Entidades de Brusque cobram ação mais enérgica do governo do estado
Empresários alertam que greve pode causar o caos social e aprofundar a crise
Diversas entidades de Brusque cobraram uma ação mais enérgica do governo do estado, por meio da Polícia Militar, em reunião extraordinária nesta quarta-feira, 30. Um ofício será enviado ao governador Eduardo Pinho Moreira no sentido de que exerça autoridade.
O pedido para que o comando-geral autorize escoltas e desbloqueio total e irrestrito das rodovias foi endossado pela Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas), Sindicato do Vestuário (Sindivest), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Brusque e outros empresários e entidades.
O comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, foi questionado sobre a ação da polícia durante o manifesto dos caminhoneiros que fechou o Posto Vale Europeu na terça-feira, 29.
Os empresários pediram que a PM seja mais enérgica, uma vez que se trata de uma propriedade privada. Os representantes da WDCom também estiveram presentes e reclamaram da situação.
O tenente-coronel afirmou que existe uma orientação do Comando-Geral da Polícia Militar de Santa Catarina para que não haja confrontos com os manifestantes. Ele disse que os policiais estão gravando e fotografando os atos, com o objetivo de, posteriormente, identificar quem praticou crimes.
O comandante disse que parte dos manifestantes querem confronto para ganhar mais destaque na mídia. Ele afirmou, ainda, que a greve tem grande apoio popular e que, no início, chegou a ser apoiada pelas entidades empresariais.
Diversos representantes de entidades disseram que apoiaram a greve, mas que o “movimento legítimo” acabou. No entendimento deles, o que continua é uma minoria radicalizada.
Os empresários fizeram duras críticas à postura do governo do estado, que não autoriza uma ação mais enérgica da polícia na liberação de rodovias. “Não eram pessoas de bem, queriam baderna”, disse o presidente da OAB do município, o advogado Renato Munhoz, sobre o episódio no posto de combustíveis.
“A PM não está sendo incisiva. Não temos como ficar tranquilos”, afirmou o presidente da OAB. “Nós clamamos para que a PM interceda nessas barreiras”, completou.
Munhoz solicitou ao tenente-coronel que pergunte ao comando em Blumenau se é possível enviar mais PMs para Brusque, para normalizar a situação. A sugestão foi apoiada pelos presentes na reunião.
Caos social
A presidente do Sindivest, Rita de Cássia Conti, relatou que os transportadores que levam as suas mercadorias estão sendo barrados. “Deixem a gente trabalhar”, disse a empresária.
Halisson Habitzreuter afirmou que a continuidade do movimento poderá resultar no “caos social”. Segundo ele, várias empresas já paralisaram as atividades ou podem parar a qualquer momento.
De acordo com o presidente, a greve já causa “graves prejuízos econômicos para Brusque, Guabiruba e Botuverá”.
“A greve perdeu a legitimidade, precisamos voltar à normalidade”, disse o presidente da associação.
Abastecimento
O comandante da 7ª Região Policial Militar, de Blumenau, Carlos Alberto Fritz Bueno, telefonou para o tenente-coronel Otávio durante a reunião. Bueno autorizou o uso das viaturas de toda a região para a escolta de caminhões-tanque, inclusive de postos particulares.
Até o início da manhã desta quarta, a PM escoltava somente caminhões-tanque destinados a serviços essenciais. Com a mudança, a expectativa do tenente-coronel é de que o abastecimento seja normalizado na cidade dentro de pouco tempo.
Abordagens
De passagem por Brusque, o presidente da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC), Bruno Breithaupt, esteve brevemente na reunião. Ele também externou preocupação com a radicalização do movimento.
Breithaupt participou de reunião com o governador Pinho Moreira nesta terça-feira, 29. Segundo ele, o governador garantiu “o cumprimento da lei”.
Breithaupt contou que na terça à noite vinha para Brusque e foi parado por homens em barreiras. Ele disse ter ficado com medo de ser agredido devido aos ânimos exaltados.
O presidente do Sindilojas, Marcelo Gevaerd, contou ter passado por momento apreensivos ao ser parados por duas vezes entre Itajaí e Brusque também na terça à noite.
Crime organizado
Habitzreuter questionou o tenente-coronel Otávio se havia envolvimento crime organizado no meio das manifestações. A informação de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) está infiltrado no momento tem circulado na internet.
O comandante da PM de Brusque afirmou que a Inteligência está nas ruas e que não há qualquer indício de que exista envolvimento do crime organizado.