Empresa de Brusque utiliza robôs com inteligência artificial para gestão de estoque

Sistema integra tecnologia de ponta para modernizar o transporte e a armazenagem de produtos

Empresa de Brusque utiliza robôs com inteligência artificial para gestão de estoque

Sistema integra tecnologia de ponta para modernizar o transporte e a armazenagem de produtos

A Florisa Tinturaria implantou nos últimos anos um sistema inovador de robôs autônomos e inteligência artificial para automatizar a recepção, armazenagem e movimentação de mercadorias em sua fábrica. A modernização é considerada uma revolução no setor têxtil, já que proporciona maior agilidade, precisão e segurança na manipulação de grandes volumes de materiais.

O processo automatizado na empresa de Brusque começa ainda no momento do pedido, realizado pelo site da empresa. Após a emissão da nota fiscal eletrônica, o documento é automaticamente registrado no sistema, eliminando erros manuais e otimizando a operação.

Com isso, os clientes conseguem agendar a entrega de forma on-line, especificando quantidade, data e horário. No dia agendado, a carga é recebida por colaboradores que conferem as informações da nota fiscal.

Diego Martins/O Município

Em seguida, os materiais são transferidos para gaiolas, pesados e verificados. Essas gaiolas são posicionadas em áreas específicas para que os sete robôs modelo MiR 1000, equipados com sensores inteligentes, assumam a movimentação.

“Todas as gaiolas possuem um tag RFID em sua base, um dispositivo que identifica e rastreia objetos por meio de ondas de rádio. Nele, são vinculadas as notas fiscais e a quantidade de peças. O sistema realiza essa leitura automaticamente no momento do registro”, explica Lucas Imhof, responsável pelo setor de engenharia e custos da Florisa.

Diego Martins/O Município

Os robôs possuem inteligência artificial que os torna completamente autônomos. Com um mapa interno que abrange todo o prédio, eles calculam automaticamente as melhores rotas para cumprir as ordens recebidas pelo sistema, otimizando o tempo e os trajetos.

Além de transportar cargas, os robôs se comunicam com os elevadores, acionando-os para movimentar mercadorias entre os diferentes andares da fábrica. O local onde as gaiolas são depositadas inicialmente é chamado de “pulmão de recebimento”, onde permanecem armazenadas até serem alocadas nos andares superiores.

Diego Martins/O Município

“O sistema é programado para evitar ociosidade. Sempre que retorna, o robô já traz uma nova gaiola para dar continuidade ao próximo processo. Para os clientes, todo o status da mercadoria pode ser acompanhado por um aplicativo, garantindo transparência e controle total das etapas”, destaca Lucas.

A modernização também trouxe melhorias significativas para a organização interna, especialmente no gerenciamento de estoques e na limpeza, reduzindo problemas como sujeira nas malhas.

Os robôs

O robô utilizado pela Florisa possui autonomia para se recarregar automaticamente em estações de carregamento e segue rotas previamente programadas.

Diego Martins/O Município

Além disso, está integrado ao sistema dos elevadores, permitindo que as gaiolas sejam transportadas entre os andares conforme a necessidade.

“Ele movimenta cerca de 350 lotes por dia, totalizando quase mil gaiolas. Isso aumentou significativamente a produtividade, reduzindo a necessidade de aproximadamente 30 funcionários para essas movimentações. Apesar de alguns problemas ocasionais, nossa equipe foi treinada para realizar manutenções, alinhando-se à política da empresa de buscar autonomia e depender menos de fornecedores externos”, afirma Lucas.

Otávio Timm/O Município

Os robôs têm capacidade para transportar até mil quilos, mas geralmente operam com cargas médias de 600 a 700 quilos. A autonomia operacional é de três a quatro horas e, ao atingir 30% de bateria, eles se dirigem automaticamente à estação de recarga, onde atingem 70% da carga em 40 minutos.

