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Mais de R$ 1,6 milhão foi gasto com moradores de rua em Brusque em um ano

Mapeamento da população de rua no município foi apresentada pela secretaria de Assistência Social

Nos últimos 12 meses, a Prefeitura de Brusque gastou R$ 1,6 milhão com a população em situação de rua no município. De acordo com o secretário de Assistência Social e Habitação, Deivis da Silva, neste valor está incluído o gasto com passagens de volta para a cidade de origem, construção do albergue e Centro Pop, alimentação que é oferecida nos dois órgãos, servidores e campanhas socioeducativas.

Os dados foram apresentados na tarde desta terça-feira, 7, durante coletiva de imprensa que contou com a presença do comandante da Polícia Militar de Brusque, coronel Otávio Manoel Ferreira Filho.

De agosto a dezembro de 2018, foram realizados 686 atendimentos no Centro Pop. De janeiro a abril deste ano, já foram 518 atendimentos entre acolhida, encaminhamentos para diversos serviços, orientação e prestação de benefícios.

Segundo o secretário, os benefícios mais comuns oferecidos pela prefeitura para os moradores de rua são a passagem de volta a cidade de origem e cesta básica.

Nos últimos dois anos, a prefeitura gastou R$ 54.354,33 com passagens para os andarilhos. Em 2018 foram emitidas 321 passagens, totalizando R$ 37.315,87. Neste ano, foram 125 passagens, ou seja, R$ 16.038,46.

Ainda segundo os dados apresentados pela Secretaria de Assistência Social, 86% dos moradores de rua de Brusque são homens, 11% são mulheres e 3% crianças. Além disso, 55% são usuários de alguma substância psicoativa como álcool, maconha, cocaína ou crack.

A escolha por Brusque
Durante as abordagens dos servidores da Secretaria de Assistência Social, a resposta mais comum dada pelos moradores de rua sobre os motivos que o fizeram escolher Brusque estão: população acolhedora, que oferta esmola, roupas e alimentação em abundância; oferta de trabalho bem remunerada e por ser uma cidade segura e em desenvolvimento.

“A população de Brusque é muito generosa e isso faz com que atraia mais pessoas em situação de rua para o município”, diz o secretário.

Ele também elencou alguns pontos que são mais ocupados pelos moradores de rua, que são os de fácil acesso como ruas, praças, pontes, casas, prédios e construções abandonadas.

O secretário afirma que a equipe de abordagem social realiza um trabalho diário nas ruas do município na tentativa de convencer essa população a ir para o albergue e para o centro pop, entretanto, nem sempre a tarefa é fácil.

“Muitas vezes são agressivos e precisa de um trabalho de convencimento. A nossa equipe faz o máximo, mas grande parte não aceita limites, regras, e eles sabem que se forem para o albergue, terão que seguir essas normas, por isso, acabam ficando na rua”.

Deivis lembra ainda que a prefeitura não pode obrigar ninguém a ir para o abrigo. Eles precisam ir por vontade própria. “Queremos resolver a situação deles, mas não podemos obrigá-los a saírem das ruas”.

Intensificação da abordagem
Deivis da Silva diz que a prefeitura vai intensificar o trabalho de abordagem a esses moradores. Hoje, estão mapeados entre 60 a 70 andarilhos na cidade, conforme o período do mês.

“A demanda financeira do município influencia muito. No começo do mês temos muitos andarilhos, depois vai reduzindo, por isso a importância de não dar esmola”.

O secretário diz que é preciso uma união de esforços para minimizar esta situação. “Vamos intensificar as nossas ações durante todo o dia. Os locais públicos já estão sendo vigiados e pedimos para os proprietários de casas e construções abandonadas que dificultem o acesso às suas propriedades”.

Presente no encontro, o coronel Otávio Manoel Ferreira Filho diz que atualmente a polícia militar age em conjunto com a secretaria de Assistência Social e também após denúncias. Ele afirma que a polícia não tem respaldo da legislação, por isso, muitas vezes, fica de mãos atadas com relação a essa situação. “Uma mudança legislativa seria a solução. A contravenção de vadiagem está ativa, mas hoje não fazemos esse encaminhamento porque não nos sentimos respaldados pela Justiça, pelos direitos humanos”.

O coronel diz que muitas vezes os moradores de rua são vistos com pena pela população que acaba os ajudando, entretanto, esta não é a melhor forma de contribuir para minimizar o problema. “Não é dando esmola, passando a mão na cabeça que vamos ajudar, às vezes, a melhor forma de ajudar é dando uma lição de moral, um chacoalhão”.

Centro Pop

2018
686 atendimentos totais

130 prestações de serviços como acesso a banho, análise de documentação básica, acompanhamento familiar

162 escuta e prestação de orientação (ouvir as demandas dos usuários e orientá-los)

172 encaminhamentos diversos para o mercado de trabalho, tratamento para dependência química, comunidades terapêuticas, entre outros

2019
518 atendimentos totais

144 prestações de serviços como acesso a banho, análise de documentação básica, acompanhamento familiar

156 escuta e prestação de orientação (ouvir as demandas dos usuários e orientá-los)

86 encaminhamentos diversos para o mercado de trabalho, tratamento para dependência química, comunidades terapêuticas, entre outros

Indivíduos em situação de rua em Brusque
86% homens
11% mulheres
3% crianças
55% são usuários de drogas ou álcool