Enfermeira conta como é trabalhar em contato direto com casos suspeitos e confirmados de coronavírus
Francine Ribeiro coordena equipe formada por 39 profissionais no pronto-socorro do Hospital Azambuja
Francine trabalha no Hospital Azambuja há três anos e meio e a pouco mais de um mês precisou se adaptar com uma nova rotina no trabalho e também em casa.
A enfermeira conta que logo que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, ela e os demais profissionais de saúde já sabiam que mais cedo ou mais tarde a doença chegaria no município.
“Começamos treinamento, capacitação das equipes diariamente para estar todo mundo preparado, com equipamentos necessários e conscientizados quando a doença chegasse aqui”.
Por ser uma situação completamente nova, Francine diz que sua grande preocupação sempre foi deixar a sua equipe o mais preparada possível para atender os pacientes da melhor forma e também se proteger, já que o risco de contágio entre os profissionais da saúde é bastante grande.
“Nos primeiros dias, o nível de estresse da equipe era muito grande porque estávamos todos lidando com algo totalmente novo. Por mais preparada que a equipe estava, havia muitas dúvidas e isso é normal, é uma pressão muito grande”.
Além de conviver diariamente com casos suspeitos e confirmados de coronavírus, a enfermeira também precisou redobrar os cuidados em casa, para evitar a contaminação do marido, por exemplo.
“Meu marido está praticamente trancado dentro de casa. Como eu já estou exposta no hospital, sou eu que vou para o mercado e faço o que precisa ser feito na rua. Todo cuidado é pouco”, diz.
Depois de passar o dia todo no hospital, cuidando não apenas dos doentes por coronavírus, mas também pelas demais doenças, Francine tem que seguir todo um ritual antes de poder, enfim, descansar.
“Tiro o calçado na porta, vou direto pra lavanderia colocar a roupa pra lavar e aí vou pro banho. Todo dia tem sido assim, porque mesmo usando todos os equipamentos de proteção no hospital, ainda fica um certo receio”.
Natural do Paraná, Francine mora com o marido em Gaspar. O contato com família e amigos é pelo WhatsApp. “Todo mundo se preocupa, pedem pra eu me cuidar. Ligam pra saber como estou, se o marido está em casa, se está se cuidando, porque sabem que o risco é grande, por eu estar na porta da frente”.
Nas últimas semanas, Francine e sua equipe já tiveram contato com vários casos suspeitos de coronavírus e alguns positivos. No início, havia uma certa apreensão, que é normal, por ser uma situação bem diferente da qual todos estão habituados, mas Francine diz que é gratificante poder ajudar com seu trabalho aqueles que mais precisam.
“Essa é a nossa missão, trabalhamos para ajudar as pessoas e esse é o momento que elas mais precisam de nós, mesmo com todos os riscos. Sei que é complicado, que tem a preocupação com o dinheiro, mas é importante que as pessoas fiquem em casa, logo vai passar, mas se todos se cuidarem, vai passar mais rápido”.