Entidades e empresários de Brusque começam a contabilizar prejuízos da greve

Impacto financeiro é significativo em praticamente todos os segmentos

Entidades e empresários de Brusque começam a contabilizar prejuízos da greve

Impacto financeiro é significativo em praticamente todos os segmentos

As empresas de Brusque ainda contabilizam os prejuízos causados pelos dez dias de paralisação dos caminhoneiros. Diversos segmentos foram afetados por diferentes motivos, seja pela falta de combustível, pelo desabastecimento ou pela retenção de cargas no Porto de Itajaí.

“O impacto vai ser grande na economia”, avalia o presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Halisson Habitzreuter. Principal entidade da microrregião, a Acibr congrega todos os setores da economia local.

De acordo com Habitzreuter, os impactos foram sentidos em diferentes intensidades por cada setor. Na última reunião da associação, durante a greve, alguns empresários relataram perdas importantes com os bloqueios.

Um dos setores mais representativos da economia de Brusque, Guabiruba e Botuverá, as micro e pequenas empresas de vestuário foram fortemente atingidas. O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (Ampebr), Ademir José Jorge, afirma que muitas confecções pararam devido à greve dos caminhoneiros.

A explicação é que o ramo têxtil e de vestuário é uma cadeia de várias empresas. Por exemplo, uma camisa passa por talhação, confecção, estamparia e outros processos.

“Ficaram sem trabalhar por falta de combustível para os veículos. Impactou, com certeza, mas a causa foi justa, o diesel estava aumentando todo dia”, afirma Jorge.

As tinturarias também foram afetadas e algumas chegaram a parar completamente. Segundo Ademir Jorge, faltaram produtos químicos para os processos.

Ainda no campo de atuação têxtil, as fiações e tecelagens foram prejudicadas pela falta de insumos. Segundo o presidente da Ampebr, não havia como trazer a matéria-prima vinda de outros estados para as fábricas.

O coordenador do Núcleo de Fabricantes de Toalhas da (Acibr), Jonas Groh, diz que, dos 14 integrantes do núcleo, sete chegaram a parar totalmente. Os demais foram atingidos de alguma forma.

Groh explica que o algodão usado nas tecelagens para fabricar o fio para as toalhas não conseguiu sair do porto e chegar às empresas. Segundo ele, diante desse quadro, alguns empresários chegaram a dar folga ou férias aos funcionários neste semana a fim de minimizar prejuízos.

Ainda não existe número concreto do tamanho do impacto financeiro no setor. A avaliação preliminar é de que a perda é de 4% do faturamento mensal a cada dia. Groh acredita que o fornecimento deverá voltar à normalidade em uma semana.

Comércio exterior
As empresas dos três municípios da região importam e exportam para diversos países. Portanto, o impacto também foi sentido no comércio exterior.

Gabriel Dantas, coordenador do Núcleo de Comércio Exterior da Acibr, afirma que o prejuízo aconteceu porque os contêineres ficaram retidos nos portos. “Os custos do que ficou parado serão cobrados independentemente”.

Segundo o empresário e coordenador, se a greve tivesse continuado por mais alguns dias, a situação seria ainda pior porque não haveria mais espaço para o descarregamento de contêineres. Isso levaria aos navios não poderem mais aportar em Itajaí.

Comércio
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Brusque e Região (Sindilojas), Marcelo Gevaerd, afirma que a greve teve forte impacto nos lojistas. “A queda foi grande. Deve interferir no faturamento mensal um valor significativo”.

De acordo com Gevaerd, além das perdas por não vender, os lojistas também tiveram de lidar com faltas de funcionários. Alguns não puderam comparecer para trabalhar devido aos vários problemas de mobilidade.

Prejuízo afetou comércio e indústria do estado

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC) e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) divulgaram pesquisas sobre a greve dos caminhoneiros.

O levantamento da Fecomércio-SC aponta que cerca de 80% dos empresários do ramo no estado foram atingidos de alguma forma pela greve. Foram realizadas seis perguntas para 101 empresários dos municípios de Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joaçaba, Joinville, Lages, Laguna e Rio Negrinho.

Os dados foram apurados com os segmentos: restaurantes (40,6%), hotel (17,8%), farmácia (11,9%), atacado (6,9%), supermercados (6,9%), material de construção (6,9%), posto de gasolina (5,0%) e transporte intermunicipal (4,0%).

A pesquisa da federação também aponta que as perdas foram estimadas em uma queda de 32,4% no setor de comércio, serviços e turismo durante o período da greve.

Indústria
A pesquisa da Fiesc ouviu 905 empresários e indica que 70% das empresas associadas foram atingidas intensamente. Quase metade das empresas estima das perdas em pelo menos 20% do faturamento mensal.

“Essa paralisação tem dois efeitos: um é imediato, que são as perdas. O Brasil deixou de exportar 1 bilhão de dólares. Só a agroindústria no país deixou de exportar 350 milhões de dólares, além de todas as consequências como o rompimento de contratos e a aplicação de penalidades ao exportador que atrasou a entrega. Um dos efeitos de longo prazo, e talvez o mais perverso, é a quebra da confiança porque o mundo está muito competitivo”, avalia o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.

Ainda conforme a pesquisa, 78% dos entrevistados do setor têxtil e confecção, celulose e papel consideram-se muito afetados pela greve.

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