Empresas de Brusque realizam entrevistas de emprego com venezuelanos
Grupo de 230 imigrantes chegou em Balneário Camboriú na semana passada
Grupo de 230 imigrantes chegou em Balneário Camboriú na semana passada
Duas empresas de Brusque, do setor têxtil, estão interessadas em contratar alguns dos venezuelanos que chegaram na semana passada em Balneário Camboriú.
O grupo vindo de Boa Vista, em Roraima, chegou à cidade catarinense por intermédio da Igreja Embaixada do Reino de Deus e agora está sendo encaminhado para cidades da região.
A pastora Andressa Leal Moreira, responsável pelo encaminhamento das famílias, afirma que as entrevistas das empresas brusquenses foram realizadas entre esta segunda e terça-feira e que o número exato de venezuelanos aprovados só será possível saber no fim desta semana.
Se forem contratados, os venezuelanos continuam morando em Balneário Camboriú, nas casas alugadas pela igreja, e só virão a Brusque para cumprir o expediente. “Queremos que eles continuem aqui em Balneário para ter o controle de cada família. Temos esse cuidado em relação a isso”, diz.
De acordo com a pastora, várias empresas da região demonstraram interesse em ajudar os venezuelanos. A intenção é que eles sejam formalizados no mercado de trabalho o mais rápido possível para que consigam se adaptar à nova realidade.
A pastora afirma que para Brusque são em torno de 20 vagas. O grupo formado por 230 pessoas está, em sua maioria, em Balneário Camboriú, mas algumas famílias já foram realocadas em Itajaí e Florianópolis, onde a igreja também tem núcleos.
Segundo ela, o espaço que a mídia tem dado ao caso tem ajudado a despertar o interesse e a compaixão das pessoas. “Quando você começa a olhar a necessidade do outro, começa a criticar menos e ser mais humano. Não são pessoas que estavam na rua porque queriam, são pessoas que passaram por um caos e foram obrigados a estar na rua.”
A imigração
Cerca de 30 mil venezuelanos vivem no Brasil atualmente, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desses, em torno de 10 mil cruzaram a fronteira somente nos primeiros seis meses deste ano.
O aumento da imigração de venezuelanos para o Brasil tem relação direta com o agravamento da crise política, econômica e social do país, com inflação alta e desabastecimento.
A igreja organizou a transferência dos imigrantes para Balneário Camboriú através de um contato direto com a Casa Civil da Presidência da República. Um grupo de voluntários da igreja arrecadou calçados, comidas e produtos de higiene durante dois meses para poder entregar aos venezuelanos.
O aluguel das casas também foi pago por voluntários. Cada família terá um responsável, denominado “anjo”, que é uma pessoa que vai ficar responsável por ajudar nesse primeiro momento.
Entre os refugiados, há 90 crianças com menos de 10 anos de idade. Para cada família com criança, também foram doados brinquedos. Elas devem entrar na fila para conseguir vaga nas creches e escolas públicas para o ano que vem.
“Tem uma criança de um ano que tomou leite pela primeira vez aqui. Antes era só água com amido de milho. É uma situação muito triste, não tem como não se comover. Passamos por problemas aqui no Brasil, mas nem se compara com a situação deles. Existe lugar para todo mundo, é só estender a mão para o outro”, diz a pastora.