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Entre Dois Amores

Cansada após um dia extensivo na produção de objetos cenográficos para o teatro, cheguei em casa e filei um delicioso temaki Filadélfia, com um gordo e doce molho tarê. Enquanto tricotava, após assistir mais um capítulo do Master Chef Brasil, inusitadamente comecei a assistir um clássico, com a interpretação da talentosa Meryl Streep. E como não se apaixonar com esta preciosidade!

Foram quase três horas: sorri, chorei, fiquei chocada e pensei, tenho que escrever sobre isso, as pessoas precisam conhecer este drama. E aqui estou eu, caros leitores, para lhes apresentar o filme Entre dois amores, originalmente: Out of Africa.

A ideia de um filme sobre Karen Christence, a baronesa de Blixen-Finecke passou por vários diretores de Hollywood. Muito embora, o lançamento tenha acontecido apenas em 1985, coincidindo com o centenário de nascimento da escritora.

Baseada na história real da escritora dinamarquesa Isak Dinesen (pseudônimo que utilizada para publicar), o filme é uma adaptação do romance autobiográfico “A fazenda Africana”, de 1937.

A África, é o pano de fundo que faz esta história emocionante se desenrolar, repleta de belas imagens, paisagens deslumbrantes e momentos de emoção, como quando ela é levada a voar pela primeira vez, ou o vê dormindo na cadeira de palha da varanda, senta-se ao lado, aperta sua mão e recosta-se silenciosamente ou a hora inesquecível em que Kate (Meryl) se despede de Farah (Malick Bowens).

Embora o filme narre os relacionamentos de Karen, e por isso, pode ser classificado como romance, o que pega, é como Karen reage a África e o que a África faz de Karen. Penso que todos que o assistem, são impregnados mais pelo drama da sua própria existência, sua condição social, seu ser enquanto mulher em meio a uma vida perturbada e intensa.

Vários fatos que poderiam ser interpretados com “maus olhos”, passam desapercebidos, quando o contexto revela na personagem principal, uma mulher resistente, corajosa e que mais do que tudo, sabe driblar com harmonia as desventuras das suas próprias escolhas ou as destemperanças do destino.

É a África, a imensidão daquelas terras que tanto se distinguem da sua gélida terra natal, que a fazem permanecer. Por muitos anos, os braços que a acalentam são os da natureza agressiva, árida e selvagem, mas também inebriante. E a dor da partida do Quênia é maior do que a partida dos que já tivera amado.

As aventuras de um britânico e uma mulher com fortes convicções se experimentam e nos fazem experimentar sensações valiosas. Com um cheirinho de nostalgia no ar, foi assim que conheci, este filme que já venceu sete Oscars, de trilha sonora inesquecível por John Barry e atuações ainda mais memoráveis como as de Robert Redford e Meryl Streep. A história da única mulher a já ter sido convidada para beber no Muthaiga Club, um bar somente para homens e da mulher que, homenageada por cientistas emprestou seu nome ao asteroide 3318 de Blixen.

 

Um viva, a esta bela noite, em que deliciosamente e ao acaso conheci Karen Christence. #pormaisencontrosinusitadoscomoeste

 


Méroli Habitzreuter
– escritora, pintora e ativista cultural