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Entidades brusquenses analisam processo de impeachment de Dilma

Senado recebeu documentos da Câmara dos Deputados na tarde desta segunda-feira, 18, para dar início ao trâmite

Após a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados no domingo, 17, o Município Dia a Dia conversou com representantes de entidades de classe de Brusque para que avaliem os seus efeitos no município. Veja no detalhe.

Processo continua

Ontem à tarde, o Senado recebeu o processo de impedimento. Eduardo Cunha, presidente da Câmara, foi pessoalmente ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros, para formalizar a entrega do documento de 36 volumes e 12.044 páginas.

Caberá agora ao Senado decidir pela abertura do processo e posterior julgamento de Dilma. Segundo Calheiros, o processo será lido hoje na sessão deliberativa do plenário.

Depois, será formada uma comissão especial para analisar a admissibilidade do caso. Se aprovado, os senadores também votarão pela continuidade ou não do processo. Caso eles aprovem o impeachment, Dilma será afastada por até 180 dias e julgada pelo plenário da Casa, em rito comandado pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o julgamento, o vice-presidente, Michel Temer, assumirá a presidência do Brasil.

Em sua primeira declaração pública desde a derrota de domingo, ontem à tarde, Dilma afirmou à imprensa que se sentiu indignada e injustiçada e acusou seu vice de trair e conspirar abertamente contra ela.


Associação Empresarial de Brusque (Acibr)
Halisson Habitzreuter, presidente

“Vemos com muito bons olhos o início do processo do impedimento. Acredito que o atual governo está totalmente inviável. Não existe a mínima hipótese de continuar com o governo pela própria incompetência dos atuais representantes, que não possuem mais representatividade no Congresso. A mudança, qualquer que seja, ela vem só para melhorar. Acreditamos que o mercado já responderá prontamente a este início de processo e o desdobramento do próprio processo vai refletir positivamente no mercado. O medo é que as coisas acabem atravancando no meio do caminho e possa gerar alguns entraves na retomada do crescimento, mas a gente espera que seja solucionado logo. Não temos como emitir uma opinião sobre a política de governo do Michel Temer, mas a gente vê com o bons olhos essa mudança. A pessoa do novo presidente vai ser melhor do que a atual”.


Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque
Michel Belli, presidente

“Somos favoráveis à votação dos deputados e da continuidade do processo de impeachment para retirar a presidente Dilma do poder.

Esperamos que o governo do Michel Temer olhe para o empresário, que é o que a gente defende como entidade de classe, e que dê um fôlego para o crescimento econômico, não tanto com os olhos do assistencialismo governamental, mas empresarial. Temos que aguardar este processo moroso, que vemos que não será tão rápido, mas cremos que será positivo, por que a maioria dos senadores já está apontando para um favorável impeachment ou por que não de uma eventual renúncia da presidente, por que se ela renúncia ela pode se eleger de novo, caso contrário ela fica inelegível”.


Centro Universitário de Brusque (Unifebe)
Günther Lother Pertschy, reitor

“Reflexo de toda uma situação que levou a disparar essas questões e deixar o país novamente com problemas econômicos, de desemprego, questões sociais e até de moral, situação de tudo o que foi desvendado por meio da operação Lava Jato. Não temos condições de credibilidade do governo atual. É uma oportunidade de voltar a ter motivação de continuar essa caminhada economicamente e de resgate para um início com mais propostas dentro da ética, o que seria a normalidade.

Dentro da hierarquia de poder agora, a gente percebe que todos eles estão apresentando algum tipo de problema. Se o impeachment se concretizar, que os governantes tenham lucidez e constituem um governo provisório, que tenha um período para novas eleições, uma proposta de começar num novo formato que resgatasse e nos desse a chance de um novo começo. Por que se fazer simplesmente o impeachment e entrar alguém que esteja também envolvido em situações consideradas não normais (Michel Temer, Eduardo Cunha) estaremos apenas trocando os dirigentes, mas mantendo os mesmos problemas, a hierarquia toda está comprometida. Não é o Temer que vai resolver a situação econômica do país, até por que o PMDB esteve junto com o PT desde o início e tem a sua fatia de responsabilidade na construção desta realidade, mas é lógico que a situação que se desenhou a partir de então, nos faz ter esperança de buscar por dias melhores. O ideal seria fazer um governo temporário, provisório, e fazermos uma eleição nova para que a população brasileira decidisse por este momento”.


Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Brusque
Renato Munhoz, presidente

“A OAB protagoniza uma ação própria requerendo o impeachment, inclusive do Michel Temer, um requerimento próprio para que seja realizado o impeachment tanto da presidente Dilma como do vice-presidente Michel Temer. Desta forma nós aplaudimos a votação que foi realizada na Câmara dos Deputados e aguardamos que em breve o Senado realize o procedimento lá e seja exitoso o número de parlamentares que optem pelo impeachment da Dilma. Esperamos que ocorra tanto o dela (Dilma) como o dele (Temer), mas são procedimentos separados.

E demorou bastante, cerca de 20 semanas para que isso fosse levado adiante, diferente do que foi feito em 1992, com o impeachment do Collor, que foi apenas de quatro semanas. O procedimento tá muito moroso, mas acredito que ser for levado em frente da presidente Dilma, o vice poderá assumir a presidência da República, mas também terá o seu impeachment. É lamentável que o Brasil esteja enfrentando essa situação, mas somente assim o país retomará o seu crescimento”.


Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores de Brusque e Região
João Decker, coordenador

“É tão complicado que ninguém sabe o que vai ocorrer, se o Temer também vai para o impeachment, é uma incógnita muito grande. Tem que ver se o processo vai passar no Senado mesmo, para depois vermos o que vai ocorrer, por que as pessoas estão todas comprometidas. No meu entender, vai acontecer muita coisa ruim daqui para frente. Hoje o Brasil está ingovernável, se tem impeachment ou não tem, o país está numa situação muito delicada. É muita demagogia, aquilo para mim não passou de um circo, era uma festa e não era uma responsabilidade de cada deputado, eles não estavam preocupados com o país, estavam preocupados com o lado deles, infelizmente, e quem vai pagar um preço alto é o povo. É muito triste, a falta de respeito, falta de ética por parte de muitos profissionais da política, então vamos ver o que vai acontecer”.


Serafim Venzon
Deputado estadual, líder da bancada do PSDB

“Foi uma decisão que, de certa maneira, veio tarde. A economia sofre há muito tempo. O povo brasileiro precisa de uma resposta mais urgente. A gente espera que, apesar dessa forma não ser o ideal, talvez seja uma grande oportunidade para o Brasil. No último impeachment que ocorreu, o governo que substituiu acabou fazendo o Plano Real, que certamente foi a decisão mais importante para o Brasil. A presidente perdeu a capacidade de governar. Em caso de impeachment, esperamos que o novo governo tenha criatividade para surpreender o Brasil com algo novo, bom, que renove a esperança dos brasileiros. Torço para que essa decisão que o Congresso tomou seja uma grande oportunidade para o Brasil ressurgir das cinzas”.