Questionado sobre o impacto da tecnologia na força de trabalho, Lucas garante que nenhum funcionário foi demitido. Ele explica que os colaboradores foram realocados para funções como recebimento, organização de malhas e gerenciamento de notas fiscais. A pesagem manual, por exemplo, foi praticamente eliminada, substituída por processos automatizados.

“A agilidade proporcionada pelo robô é incomparável. Ele não cansa, ao contrário de uma pessoa realizando o mesmo trabalho. Para nós, é importante contar com colaboradores mais saudáveis e menos exaustos. No início, houve certa resistência por parte dos funcionários, mas hoje, quando o robô para devido a algum problema, o caos se instala, porque ninguém mais sabe trabalhar sem ele”, diz Lucas.

Diego Martins/O Município

Com a introdução dessa tecnologia, a empresa conseguiu aumentar sua capacidade de produção de 2,8 mil para 3,7 mil toneladas mensais, com a meta de alcançar 4 mil toneladas no futuro próximo.

Implantação da tecnologia

Lucas relata que a implantação do sistema de robôs na Florisa começou a ser idealizada em 2019, quando a empresa, durante estudos de mercado, identificou a tecnologia como uma oportunidade inovadora. Após investigações detalhadas, uma equipe especializada foi mobilizada para estruturar o projeto.

“Antes de realizar o investimento, passamos por várias etapas de validação. Realizamos análises aprofundadas e visitas técnicas, como a que fizemos em Joinville, até obter a aprovação final da diretoria. Após essa etapa, iniciou-se o trabalho de integração, que envolveu comunicação com nosso sistema de planejamento de recursos empresariais (ERP), mapeamento dos fluxos e organização dos processos. Tudo isso demandou meses de dedicação”, explica Lucas.

Diego Martins/O Município

O sistema foi aprovado e entrou em funcionamento em 2020. Os dois primeiros anos foram marcados por ajustes e adaptações para alcançar o nível de eficiência atual.

“Essa automação transformou completamente nossos processos. Antes, não havia um fluxo bem definido na produção. Operávamos de forma desordenada, sem um endereçamento claro das malhas. Hoje, tudo está mapeado e segue uma sequência organizada, o que nos permite cumprir prazos com maior eficiência, reduzir desperdícios e otimizar o tempo, que é um recurso essencial”, destaca.

Lucas ressalta, porém, que a estrutura original do prédio não foi projetada para suportar essa tecnologia.

“Inicialmente, a ideia era automatizar apenas a carga e descarga dos elevadores. Porém, durante as pesquisas, identificamos o potencial dos robôs, que conseguem transportar até mil quilos. Isso ampliou significativamente o escopo do projeto. O modelo implementado foi o primeiro do tipo na fábrica, e o nível de automação é muito mais complexo do que em outros locais”.

Diego Martins/O Município

Como é proprietária dos robôs, a empresa arca apenas com o custo da licença do sistema, o que garante a continuidade das operações. O projeto ganhou, em 2020, o Prêmio da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) com o projeto Logística 4.0.

Olhar para o futuro

Lucas destaca que a implementação dos robôs abriu novas oportunidades de automação em outras áreas da empresa. Muitas tarefas, anteriormente realizadas de forma manual, se tornaram automatizadas, garantindo maior precisão e segurança nos processos.

“A adoção dessa tecnologia trouxe agilidade e colocou a fábrica em uma posição de destaque no mercado. A diretoria já está pensando em novos avanços, como a introdução de paleteiras automatizadas, que poderão otimizar ainda mais a logística interna. O robô tornou-se tão integrado à rotina que é percebido como um verdadeiro colega de trabalho, circulando naturalmente pelos corredores e áreas de produção”, explica Lucas.

Diego Martins/O Município

Sobre os próximos passos, Lucas revela que a empresa está focada em expandir a integração dos sistemas, alinhando-se aos conceitos da Indústria 4.0.

“O objetivo é permitir que nossos clientes programem diretamente suas demandas em seus próprios sistemas, transmitindo as informações automaticamente para a Florisa, sem necessidade de intervenções manuais. Isso trará ainda mais eficiência e sinergia entre a nossa operação e a deles”, conclui.


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