Entidades brusquenses avaliam gestão interina de Michel Temer

Lideranças do município consideram cenário do novo governo bastante imprevisível ainda

Entidades brusquenses avaliam gestão interina de Michel Temer

Lideranças do município consideram cenário do novo governo bastante imprevisível ainda

O Município Dia a Dia conversou com representantes de entidades de classe de Brusque para saber o que elas pensam do governo interino de Michel Temer, que está há pouco mais de um mês e meio no poder, deste que Dilma Rousseff foi afastada de suas funções, enquanto o Senado julga seu processo de impeachment.

Representantes do Fórum Sindical, do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), da Associação Empresarial (Acibr) e da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) são unânimes ao afirmar que o país só irá entrar no rumo quando houver a decisão final sobre o impeachment de Dilma.

Além disso, consideram ainda muito nebuloso o cenário dos próximos meses, tendo em vista a instabilidade política e econômica que toma conta do país.


Trabalhadores pagam a conta
João1DeckerPara o coordenador do Fórum Sindical de Brusque, João Decker, que representa onze entidades sindicalistas, é difícil avaliar se o governo Temer está se saindo bem, devido ao cenário de intensa corrupção.

“Dois ministros dele já caíram, está tão enraizada a corrupção neste país, e principalmente no meio político, que é difícil dar um diagnóstico de como vai ficar. Enquanto não for definido esse processo da Lava Jato é difícil acontecer alguma coisa”, afirma Decker.

Para ele, os trabalhadores é que estão pagando a conta da crise política. “Só querem mexer na parte trabalhista, na parte previdenciária, que já é castigada demais”.

Ele diz também que a falta de entendimento entre governo e congresso dificulta mudanças positivas na economia. “Só se vê coisas absurdas que acontecem no país, aí vem o desemprego, vem a crise, mais política do que econômica, ninguém se entende e quem paga o preço são os trabalhadores, com seus empregos”, diz o coordenador do Fórum.

“Quem está na base é que está levando a carga pesada, e ainda não está às claras o que vai acontecer. Temos que torcer muito para que a coisa vá certo, porque senão vamos sofrer muito ainda”, afirma o sindicalista.


Diálogo com a Educação
Gunther

O reitor da Unifebe, Günther Lother Pertschy, afirma que é cedo para uma avaliação aprofundada, mas destaca que há bons prognósticos para esse governo, sobretudo na área da educação.

Ele informa que semana retrasada esteve em Brasília para tratar de assuntos relacionados à educação, e foi recebido pelo ministro Mendonça Filho e seus secretários, durante dois dias, para debater propostas e receber solicitações.

“Pelo menos está havendo bastante interação neste momento, isso nos dá esperança de que momentos melhores virão. Entretanto, a gente percebe que, como ainda há um processo de impeachment em andamento, as decisões mais aprofundadas, que vão dar mais impacto, acontecerão a partir de setembro”.

“Posso dizer que a interlocução, a boa vontade de ouvir as partes está ocorrendo de uma forma que antes a gente não percebia muito, e isso é muito positivo”, diz o reitor.

Para ele, no entanto, ações mais concretas do novo governo só devem ocorrer após a finalização do julgamento de Dilma. “Mas o início identificado por nós está sendo positivo, a ponto de ouvir as propostas, e isso é muito importante na democracia: a partir das conversas se constrói um novo futuro”.


Empresariado está confiante
Halisson
Para o presidente da Acibr, Halisson Habitzreuter, “melhor o governo Temer do que o governo anterior”. Ele diz que haverá muitos desafios a serem enfrentados pelo atual governo, mas que este “dá sinais claros de que está levando o país pra um caminho para superar a crise”.

“É um caminho longo, árduo, mas a gente vê que as propostas são coerentes, ele está enfrentando a questão da previdência, ele tem ciência de que a comunidade empresarial não aguenta mais aumento de tributos”.

O presidente da Acibr considera, também, que é preciso legitimidade para que Temer possa levar adiante a reforma da previdência e suas propostas de privatização. “É preciso sair a Dilma para ele ter essa legitimidade e dar continuidades às mudanças que o país precisa”.

Para Habitzreuter, Temer terá que enfrentar o problema da crise nos estados, e avalia que para chegar a esse nível de falta de recursos, a questão previdenciária é o principal entrave enfrentado pelos governadores. “É necessidade do país destravar isso e novamente conseguir equilibrar as contas do governo”.

“A classe empresarial só vê uma luz no fim do turno com o governo Michel, o retorno do governo Dilma vai ser pior ainda, a gente não vê possibilidade de uma retomada do crescimento com a presidente Dilma”, conclui.


Ânimo esperado não veio
Michel
“Michel Temer pouco fez, também não era de se esperar algo muito diferente, haja vista que assumiu o cargo de um governo com déficit de R$ 100 bilhões, inflação de dois dígitos e mais de 11 milhões de desempregados”, afirma o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Michel Belli.

Belli afirma que reprova algumas atitudes do novo governo, e que uma delas foi de que, dos 23 ministros escolhidos, pelo menos cinco tiveram seus nomes ligados à operação Lava Jato. “Num momento delicado como esse não é pertinente essa aproximação”.

Ele também rechaça a intenção do governo de aumentar impostos, tornada pública logo na primeira entrevista de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do atual governo.

“Isso é inadmissível. Em meio a uma crise econômica e com tantos escândalos de corrupção, o correto seria justamente o contrário, deveria ser feito um planejamento de parcelamento tributário para as empresas conseguirem fôlego”, afirma o empresário.

Para o presidente da CDL, um dos pontos positivos no novo governo é que as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal não arrefeceram, como foi ventilado por setores oposicionistas ao interino.

“[As investigações] estão cada vez mais intensas, e o governo não está interferindo em nada, isso é bom, pois independente de quem seja ou qual partido pertença o corrupto, ele tem que ser julgado e caso for culpado deve ser condenado”.

Michel Belli diz, por fim, que acreditava que haveria um pouco mais de ânimo por parte dos investidores, e a economia se mostraria mais positiva após a troca de governo, porém, isso não aconteceu.

“Muitas incertezas e inseguranças pairam sob as decisões e definições de nossos governantes, sabemos que mudanças são necessárias, e elas levam um tempo para gerarem resultados”.

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