Empresas brusquenses trabalham com tecido sustentável e procuram crescimento no mercado
Tecido ecológico começa a chamar atenção de marcas de moda do Brasil
Tecido ecológico começa a chamar atenção de marcas de moda do Brasil
Em busca de materiais sustentáveis e que colaborem com o meio ambiente, empresas de Brusque trabalham com a moda sustentável. Algumas marcas criaram uma coleção ecológica e outras surgiram com a proposta 100% eco. Os tecidos são vendidos por todo o Brasil e finalmente chamam a atenção dos fabricantes de roupas.
A GS One surgiu em 2015 com o intuito de provar que é possível uma empresa ser 100% sustentável. Segundo o sócio-proprietário Caio Ramos, tudo dentro da empresa é trabalhado com o viés da sustentabilidade, desde o mobiliário até o açúcar servido no café. “A gente queria fazer e mostrar que uma empresa pode ser sustentável e mesmo assim dar retorno”, explica.
Hoje a marca trabalha com a linha feminina, masculina e infantil, todas ecológicas.
A marca utiliza malha de garrafa pet, malha 100% orgânica, fio desfibrilado e algodão reciclado, e está iniciando os trabalhos com material biodegradável. “Às vezes vem proposta para desenvolvermos algum tipo de material, mas não desenvolvemos nada que não seja eco”, enfatiza.
A diferença entre a peça de malha comum e ecológica é sentida pelo cliente no primeiro uso. No entanto, a roupa não fica desconfortável ou diferente ao toque.
Para não encarecer o produto final, a GS One trabalha com um quadro de funcionários reduzido e procura terceirizar boa parte da produção. “A empresa é pequena, então não é tão vantajoso ter um quadro grande, senão ficaria caro e não conseguiríamos competir com as outras.”
A Beach Coutry trabalha com uma coleção ecológica desde 2016. As roupas foram criadas para que a marca entrasse no mercado internacional. “Pra entrarmos no mercado americano a gente precisava de algum diferencial, então esse diferencial veio com a moda sustentável”, declara uma das proprietárias da loja, Ana Paula Rosin Mayer.
O tecido é feito com fio de garrafa pet, no qual as garrafas são trituradas e depois transformadas em fio de poliéster. Ele é usado na produção da malha e, consequentemente, na produção das camisetas.
Segundo Ana Paula, o produto tem uma pequena diferença de preço. “Aqui no Brasil ainda não existe grande apreço [pelo eco]. Aqui precisa mais de preço do que produto, e lá é o contrário, precisa mais produto do que preço.”
As roupas são vendidas nos Estados Unidos entre US$ 20 e US$ 10. “ É a questão de a pessoa entender o porque dela ser mais cara”, explica. Para ela, existe mercado para esse produto no Brasil, mas é preciso que a população se conscientize. Por esse motivo que a coleção sustentável também é vendida na sede da Beach Coutry.
Fast fashion x slow fashion
A ideia do fast fashion – uma produção em massa, seguindo tendências – não combina com a proposta da GS One por ser antissustentável. Por isso, eles trabalham com o slow fashion, que não segue rigorosamente as tendências. “A gente estuda um pouquinho de tendência sim, mas invés de trabalhar, às vezes, uma cor na peça, eu coloco aquela cor dentro de uma estampa que case com a minha peça.”
Por seguir essa proposta, a GS One deixa de fabricar muitas peças que estão em alta. “Se está em alta significa que em seis meses não estará mais, então tu compraste uma peça pra jogar no lixo.”
A linha eco da Beach Country também trabalha com o slow fashion. Segundo Ana Paula, é feita uma coleção paralela com os tecidos ecológicos, conforme a necessidade no mercado. “Fast fashion não dá pra fazer porque é muito dinâmico”, explica.
Fabricação sustentável
A Manatex Têxtil é uma das fabricantes de tecido ecológico em Brusque. Segundo a gerente de desenvolvimento Natalia Schoening Marsili, a ideia surgiu em conversas com fornecedores que apresentaram a proposta da linha ecológica.
“O consumidor quer mais esse apelo sustentável, quer saber de onde vem o produto e quais são os processos por onde o produto passa”, explica.
Segundo ela, alguns tecidos da marca se enquadram no apelo ecológico por gastarem menos água e, na hora do acabamento, em vez de produtos químicos, é usado caroço de algodão.
“Não muda nada no aspecto do produto no final e ele tem esse apelo. Não é 100% sustentável porque na cadeia ele também passa por processos químicos, mas nesse ponto do processo ele é mais sustentável que o normal.”
De acordo com ela, essa troca para o material sustentável foi realizada em oito produtos e não foi necessário encarecer a venda do tecido.
“A gente sabe que não é muito, porque boa parte do processo ainda é o convencional, pela questão de preço e tudo, mas o que a gente consegue fazer, o que está no nosso alcance a gente tenta fazer.”
A empresa possui o selo de algodão BCI (Better Cotton Iniciative), conhecido como algodão do bem. Na plantação deste algodão é usado menos agrotóxico.
A RVB Malhas também trabalha com a linha ecológica. Segundo a coordenadora de estilo Caroline Molleri, alguns dos produtos que a empresa trabalha são o poliester pet e malha 100% ecofriendly, porque tem o poliester pet e algodão desfibrilado.
Segundo ela, a empresa trabalha há bastante tempo com a linha eco, mas foi a partir do ano passado que as marcas passaram a usar na coleção. “O pessoal que trabalha com surf e o street wear sempre teve o cuidado de ter isso na linha deles. Agora a gente já vê marcas de moda procurando. Finalmente a gente vai começar a ver essa linha bombando no mercado.”
A empresa também trabalha com tingimentos que não agridem a pessoa, ou seja, não são nocivos para quem está usando. O trabalho rendeu o selo eko-tex para a marca que já possui o selo de algodão BCI.