Entrevista: Deputado federal Peninha analisa o resultado das eleições e comenta os próximos passos do Congresso Nacional
"A reforma política é a mãe de todas as reformas", afirma o deputado federal reeleito, Rogério Mendonça, o Peninha
"A reforma política é a mãe de todas as reformas", afirma o deputado federal reeleito, Rogério Mendonça, o Peninha
O deputado federal reeleito Rogério Mendonça, o Peninha (PMDB), esteve na região na semana passada para agradecer eleitores e lideranças que apoiaram sua campanha. Em visita ao Município Dia a Dia, ele comentou o resultado do último pleito, entre outros assuntos, como reforma política, estatuto do desarmamento, e a governabilidade da presidente Dilma Rousseff (PT) a partir de 2015.
RESULTADO DAS ELEIÇÕES GERAIS
“Nesta eleição obtive um aumento geral de 28 mil votos, aproximadamente, sendo o segundo deputado federal mais votado do PMDB. Foi um aumento significativo, acima da minha expectativa. Muito tem a ver com o meu trabalho na região nos últimos quatro anos, tenho vindo muito à Brusque, ajudado com emendas, com recursos. Foi uma votação, no contexto geral, belíssima”.
REELEIÇÃO DE RAIMUNDO COLOMBO (PSD)
“O Raimundo fez um grande trabalho, foi um governador que esteve presente em todos os municípios, buscou recursos de todas as formas, e com isso, quando foi para a reeleição estava com a campanha consolidada, prova disso é que já ganhou no primeiro turno, por ter um governo muito municipalista. Apoiei com muita ênfase o governo Colombo na sua reeleição. Existe um compromisso, inclusive, do governador e do PSD, que o candidato a governador será do PMDB e o vice do PSD, em 2018, com a possiblidade real do governador estar na chapa como candidato ao Senado”.
A DIVISÃO DO PMDB NO ESTADO
“O PMDB tinha opiniões divergentes, mas passada a eleição todas as alas ficaram juntas, apoiaram Colombo. É natural que haja ideias divergentes num partido tão grande como o PMDB, que foi o que mais elegeu deputados federais e estaduais. O resultado das urnas demonstrou que esse encaminhamento era o mais acertado. Se tivéssemos ido por uma caminho diferente, teria sido muito difícil termos sucesso. O povo não ia entender, porque estávamos há quatro anos ocupando secretarias, ocupando espaços, e chega na véspera na eleição dizemos que não estamos mais contentes com esse governo. Qual seria nosso discurso de campanha, se assumimos as principais secretarias? Seria impossível”.
EFEITOS DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL
“No sul do Brasil, Aécio Neves (PSDB) teve uma vitória surpreendente. Dilma ganhou com o apoio de parte do PMDB, e daqui para frente vai ter uma dificuldade maior, em termos de governabilidade, vai ter que ter diálogo com todos os segmentos que a apoiaram e com os que não apoiaram. Terá que buscar de volta partidos que não estiveram com ela. A grande frustração da população com a corrupção, no que diz respeito à Petrobrás, exige uma tomada de atitude do governo em relação a isso. Acredito, com certeza, que a presidente Dilma não estava envolvida, mas ela vai ter que tomar providências para penalizar os culpados por tanto roubo e tanta falcatrua. Acima de tudo temos que respeitar a democracia, o Brasil tem uma das mais consolidadas do mundo, esse resultado tem que ser respeitado. Dentro do próprio congresso há opiniões divergentes, é importante que haja oposição em todos os governos, mas não acho que exista uma divisão no país, porque ela vai ser presidente de todos os brasileiros. Não há como ter dois governos”.
PEDIDO DE IMPEACHMENT DA PRESIDENTE
“Isso parte de alguns segmentos da população. Pelo aspecto da eleição, teve pessoas que apoiaram com muita ênfase e com muito radicalismo a candidatura do Aécio. Mas não vejo chance alguma desse movimento evoluir. Assim como se fala que houve fraude em urna, isso não existe. Se fosse assim poderíamos dizer que roubaram a favor da Dilma no Brasil , mas também teríamos que dizer que roubaram a favor do Alckmin em São Paulo, do Raimundo em Santa Catarina. Aí teríamos que questionar todos os resultados”.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
“Tendo em vista a grande repercussão do meu projeto que propõe a revogação do Estatuto do Desarmamento, foi criada uma comissão especial, que fará uma audiência pública em Brasília, no dia 26 de novembro, para ouvir todos os segmentos das sociedade, favoráveis ou contrários à proposta. Será elaborado um relatório, que deve ser votado na comissão no dia 10 de dezembro. Acredito que vai ser aprovado e vamos colocar o projeto em votação no plenário somente o ano que vem”.
REFORMA POLÍTICA
“É irreversível, não tem como se adiar, defendo urgentemente a coincidência das eleições, sou contra a reeleição na majoritária, defendo um único mandato de cinco anos. Sou contra coligação na proporcional, sou contra esse excesso de partidos, é praticamente impossível se votar qualquer coisa na Câmara com tantos partidos. A reforma política é a mãe de todas as reformas. Temos que ter uma campanha que não possa custar tanto, que se possa trabalhar mais com ideias e com propostas do que com dinheiro. Não vejo resistência do Congresso a essa pauta, o que vai haver são ideias diferentes que teremos que conciliar. Por exemplo, temos grande número de deputados que representam pequenos partidos, que não vão querer ser reduzidos, nem acabar com as coligações. Devemos ter habilidade de ter uma proposta, que nunca vai ser aprovada por todos, mas que seja aprovada pela maioria”.