Em reunião, empresários e autoridades discutem ações de prevenção ao novo coronavírus na região
Encontro foi uma iniciativa da Acibr para evitar que a situação se agrave no município
Encontro foi uma iniciativa da Acibr para evitar que a situação se agrave no município
A Associação Empresarial de Brusque (Acibr) convocou empresários e autoridades da região para discutirem ações de prevenção ao novo coronavírus. O encontro aconteceu no fim da tarde desta segunda-feira, 16, na Sociedade Esportiva Bandeirante, com o objetivo de definir medidas que as empresas e o poder público possam colocar em prática para evitar o avanço do Covid-19 em Brusque e região.
Participaram do encontro prefeitos de Brusque, Guabiruba e Botuverá, além de secretários de saúde dos três municípios.
Até o momento, o município está classificado no nível 1 da doença, que é quando se tem apenas casos suspeitos, porém, o estado já avançou para o nível 3, com transmissão local do vírus.
Por isso a preocupação, já que inevitavelmente a doença se espalhará para outras regiões. “Montamos esse comitê porque temos que nos preparar e fazer ações para nos prevenir. Essa unidade de todos os setores é fundamental”, diz a presidente da entidade, Rita Cassia Conti.
Uma das principais preocupações dos empresários foi com relação as aulas. À tarde, a Prefeitura de Brusque optou por manter as escolas municipais funcionando normalmente, já que a cidade ainda não tem nenhum caso confirmado da doença.
Entretanto, alguns empresários e líderes de entidades ponderaram a necessidade de já suspender as aulas, evitando a aglomeração de crianças que, no futuro, poderão ser vetores da doença.
“Acredito que o poder público tem que tomar medidas mais fortes, buscar a menor circulação de pessoas porque não temos capacidade técnica na cidade. A prefeitura tem que rever o decreto e proibir qualquer tipo de evento na região e também as aulas”, disse o diretor da ZM, Alexandre Zen.
Presente no encontro, a pneumologista Daniela Alves também destacou a importância de suspender imediatamente as aulas na região. “Entendo a repercussão econômica, que já está acontecendo, mas o fato é que depois do primeiro caso é infinitamente pior. Podemos escolher perder dinheiro ou vidas e dinheiro”.
Durante a reunião, saiu a notícia sobre a decisão do governo do estado de suspender as aulas a partir de quinta-feira, 19. O vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, levantou a preocupação com as creches. Hoje são em torno de 5 mil crianças de até cinco anos atendidas nos centros de educação infantis, que são mantidos pelo município. “A decisão fala das escolas, mas não das creches. O governo do estado não tem creche, então temos que ver como isso vai funcionar”, diz.
Ao fim da reunião, a Prefeitura de Brusque se pronunciou informando que seguirá a decisão do estado. Porém, somente nesta terça-feira, 17, é que haverá uma definição se a medida também se aplicará aos centros de educação infantil.
Outro ponto importante levantado no encontro foi sobre a capacidade dos hospitais de Brusque para tratar possíveis casos positivos de coronavírus. Atualmente, o Hospital Azambuja é o único com leitos de UTI pelo SUS no município. A unidade hospitalar conta com 10 leitos e reservará três para o isolamento, caso venha a atender um paciente com a doença.
O coordenador da UTI do Hospital Azambuja, Eugênio José Paiva Maciel, diz que a preocupação do hospital no momento é com a desinformação da população. Somente na manhã desta segunda-feira, o pronto-socorro atendeu 170 pessoas preocupadas com o coronavírus.
“O Brasil tem 200 casos. O principal é orientar as pessoas. Vamos começar a preparar leitos, mas antes de chegar nessa fase precisamos educar a população. Não é porque você está com sintoma de gripe que tem coronavírus. Temos que filtrar. O que não resolve é 170 pessoas se aglomerarem no pronto-socorro pedindo máscara sem necessidade. A máscara é somente para o doente e para as pessoas que cuidam do doente”.
De acordo com ele, a preocupação é quando a doença chegar aos idosos, que correspondem a grande parte da população da região. O médico diz que o hospital se prepara para abrir mais leitos de UTI se precisar e também fechar o centro cirúrgico e transformá-lo em UTI, caso a situação se agrave.
Ari Vequi também destacou que a partir do dia 1º de abril, o Hospital Dom Joaquim começará a atender das 7h às 22h diariamente e funcionará com o objetivo de fazer a triagem para o Hospital Azambuja. “Será mais uma porta hospitalar no município”, diz.
A prefeitura também informou aos empresários a liberação de R$ 1,7 milhão para auxiliar os hospitais da cidade com a compra de materiais, por exemplo. O prefeito Jonas Paegle destacou a necessidade de mais equipamentos, como respiradores, já que problemas respiratórios são os sintomas mais agravantes da doença.
Umas das principais recomendações durante a reunião é que as empresas orientem seus funcionários sobre a importância de higienizar bem as mãos e evitar contatos próximos. Também foi deixado claro a importância do isolamento, que, por enquanto, é a única forma de evitar que a doença de propague.
“Temos que conscientizar nossos colaboradores que se houver a necessidade de isolamento, tem que ficar em casa e não sair por aí. Acho que esse é um ponto muito importante. É uma coisa muito séria, todos tem que ter a real noção disso”.
Além disso, evitar ir aos hospitais e unidades básicas de saúde mesmo se apresentar sintomas da doença. A orientação é entrar em contato com a Secretaria de Saúde que faz o atendimento domiciliar do paciente suspeito.
Na reunião também foi discutida a possibilidade de se criar publicidade para divulgação em todos os veículos da cidade e em todas as plataformas, com orientações sobre como se prevenir da doença, atingindo, assim, o maior número de pessoas.