Para muitos estudantes, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é o vestibular mais importante a ser feito, pois o exame dá acesso às universidades de ensino superior de todo o país e, também, em Portugal. Por isso, eles se dedicam durante o ano todo para obter a melhor nota na prova e garantir uma vaga na faculdade. Porém, com a pandemia do novo coronavírus, muitos destes estudantes não estão conseguindo manter a rotina de estudos, nem acompanhar as aulas a distância.
Por questões como a falta de estrutura para estudar, assim como a disparidade no currículo acadêmico, muitos estudantes alegam se sentir prejudicados caso as provas do Enem sejam aplicadas em novembro. Em meio às contestações, o Fórum de Reitores das Universidades Estaduais da Bahia (UEBAs) divulgou uma nota pública em defesa do adiamento do Enem. Em trecho do documento divulgado no último dia 11, se encontra a seguinte afirmação:
“Com a impossibilidade de manutenção das atividades presenciais, as ações de ensino se encontram hoje dependentes de iniciativas passíveis de serem efetivadas nos ambientes privados e domésticos dos estudantes. Nestas condições, as disparidades e desigualdades sociais impactam decisivamente na efetividade e qualidade das ações de ensino. Famílias caracterizadas pela presença de pais com alta escolaridade e com acesso assegurado a equipamentos e tecnologias de informática e comunicação se mostram em condições muito mais favoráveis de manutenção de ações educacionais do que as famílias que não contam com nenhum adulto com escolaridade em nível médio ou superior, que não têm acesso a computadores ou aparelhos celulares com capacidade para utilização de aplicativos específicos e nem acesso assegurado à internet”.
A engenheira Érica Batista lembra de como foi difícil conquistar a vaga pelo Enem. Ela veio de escola pública e percebeu, logo no começo da faculdade, o quão distante estava de seus colegas de sala.
“Em relação ao conteúdo, no meu primeiro trimestre da faculdade vi que os assuntos que eu deveria ter aprendido no ensino médio, eu nem vi. Tive que aprender para acompanhar as matérias de cálculos e física. Enquanto isso, os alunos da minha turma, 90% de escola particular, tinham estudado o conteúdo na escola”, conta.
Como bolsista, Érica percebeu que o abismo que existia entre os alunos do contexto público e privado era grande até em casa. “Eu não tinha ambiente para estudar em casa, eu chegava 1h mais cedo na faculdade ou saia mais tarde pra estudar na biblioteca. Aqui em casa é pequeno, não tem espaço pra estudar, fora que é muita gente conversando, assistindo TV, tira a concentração”, afirma.
Nas redes sociais, a hashtag (palavra-chave associada a alguma informação que se deseja anexar no twitter) #AdiaEnem tem sido aderida por estudantes, professores, artistas e várias personalidades. Entre os argumentos utilizados pelo grupo que solicita o adiamento da prova está a dificuldade que os estudantes estão enfrentando para manter os estudos em casa, principalmente aqueles que frequentam a escola pública.
Na quarta-feira, 13, servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) se associaram a outras organizações para solicitar a suspensão do calendário da prova. A carta produzida por profissionais do Inep foi encaminhada para o Ministério Público Federal e Congresso Nacional.
Contudo, até o momento, as inscrições para a prova do Enem continuam abertas até o dia 22 de maio. As provas estão marcadas para os dias 1º e 8 de novembro, na modalidade presencial, e 22 e 29 de novembro, na versão digital.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil