consequência foi a chamada bolha imobiliária, pois as pessoas financiavam imóveis a um preço muito acima do que eles realmente valiam.
Os bancos, então, passaram a aumentar a taxa de juros dos empréstimos e, por isso, muitas pessoas não conseguiram mais pagar as parcelas. Os bancos, por sua vez, não tinham mais dinheiro para realizar as operações. Foi aí que a crise começou.
Esta situação motivou a queda no consumo, diminuição dos lucros e demissões em massa. Tudo ficou ainda pior, com a quebra do banco Lehman Brothers, fundado em 1850.
Não demorou muito para que o problema se espalhasse para outros países com o aumento dos juros e do dólar, e a queda das bolsas de valores mundialmente.
Algumas economias sentiram os efeitos mais rapidamente, outras foram pegas ao longo do tempo. Foi o caso do Brasil. Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a ficar negativo, mas em 2010, a economia conseguiu reagir. Naquela época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a crise seria uma “marolinha” no país.
Presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr) na época, o empresário Aliomar Luciano dos Santos lembra que as empresas tiveram dificuldades diante da crise mundial.
“As empresas de Brusque tiveram de lidar com um mercado extremamente competitivo, com os preços baixos demais, fez com que todo mundo puxasse o freio”.
Para a atual presidente da Acibr, Rita Cassia Conti, o mundo todo sentiu reflexos negativos daquela crise. Em Brusque, porém, ela avalia que as grandes empresas têxteis, como a Renaux, Schlösser e Buettner foram as mais afetadas.
Foi uma crise muito severa para as grandes empresas, mas mesmo assim, não sentimos tanto os efeitos porque a mão de obra acabava sendo absorvida por outras empresas menores, principalmente no setor têxtil e de confecção
“Foi uma crise muito severa para as grandes empresas, mas mesmo assim, não sentimos tanto os efeitos porque a mão de obra acabava sendo absorvida por outras empresas menores, principalmente no setor têxtil e de confecção, essa é uma grande característica de Brusque. Não dependemos apenas de uma indústria, mas de todo um polo. Tivemos uma queda, claro, mas não como nos grandes centros e em outros países”.
O economista Roberto Zen destaca que 2008 gerou mais uma crise de confiança nos mercados do que propriamente uma paralisação das atividades. “Muitos negócios não se enxergavam naquela crise americana aqui no Brasil”.
A sensação era de que o país havia passado em branco diante dos problemas que afetavam a economia de muitos países pelo mundo naquele período.
Por aqui, Santos lembra que havia pleno emprego, sendo que muitas empresas precisavam buscar mão de obra em outras cidades. A tranquilidade, entretanto, durou até 2013. Em 2014 tudo se reverteu e, aí sim, as dificuldades começaram a aparecer.
“Em 2013, a crise começou a dar sinais de que alcançaria o Brasil e em 2014 veio forte. Muito desemprego, o capital estava raro. Os mercados se retraíram e houve crescimento das demissões”, destaca o empresário.
Em 2013, a criação de empregos com carteira assinada teve o pior resultado em dez anos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
Entre os empresários, há quem diga que esta crise ainda causa impactos. Isso porque seus efeitos tardaram a chegar à região mas, quando chegaram, somaram-se a novas dificuldades econômicas e também políticas.
Esta história, entretanto, será contada nos próximos capítulos, quando os efeitos começam a ser sentidos mais diretamente na economia.
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