Empresa paranaense que elaborou estudo de transporte coletivo em Brusque é acusada de fraudar licitações
Representantes da Logitrans foram presos sob acusação de favorecer empresas amigas em processos licitatórios
Representantes da Logitrans foram presos sob acusação de favorecer empresas amigas em processos licitatórios
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou uma operação, nesta quarta-feira, 29, para desmontar uma organização criminosa que, conforme as investigações, atuou em fraudes a licitações do transporte coletivo no Paraná. Seis pessoas foram presas.
Leia também: Ministério Público rejeita acusação de que Prudêncio Neto havia invadido a prefeitura
Entre os presos, cinco pessoas são da empresa Logitrans, que tem sede em Curitiba e que tem como um dos sócios Sacha Reck, advogado do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba. Essa empresa é a mesma que elaborou os estudos que embasarão a licitação para nova concessão do transporte coletivo em Brusque, contratada pela Prefeitura de Brusque.
Segundo as investigações do Gaeco, a Logitrans, junto à outra empresa de São Paulo, que também teve um dos sócios preso, é responsável por fraudar as licitações do transporte público em Guarapuava, Foz do Iguaçu e Maringá, no Paraná.
Estas duas empresas eram contratadas pelas prefeituras para formatar as licitações. Porém, foi apurado que os modelos de licitação criados pela Logitrans favoreceram dois grandes grupos do transporte coletivo público: Gulin e Constantino, que são donos de diversas empresas menores, como a Viação Piracicabana, que atua em Blumenau.
“Ora um grupo, ora outro, eles já previamente dirigiam através de outras empresas, outras pessoas, as licitações de tal forma que elas já estavam dirigidas para eles ganharem a licitação e contratarem com poder público”, afirmou o coordenador do Gaeco do Paraná, Leonir Batisti.
Ações em outros estados
A Logitrans também é alvo de ações no Distrito Federal, e suspeita de ter cometido as mesmas fraudes também em outros estados, como São Paulo. Em algumas das cidades, as licitações foram suspensas por recomendação do Ministério Público, que identificou irregularidades.
Um dos lugares onde o esquema foi barrado foi em Apucarana (PR), pela ação de um promotor de Justiça que suspeitou de direcionamento da licitação e pediu ao prefeito que suspendesse o processo para que uma investigação fosse realizada.
A Logitrans, segundo a investigação conduzida no Paraná, preparou mais de 30 editais de formatação do transporte público, e pelo menos um terço destas licitações foi para os grupos Gulin ou Constantino, que também são investigados.
A Prefeitura de Brusque deverá lançar no segundo semestre a licitação para contratar uma nova empresa para tocar o transporte coletivo municipal. Para isso, realizou estudos de demanda de passageiros e de necessidades do município na área. A Logitrans foi a responsável pela elaboração destes estudos e já entregou o material à prefeitura.
Pagamento de R$ 90 mil
De acordo com o Portal da Transparência, a prefeitura pagou R$ 90 mil à empresa, entre maio e setembro de 2015, em cinco pagamentos, o mesmo valor que havia sido previsto no contrato firmado entre as partes, sem qualquer aditivo.
A operação que prendeu pessoas ligadas à empresa foi batizada pelo Gaeco de Riquixá, que é uma espécie de veículo utilizado para o transporte de carga e pessoas que pode ser pedalado ou puxado por alguém.
Contatada pela reportagem, a prefeitura está analisando o caso e ficou de se pronunciar oficialmente hoje à respeito do assunto. O questionamento dirigido ao município é relacionado a reavaliar ou não o trabalho feito pela empresa, e se a prefeitura acredita que as suspeitas que recaem sobre a Logitrans também possam macular o trabalho feito aqui.
A Logitrans foi procurada pela reportagem, mas os responsáveis pela empresa não foram localizados.