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Entenda estratégia para escolha de nomes no processo de impeachment de Moisés

Deputados favoráveis ao afastamento e governo travam disputa na Alesc

Há muita conversa por trás do processo de impeachment de Carlos Moisés (PSL) e hoje é quase certo que, se ele, a vice Daniela Reinehr e o secretário Jorge Eduardo Tasca fossem afastados, a eleição direta para escolha de um novo governador se torna praticamente inviável.

Isso porque outubro e novembro são meses de eleição municipal e dezembro, e, na política, é um mês que inexiste – isso se o governo não usar as armas judiciais para atrasar o processo que deve acabar mesmo só em 2021.

O presidente da Alesc, deputado Júlio Garcia (PSD), já anunciou que não concorrerá à reeleição de deputado estadual em 2022 e se o governador for afastado, é bem provável que ele assuma interinamente o governo, podendo se colocar como candidato para ficar no cargo em definitivo e aí sim se candidatar para a reeleição de governador em 2022.

E é a partir daí que começa toda a estratégia dos que são favoráveis ao impeachment dos três citados escolhendo a dedo os membros dessa Comissão Especial, que teve conversas longas com os líderes de cada bancada para que nada escape e tudo seja feito de acordo com o entendimento da oposição. Segundo as falas dos corredores da Alesc, tudo foi pensado para trazer as principais lideranças dos partidos para, pelo menos, um entendimento de que esse governo acabou.

Dos três deputados do PP na Alesc, somente João Amin é favorável ao impeachment, e aí só ele pode fazer com que senador Esperidião Amin e a deputada federal Ângela Amin, ambos do PP, pai e mãe respectivamente de João, mudem de ideia, pois os dois já se manifestaram contrários ao afastamento do governador e da vice.

A bancada dos nove deputados do MDB na Alesc está rachada e o partido pode ser o fiel da balança quando a votação do relatório da comissão for para o plenário para aprovação ou não do afastamento. Por isso foi colocado como o relator dessa Comissão o deputado Luiz Fernando Vampiro (MDB), pois membros históricos da sigla, como Celso e Cassildo Maldaner, Eduardo Pinho Moreira, Paulo Afonso Vieira, Dário Berger e até Rogério Peninha Mendonça, não são favoráveis ao afastamento do governador.

Esse racha na Assembleia pode fazer com que a cúpula emedebista queira negociar com o PSD de Júlio Garcia uma composição de um novo governo a partir de 2021, pois com isso podem também isolar o senador Jorginho Mello (PL), que quer ser candidato a governador em 2022.

Mas o PL conseguiu colocar na vice-presidência dessa comissão o deputado estadual Maurício Eskudlark que tem também o deputado Jessé Lopes, da ala contrária a Moisés no PSL, na vice-relatoria. Ele inclusive foi um dos quatro deputados estaduais punidos pelo partido, no último mês de maio, por terem contrariado ao governador dentro da Alesc.

Em entrevista para uma rádio do sul de Santa Catarina, o deputado João Amin disse que pode sim acontecer de afastarem o governador Moisés e o secretário Jorge Tasca dos cargos, mas entenderem que Daniela Reinehr não teve culpa nesse processo, pois as defesas dos três acusados serão analisadas separadamente.

Então, depois do recebimento das defesas de Moisés, Daniela e Tasca, o jogo político e as conversas sobre os próximos capítulos do impeachment devam ser intensificadas, porque tá todo mundo vivendo 2020, mas pensando somente em 2022.

Setembro promete ser um mês onde a política municipal começa a esquentar, mas também será o mês para ver quem leva a melhor na queda de braço entre o governador Carlos Moisés e o deputado e presidente da Alesc, Júlio Garcia.