Empresas de distribuição de gás em Brusque relatam aumentos seguidos de preço da Petrobras
Estatal realizou oito reajustes desde maio de 2020
Estatal realizou oito reajustes desde maio de 2020
Desde maio deste ano, a Petrobras já repassou oito aumentos do valor do gás de cozinha às distribuidoras. Antes deste período, a estatal vinha diminuindo o preço, mas, desde então, apenas reajustes foram realizados. O último deles foi de 5% em 4 de novembro. Em 2020, o aumento do gás de cozinha está mais que o dobro da inflação.
A Petrobras explica que o aumento do preço do gás não tem a ver com a inflação e que é baseada em uma política de preços que acompanha o mercado internacional. Além disso, a estatal justifica que o valor ao consumidor final é repassado pelas revendedoras.
“Importante esclarecer que, desde novembro de 2019, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final”, disse a empresa em nota na data do último aumento.
Administradora da Erenita Gohr Gás, Silvana Gohr classifica os reajustes como abusivos. “Esse ano já são oito aumentos da Petrobras, fora o aumento por parte das distribuidoras. Se aumenta o combustível, o frete ou o dissídio da categoria deles, eles repassam para nós. Os revendedores estão segurando a “bucha” aqui embaixo”.
Silvana conta que os dois últimos aumentos de 5%, em 22 de outubro e 4 de novembro já foram absorvidos pela empresa, mas nem todos foram repassados aos clientes. “Desses aumentos que aconteceram, repassamos apenas 3% para o consumidor, o resto as revendedoras absorveram”.
Enquanto isso, a Liquigás, segundo maior distribuidora de gás de cozinha do Brasil, registrou aumento de 98,8% de lucro líquido entre janeiro e setembro de 2020 comparado ao mesmo período de 2019. A utilização do gás de cozinha residencial aumentou durante a pandemia.
De acordo com Sindicato Nacional das Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), o volume de vendas de botijões de 13 kg entre março e setembro de 2020 registrou alta de 7,79% em relação a 2019.
A administradora conta que os consumidores se assustam com o aumento constante do botijão. “As pessoas ficam revoltadas, perguntam como que subiu de novo. A gente põe a notícia no mural e procura explicar, mas o pessoal está sentindo a crise por causa do coronavírus. Muitos estão vivendo com o auxílio que o governo está dando, e o gás fica subindo assim, as pessoas ficam bravas”.
O problema é recorrente em outras empresas da região. “As pessoas não entendem, acham que é a gente que está aumentando”, conta a atendente da Souza Gás, Sandra Marchi. Ela conta que escuta muitas reclamações dos clientes, principalmente aqueles que compram o gás de cozinha com um espaço de tempo maior.
Além disso, Sandra afirma que às vezes a própria distribuidora é surpreendida com os reajustes.
“É bem complicado, tem vezes que eles não avisam, a gente só descobre quando olha a nota fiscal. Teve outro aumento essa semana e ainda nem repassamos ao consumidor”.
Um dos proprietários da Fuckner Gás, de Guabiruba, e Isa Gás, em Brusque, Gilvan Fuckner conta que a margem de lucro vem diminuindo desde o ano passado, entre 20% e 30%.
“Está complicado, são muitos aumentos seguidos e somos obrigados a repassar aos clientes”, diz. “Tivemos que frear investimentos, reduzir equipe. Não esperávamos que o governo, a Petrobras e as companhias fossem aumentar tanto”.