Empresário de Brusque é alvo de investigação na Operação Medicaro
Polícia Federal cumpriu na manhã de ontem um mandado de busca e apreensão na residência de um dos suspeitos
A Polícia Federal de Itajaí cumpriu um mandado de busca e apreensão ontem de manhã na casa de um empresário de Brusque. Ele é apontado como um dos envolvidos na Operação Medicaro, que apura fraudes na aquisição de medicamentos por meio de ações judiciais. A assessoria de comunicação do órgão não divulgou o nome ou o endereço do suspeito, mas garante que os computadores e documentos levados da casa dele podem auxiliar nas investigações.
Segundo informações da Polícia Federal, a primeira fase da investigação aconteceu em maio de 2014, quando foram apreendidos documentos e computadores em estabelecimentos farmacêuticos de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A partir daí, os agentes iniciaram as análises dos materiais e as evidências apontaram que o empresário de Brusque era parte ativa do esquema. Ele mora aqui no município, mas é proprietário de algumas farmácias na cidade gaúcha.
Ele não foi preso, mas o material encontrado em sua residência será utilizado na investigação.
A operação envolve diversas pessoas, entre eles, advogados, empresários e funcionários públicos. A Polícia Federal apurou que eles fazem parte de um esquema fraudulento, que pode ter gerado lucros milionários aos envolvidos, uma vez que muitos dos medicamentos adquiridos via judicial são para tratamento de câncer e possuem um alto valor comercial. Além disso, o Rio Grande do Sul possui o maior número de processos para garantir acesso a remédios do país, sendo que a cidade de Santa Maria lidera o ranking estadual, superando até mesmo Porto Alegre, capital do estado.
Além da casa do empresário de Brusque, a PF efetuou buscas em nove residências de Santa Maria e dois homens foram presos, um servidor público da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e um vereador da cidade, que mantinha grande quantidade de medicamentos em uma sala destinada a um projeto assistencial. Foram apreendidos documentos, computadores, e cerca de R$ 124 mil. Parte desse valor, cerca de R$ 64 mil, foi arrecadado na residência do funcionário da CRS e o restante na casa de um dos advogados.
Somente em 2014, o movimento financeiro da 4ª CRS, referentes a ações judiciais para a aquisição de medicamentos, gira em torno de oito milhões reais. A probabilidade é de que 10% desse valor seja o superfaturamento embutido no preço do medicamento.
As investigações devem prosseguir nos próximos meses com a análise dos materiais e documentos arrecadados e com a possível identificação de novos estabelecimentos e pessoas que participaram do esquema. Os envolvidos serão indiciados como incurso nos crimes de estelionato majorado (contra a administração pública), falsificação de documento particular e falsidade ideológica.