Empresas de Brusque iniciam 2022 com afastamentos de trabalhadores por Covid-19 e gripe
Problema tem afetado todos os setores da cidade e já impacta no setor produtivo
Problema tem afetado todos os setores da cidade e já impacta no setor produtivo
Com o aumento nos casos de Covid-19 e também com o surto de síndrome gripal, as empresas de Brusque já começam a sentir os reflexos das duas doenças em seus funcionários, e iniciam o ano tendo que lidar com os afastamentos.
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cassia Conti, afirma que nestes primeiros dias de janeiro, as empresas têm relatado dificuldades em relação aos afastamentos por Covid-19 ou gripe. De acordo com ela, de 8% a 10% das empresas que já retornaram ao trabalho estão com trabalhadores em casa e com a produção defasada.
“A maioria das indústrias já retornou e praticamente todas estão com algum funcionário afastado. O vírus está por aqui, está mais transmissível, então temos que ficar atentos e redobrar os cuidados para evitar problemas maiores”, diz.
Entre os associados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o problema é o mesmo. O novo presidente da entidade, Alcir Otto, afirma que há um grande número de afastamentos por Covid-19, e também os afastamentos por prevenção, como no caso de gravidez.
“As empresas já são bastante oneradas com impostos e os períodos de afastamento ficam por conta da empresa. Os afastamentos estavam frequentes desde 2020, melhoraram no segundo semestre de 2021 e agora no início de 2022 estão voltando a se agravar”.
Os mesmos relatos de funcionários afastados por Covid-19, gripe e resfriado têm chegado para o presidente do Sindilojas, Marcelo Gevaerd. “Estamos com um surto muito grande, principalmente de gripe, que tem impactado nas atividades. O momento agora é da colaboração de todos. Devemos continuar cumprindo as regras sanitárias, para que rapidamente possamos voltar à vida normal”.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Brusque (Sintimmmeb), Eduardo de Souza, afirma que as empresas do setor também têm enfrentado esse problema.
“Tem empresa que voltou ontem [segunda-feira], mas muitos trabalhadores não retornaram, justamente porque estão com sintomas ou mesmo com Covid-19 confirmado, mas principalmente pela gripe. Isso acaba abalando também o emocional do trabalhador, que está doente, mas também se preocupa com o trabalho, está bem complicado”.
A Toalhas Atlântica é uma das empresas que tem funcionários afastados por sintomas gripais. Na manhã de terça-feira, 11, eram seis trabalhadores afastados e outros dois com orientação para procurar o médico.
A técnica de segurança do trabalho da empresa, Regiane Aparecida Bambinetti, destaca que os afastamentos já tem afetado o setor produtivo da empresa. Ainda segundo ela, todos os colaboradores afastados tiveram teste negativo para Covid-19, mas pegaram gripe forte, com dor de cabeça, febre alta e dores no corpo.
Ela afirma ainda que a empresa reforçou os cuidados entre os funcionários, intensificando o uso das máscaras e álcool em gel. Também foi firmada uma parceria com a Clínica do Sesi para a realização de testes de Covid-19 para os trabalhadores.
“Sem o Centro de Triagem, o funcionário tem que ir no posto de saúde e lá o teste é agendado para cinco, seis dias, então em parceria com o Sesi, nós respeitamos os três dias de sintomas e aí fazemos o teste. Dando negativo, o funcionário pega a medicação e aí pode retornar ao trabalho”.
A gerente de Recursos Humanos da Zen SA, Schirlei Knihs Freitas, afirma que a empresa tem uma média de 30 pessoas afastadas por Covid-19 ou com algum sintoma gripal, que ainda não conseguiu ter a identificação se é influenza ou coronavírus.
De acordo com ela, essa situação acaba impactando a organização em diversos aspectos, desde o atendimento ao cliente, que fica prejudicado, até o próprio bem-estar do colaborador.
“Não termos hoje uma estrutura na cidade que possa identificar rapidamente se é Covid ou Influenza prejudica a própria pessoa, que não sabe do que se tratar. Precisamos de uma ação conjunta para facilitar a realização de exames e dos resultados, porque ter que aguardar dias pra fazer o exame e ter o resultado está sendo muito prejudicial”.
A gerente de RH destaca ainda que a Zen terminou 2021 sem casos de Covid-19 entre seus colaboradores. Com os casos já identificados neste ano, a empresa também reforçou seu protocolo sanitário, principalmente com uso de máscaras e distanciamento social.
“É muito importante que todos se comprometam. A atitude de cada um que vai fazer nós vencermos a pandemia”, diz.
A presidente da Acibr reforça a importância de um atendimento ágil à população. Na segunda-feira, a entidade enviou um ofício ao secretário de Saúde pedindo a reabertura do Centro de Triagem, um consenso entre empresários e representantes de diversas entidades da cidade.
“Compreendemos que são em momentos assim que precisamos saber como lidar. A Covid se misturou com a gripe e sem o Centro de Triagem achamos tudo confuso, existe um trânsito maior das pessoas nos hospitais, que têm outras demandas para atender também. É preciso facilitar a vida da população. Achamos que fechar o Centro de Triagem foi prematuro”, diz.
Apesar dos apelos, nesta terça-feira o governo informou que não pretende reabrir o Centro de Triagem.
Rita também destaca a decisão do Ministério da Saúde de reduzir o tempo de isolamento de pacientes com Covid-19 de dez para sete dias, em caso de estar assintomático.
“Essa redução ajuda muito. A variante não está dando UTIs e é muito importante ter um isolamento menor, porque senão vira uma indústria de ficar em casa. Temos vários questionamentos: se alguém dentro da família está com Covid, todos têm que ficar 10, 14 dias em casa? Claro que todo mundo tem que ter seu tempo, mas precisamos de algo mais coerente, então essa decisão do Ministério da Saúde acredito ser acertada”.