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Entenda motivos alegados pela CPI da Pandemia para indiciamento de Luciano Hang

Empresário brusquense é considerado um dos principais personagens na disseminação de fake news, segundo relatório

Na manhã desta terça-feira, 19, o relator da CPI da Pandemia distribuiu cópias da minuta do relatório final aos senadores integrantes da comissão. Nesta quarta, 20, ocorreu a leitura do relatório. O documento inclui o pedido de indiciamento de 70 pessoas e duas empresas, entre elas, o empresário brusquense e proprietário da rede de lojas Havan, Luciano Hang.

De acordo com o relatório, Luciano poderá responder por suspeita de disseminação de fake news, notícias falsas e incitação ao crime. “O empresário bolsonarista e um dos principais personagens na disseminação de fake news, também investigado pelo financiamento de sites e pelo impulsionamento de notícias falsas utilizando bots, foi incluído na lista de disseminadores de fake news”, aponta relatório.

O documento ressalta ainda que, nas redes sociais, Hang fez centenas de postagens para difundir o tratamento precoce, resistir ao lockdown e atacar as vacinas. “É investigado pelo Supremo Tribunal Federal no inquérito que investiga postagens e financiamentos de atos antidemocráticos. Em maio de 2020, teve suas redes sociais suspensas”, continua.

O relatório pode ser alterado antes da votação que irá aprovar o texto final. Ele também pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e dos três filhos parlamentares.

Motivos para indiciamento de Luciano Hang

O relatório cita o depoimento de Luciano na CPI, em 29 de setembro. Um dos principais vínculos detectados na investigação é do empresário e Otavio Fakhoury com Allan dos Santos, do canal Terça Livre. Otávio é apontado pela CPI como financiador de diversos veículos investigados.

“Documentos obtidos por esta CPI mostram que Allan pediu financiamento a Luciano Hang em conversa de Whatsapp intermediada por Eduardo Bolsonaro. O sucesso do pleito foi oficializado em diálogo entre ambos, no dia 18 de maio de 2019, quando Allan diz a Eduardo ‘Luciano Hang tá dentro’, ‘Patrocínio para o programa’”, aponta.

Na ocasião, a minuta destaca que o empresário confirmou que disponibilizou recursos que possibilitaram a monetização de site na internet.

Ainda, ressalta a necessidade de os órgãos de investigação apurarem a atuação de offshores em nome de Luciano. Também afirma que há indícios que é por meio delas que são realizados pagamentos de automação para impulsionar as redes sociais do grupo.

“Além dos indícios de financiamento, Luciano Hang também propagou fake news, por meio de publicações na internet. Com efeito, divulgou inúmeros vídeos, alguns exibidos durante a sua oitiva, em que defendia o tratamento precoce e informava que não mais iria fechar suas lojas durante a pandemia. Essas condutas, sem dúvidas, influenciaram as pessoas a utilizar remédios com ineficácia comprovada, bem como a descumprir o distanciamento social”, completa.

Publicações de Hang nas redes sociais

No relatório, são apontadas diversas publicações de Luciano nas redes sociais que são relacionadas à pandemia. Confira abaixo:

30/03/2020 – Hang compartilha postagem enganosa de Bia Kicis sobre o posicionamento da OMS quanto ao lockdown.

Reprodução

21/04/2020 – Em postagem em seu Twitter reclama de prejuízos financeiros de hospitais vazios.

Reprodução

26/04/2020 – Bolsonaro compartilha trecho de entrevista de Luciano Hang no qual o empresário fala como foi sua atuação como ativista político e suas doações para a campanha do presidente.

Reprodução

29/04/2020 – Luciano Hang posta sobre visita realizada com empresários e Bolsonaro ao Gabinete de Crise do Combate ao Coronavírus no Palácio do Planalto.

01/05/2020 – Postagem no Twitter ataca o governador de São Paulo ao chamá-lo de “Dóriavírus”

05/06/2020 – Luciano Hang em vídeo que fala com Osmar Terra sobre a suposta fraude no número de mortes por covid-19.

Reprodução

05/06/2020 – Divulgando conteúdo com desinformação, faz comparação “fantasiosa” entre Brasil e Itália sobre as mortes por coronavírus.

Reprodução

08/06/2020 – Defende mudança na recontagem do número de mortos no país.

14/12/2020 – Compartilha áudio de depoimento de Alexandre Garcia contra medidas de isolamento, minimizando a doença.

Reprodução

09/01/2021 – Em sua rede social divulga medicamentos que compõem o tratamento precoce para “melhorar a imunidade contra o coronavírus”.

Reprodução

12/01/2021- Compartilha trecho de vídeo de Alexandre Garcia no qual informa que o tratamento precoce estaria comprovado pela ciência.

Reprodução

06/02/2021 – Publicou vídeo em rede social defendendo o tratamento precoce e afirmando que se tivesse feito com a mãe que faleceu de covid-19, talvez ela pudesse estar viva.

Reprodução

12/05/2021 – Critica eficácia da Coronavac

Reprodução

02/08/2021- Faz postagem em sua rede social chamando as pessoas para participarem da motociada em favor do presidente e contra o lockdown.

02/08/2021- Faz postagem em sua rede social chamando as pessoas para participarem da motociada em favor do presidente e contra o lockdown.

15/09/2021- Publica desinformação sobre o uso da máscara.

CPI da Pandemia: próximos passos

A leitura do parecer foi adiada para esta quarta-feira, após suspeitas de vazamento do relatório. A votação do documento deve ser realizada no dia 26 de outubro.

Após a leitura e aprovação, o relatório será repassado para os órgãos competentes. Entre eles, a Procuradoria-Geral da República, Tribunal de Contas da União e Ministério Público.

Empresário emite nota

O dono da Havan publicou uma nota nas redes sociais comentando o relatório da CPI, após ser procurado por alguns meios de comunicação, no último sábado, 16 de outubro.

“Estou agradecido e honrado por ter participado da CPI. Tive a oportunidade de explicar aos brasileiros o que eu e a Havan fizemos durante a pandemia. Sobre o relatório mencionar o meu nome, não esperava nada diferente, pois trata-se de uma comissão política amparada em narrativas e não em fatos. Tenho a certeza de que a verdade irá prevalecer. Quem não deve, não teme.”

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