Em reunião com sindicato, Jonas Paegle reclama de “efeito tartaruga” na Prefeitura de Brusque
Encontro serviu para discutir pauta de reivindicações da categoria, sobretudo o reajuste salarial
Encontro serviu para discutir pauta de reivindicações da categoria, sobretudo o reajuste salarial
Prefeitos de Brusque, Guabiruba e Botuverá reuniram-se na sexta feira, 9, com representantes do Sindicato dos Servidores Públicos (Sinseb) para discutir a pauta de reivindicações da categoria para 2018.
O discurso de abertura foi feito pelo prefeito Jonas Paegle, que logo de início já abordou a situação de penúria dos municípios em relação às finanças.
Citou a existência de “prefeituras quase falidas” e afirmou que a cidade precisa tomar cuidado para o crescimento da folha não inviabilizar, inclusive, as aposentadorias do funcionalismo.
A reunião, que serviria em tese para início das discussões sobre a pauta de reivindicações do funcionalismo, serviu, em boa parte, para lamentação por parte dos prefeitos em relação à postura de servidores públicos.
Matias Kohler lamentou, por exemplo, a quantidade de atestados médicos trazidos, na sua avaliação, desnecessários.
Membros da prefeitura de Brusque, por outro lado, dedicaram suas críticas ao fato de haver servidores “em passo de tartaruga” na administração.
O tema foi levantado após o assessor econômico do Sinseb, João Batista de Medeiros, afirmar que as prefeituras deveriam ter um cuidado maior com a sua receita própria, aumentando a arrecadação por meio de um combate à sonegação mais eficaz.
Dando-lhe razão, o vice-prefeito Ari Vequi mencionou que é justamente na Secretaria da Fazenda, responsável pela arrecadação, onde há um grande problema de eficiência. “Temos que apertar a parte de tributação e arrecadação”.
Também mencionaram o tema o secretário de Governo e Gestão Estratégica, William Molina, e o prefeito Jonas Paegle, o qual afirmou que a extensa pauta de reivindicações dos servidores públicos, cuja maior parte não é atendida, gera frustração no funcionalismo, e “efeito tartaruga”.
“Aí amarra aqui, amarra lá, engaveta os negócios, só amanhã. Atende mal no balcão. Por que? Porque está descontente. A gente vê que há esse efeito tartaruga aqui na Prefeitura de Brusque”.
Representantes do Sinseb, entretanto, rechaçam a ideia de que há uma frustração do funcionalismo em virtude da pauta de reivindicação ser de diversos itens. Segundo eles, os servidores têm noção de que nem todos os itens da pauta serão atendidos pelas prefeituras.
A queda da arrecadação das prefeituras foi outro assunto discutido na reunião, o vice-prefeito Ari Vequi também discursou, mencionando a queda dos repasses de ICMS para Brusque nos últimos anos, em contrapartida ao aumento da folha .
“É uma encruzilhada difícil”, diz Ari Vequi. “O Tribunal de Contas está pressionando todo mundo, principalmente em relação aos índices [gastos máximos com funcionalismo]”.
O prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene, tocou em um ponto que sempre é abordado pelos servidores efetivos: a existência dos cargos de confiança.
“Aí falam: eles encheram a máquina de comissionados. A gente sabe que se fala. Mas nós precisamos dessa fatia de servidores para manter o serviço público”, disse.
Nene também disse que a negociação de reposição salarial se torna muito difícil atualmente, com os gastos no limite. “Existem leis a serem cumpridas. Como vou dar algo que aumente o percentual que já está no limite. Não é demitir um, dois ou três que vai baixar um por cento”, afirmou o prefeito.
O prefeito de Guabiruba, Matias Kohler, foi um dos mais enfáticos em relação à dificuldade financeira dos municípios. Segundo ele, “a mudança de postura se faz necessária de todos os lados”.
Disse que dos 15 itens na pauta de reivindicações, um ou dois poderá ser cumprido, tendo em vista as negociações de anos anteriores. “O servidor acaba sendo iludido. O que se pretende é construir uma pauta realista”, disse Kohler.
Para o presidente do Sinseb, Orlando Soares Filho, o sindicato não é de adotar postura de enfrentamento, mas sim de negociação, e espera que, ao final desse processo, todos possam sair ganhando, tanto os servidores quanto as prefeituras.
“Nós temos um plano de carreira e pretendemos preservá-lo. Não se pode matar as galinhas dos ovos de ouro”, comentou.