Entidades e vereadores se manifestam a favor de projeto que proíbe fogos de artifício com barulho em Brusque
Audiência pública na Câmara discutiu texto dos vereadores André Rezini e Jean Dalmolin nesta quarta-feira, 11
Audiência pública na Câmara discutiu texto dos vereadores André Rezini e Jean Dalmolin nesta quarta-feira, 11
A Câmara de Vereadores de Brusque realizou nesta quarta-feira, 11, audiência pública para discussão sobre o projeto de lei que visa proibir a queima de fogos de artifícios com estampido. O texto é de André Rezini (Republicanos) e Jean Dalmolin (Republicanos).
A presidente da Associação de Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (Ama Brusque), Guédria Motta, e a tesoureira da Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra), Jéssica Ricardo, participaram da audiência, assim como representantes do Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan) e Associação Empresarial de Brusque (Acibr).
Dalmolin relatou que grupos de pais de crianças autistas e também de proteção aos animais levaram o assunto aos vereadores.
Em 2019, proposta praticamente idêntica do então vereador Paulo Sestrem foi arquivada pela Comissão de Constituição, Legislação e Redação.
“Na época, eu votaria contra, mas eu erraria naquele momento, porque não tinha informações suficiente. Sabemos que é cultural a soltura de foguetes, mas paramos inclusive com esses fogos de artifício com estampido antes dos jogos do Brusque, a diretoria se comoveu com relatos que trouxemos”, disse Rezini.
O vereador citou que várias cidades já aprovaram projetos nesse sentido, como Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília. Ele acrescentou que existem outras alternativas de fogos de artifício sem efeitos sonoros.
Presidente da Ama Brusque, Guédria destacou que, além da lei, é importante levar conhecimento para as pessoas.
“Talvez, quem é contra [o projeto] não tem uma criança autista, um idoso, uma pessoa doente ou um animal em casa. Quando a gente entende o que está sendo discutido, percebemos que é uma questão necessária, que precisa avançar. Quando o barulho de um foguete chega no ouvido de um autista hipersensível, ele chega amplificado. As crianças não conseguem entender e entram em pânico”, explicou a presidente da Ama.
Ao fim de sua fala, a presidente da Ama mostrou vídeos de crianças autistas relatando os sentimentos que têm quando ouvem os foguetes.
Representante da Acapra, Jéssica Ricardo relatou os problemas causados aos animais e a preocupação dos tutores durante queima de fogos com alto estampido.
“Para um protetor animal, um dia de festa com foguete é um dia de terror. É enorme a quantidade de animais que resgatamos por causa de fogos. Hoje, num cenário que já existe uma opção silenciosa, é possível manter a diversão com segurança para todos. Não é por causar incômodo, é algo que causa lesões graves aos animais”.
Secretário do Instituto Conservador de Brusque, David Pereira declarou a posição da instituição contrária ao projeto, apesar de se sensibilizar com os que sofrem.
“No nosso ponto de vista, uma lei talvez seja muito pesada por acabar com a liberdade da população. Nos colocamos à disposição para trabalhar em campanhas de conscientização ao lado das entidades”.
Vice-presidente da Acibr, Marlon Sassi demonstrou preocupação sobre a aplicação e fiscalização dessa legislação. “Além da lei, é muito mais importante o comprometimento do estado e entidades de criar a consciência, para que, quando alguém soltar um foguete, toda a sociedade cobre. Estou tão acostumado a leis que não são cumpridas porque o estado não tem capacidade de fiscalização. Não sou contra a lei, mas não sei como será feito para ela ser cumprida”.
Carmine Nunes Cattani Freitas, assistente social e mãe de uma criança autista, relatou várias situações que a filha já passou, mesmo quando tinha direito garantido.
“Se as pessoas descumprem leis federais, imagina coisas que não são. Não espero que essa sociedade hipócrita tenha empatia. Nosso povo ainda é muito ignorante. Se não dói no bolso, as pessoas não cumprem. Por isso, que esse projeto tem que ser aprovado”.
De acordo com a proposição, ficaria proibida a queima, soltura e manuseio de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que causem poluição sonora como estouro e estampidos. O projeto também pretende proibir a fabricação, queima e comercialização de balões.
Caso a proposição seja aprovada, os estabelecimentos que vendem esse tipo de fogos de artifício precisariam informar através de uma placa a proibição da queima em território brusquense.
O projeto ainda define multa de R$ 1 mil para quem soltar fogos e R$ 2 mil para quem utilizar ou comercializar balões, com a pena dobrada em caso de reincidência.
O texto passará pelas Comissões de Constituição, Legislação e Redação e de Serviços Públicos antes de ser levada à votação.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município. Clique na opção preferida: