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Em meio a tratamento contra o câncer, guabirubense pedala mais de 8 mil km

Eduardo Kuchenbecker se torna um dos maiores ciclistas amadores da região

A bicicleta sempre teve um papel especial na vida do guabirubense Eduardo Kuchenbecker, de 37 anos, morador do bairro Imigrantes. Desde a infância, a magrela foi sua companheira, tanto como meio de transporte para o trabalho como para longas pedaladas – seu maior hobby. No entanto, há um ano, a paixão pelo pedal ganhou uma conotação diferente na vida de Kuchenbecker, já que se tornou um forte aliado para a superação de um câncer na axila.

Pesador de produtos químicos, tudo transcorria normalmente, até que o guabirubense descobriu em novembro de 2015 que estava com o câncer. Em dezembro já foi internado no Hospital Santo Antônio, em Blumenau, e iniciou as sessões de quimioterapia. Até junho deste ano foram oito sessões “vermelhas”. “Ele tinha uma ferida muito grande e estava sem movimento embaixo dos braços”, conta a esposa, Irene Kuchenbecker.

O que era motivo para desânimo e desespero, aos poucos foi ganhando outro sentido. De novembro a fevereiro ele ficou sem pedalar, mas logo depois, autorizado pelo médico, voltou a fazer aquilo que considera “um vício bom”. Junto com um grupo de amigos de pedal, principalmente da FS Cicle Bike Center e da Darbike Shop, percorreu mais de 5 mil quilômetros entre Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento, Balneário Camboriú e outras cidades da região, apenas entre fevereiro a maio, batendo a meta que tinha para todo o ano. “Eu tinha estipulado essa meta. Eu começaria aos poucos e iria aumentando o ritmo, e quando vi já havia conseguido. Alguns nem acreditavam, falavam que eu estava mentindo”, conta.

Grupo de amigos do pedal presenteou Kuchenbecker com uma bicicleta de aro 29 / Foto: Divulgação

Num ritmo cada vez mais intenso, o guabirubense faz uma média de 27 km/h: cerca de 200 km por semana e até agora mais de 8 mil km no ano, o que o torna um dos maiores ciclistas amadores da região. “Qualquer lugar que me convidam eu vou, é onde me sinto bem, é o vento na cara. Depois é só tomar um banho e estou zerado de novo”, afirma.

Da tristeza à alegria

Depois de um ano de tratamento, Kuchenbecker realizou uma ressonância e descobriu no mês passado que precisará fazer quimioterapia novamente, além de um transplante de medula óssea. Ao saber da notícia, ele ficou bastante triste e se resguardou um pouco. Porém, tempo depois, foi comunicado pelo grupo de amigos do pedal da FS Cicle Bike Center que tinha ganho uma nova bicicleta. Ele possuía uma mais antiga, com aro 26, e foi presenteado com uma Cannondale aro 29. “Eu não sabia o que falar, juntou as duas coisas, a tristeza de saber que a doença não tinha acabado e a alegria pelo presente. Eu não sabia se ria ou chorava”, recorda.

O bombeiro militar do bairro Guarani, Luciano Schlindwein, integra o grupo do pedal. Ele afirma que os amigos tiveram a ideia de oferecer a Kuchenbecker uma bicicleta a sua altura, já que a velocidade que ele andava não comportava mais uma de aro 26. “Há sete anos a bicicleta que ele tinha era boa, mas nessa atual conjuntura a bike está muito fora do nível dele. Por isso resolvemos nos unir e presenteá-lo com uma que fizesse jus ao que ele pedala”.

Schlindwein destaca que muitas vezes as pessoas reclamam de uma dor na perna e até arrumam desculpas para não pedalar, e que Kuchenbecker é um exemplo de motivação e superação. “Não há motivos para não pedalar, basta você querer. Não é necessário estar 100% em condições, é só ter força de vontade que é possível. Ele é um exemplo para todos nós e sua história pode servir de lição”.

Para Irene, que está casada com Kuchenbecker há 15 anos, se não fosse a bicicleta o esposo estaria deprimido. “Talvez ele tivesse passado o tratamento todo na cama. A bike é a solução para as dores dele”, finaliza.