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Entrevista: Paulo Eccel comenta o resultado das eleições e a situação da política municipal

"O PT entendeu o recado das urnas", afirmou o prefeito de Brusque

Coordenador do comitê suprapartidário que organiza a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição em Santa Catarina, o prefeito de Brusque, Paulo Eccel, concedeu entrevista ao Município Dia a Dia para comentar o resultado destas eleições, no qual o PT, seu partido, não alcançou bons resultados, em todos os cargos que estavam em disputa.

>> Assista ao vídeo da entrevista

Eccel diz que, com o fim das demais disputas, toda a atenção se concentra agora na eleição presidencial. “O processo ainda não terminou. Nosso grande objetivo ainda não foi alcançado. Vamos trabalhar forte no segundo turno, porque o projeto principal é a reeleição da presidenta Dilma”.
No plano municipal, o prefeito rechaça a ideia de que a candidatura de Marli Leandro (PT) à Câmara dos Deputados teria servido de teste para uma eventual candidatura dela à prefeitura, em 2016. “Tratamos desta eleição, 2016 vem depois”, diz.

Ele afirma que o candidato à sucessão municipal vai sair de um dos partidos que integram a administração, mas não necessariamente do PT. “O PT vai apresentar um nome, com certeza; talvez os demais partidos também apresentem, vamos ver quem melhor representa os interesses deste projeto político”.
Na entrevista, ele comenta também os resultados da campanha da presidente no estado, no qual obteve apenas 36% dos votos válidos, pior resultado registrado entre os estados no primeiro turno.

ELEIÇÕES

Município Dia a Dia: O que explica a derrota expressiva de Dilma em Brusque?
Paulo Eccel: Não foi uma derrota específica em Brusque. No Vale do Itajaí, de Major Gercino até Barra Velha, ela ganhou em apenas três municípios. Foi um movimento não previsto em nenhuma pesquisa, nem pesquisa interna, nem de adversário. Ninguém apontava uma diferença desta. Quando os eleitores da Marina Silva (PSB) perceberam que ela não teria condições de ir para o segundo turno, houve uma migração de votos para o Aécio Neves (PSDB), e isso fez com que provocasse esses número em Santa Catarina, que foi o estado onde teve o maior percentual de votos para o Aécio.

MDD: A presidente perdeu também em Santa Catarina: você chegou a comentar sobre o papel do governador Raimundo Colombo (PSD) neste resultado.
Eccel: A campanha no primeiro turno foi feita pelo PT, e por prefeitos, e é importante dizer que foram prefeitos de vários partidos, do PSDB, do DEM. O PT abraçou a campanha, todos os materiais possuíam a famosa colinha, preenchida desde deputado estadual até presidente. Nos demais partidos aliados, dificilmente a gente encontrava uma colinha com o 13 da Dilma. O Colombo tinha assumido um compromisso e, certamente por questões de marketing eleitoral, não houve adesão do governador e de seu time no primeiro turno. Embora no segundo turno tenha havido o comprometimento. Segunda-feira ele esteve em Brasília e já gravou um vídeo em apoio à Dilma. O PMDB, embora tenha o vice na chapa nacional (Michel Temer) também não esteve envolvido na campanha do primeiro turno. Ontem (quarta), com bancada eleita e o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, também por consenso, definiram o voto na Dilma no segundo turno. Vai ser encorpada essa campanha.

MDD: O que faltou no primeiro e deve ser feito para reverter o resultado?
Eccel: A eleição foi de um primeiro turno inesperado. O adversário do PT sempre foi o Aécio, era nosso alvo, temos muito a mostrar dele. As pessoas conhecem o Aécio, mas não sabem quem ele é, como foi sua gestão. Caiu o avião [de Eduardo Campos] e houve aquela explosão de votos para Marina. A estratégia mudou, para fazer a desconstrução do projeto da Marina, que, no nosso entender, era inconsistente, e no entendimento da população também, porque ela não foi para o segundo turno. Quando esse processo foi concluído, houve migração de votos para o Aécio. Não houve tempo de esclarecer a população sobre quem é o Aécio Neves. No segundo turno, a população vai estar mais atenta, e essas questões vão ser apresentadas. A Dilma e o PT vem sangrando há mais de um ano por uma ação muito forte da oposição e da grande mídia. Os jornais vêm assumindo em seus editoriais a candidatura do Aécio. Agora estão fazendo isso, mas até então fizeram um processo de desconstrução da imagem da presidenta. A população tem uma imagem de um Aécio bonzinho. O outro lado dele vai ser mostrado no segundo turno.

 

GOVERNO MUNICIPAL

MDD: Depois do racha na base aliada, em fevereiro, você contabilizou algumas derrotas no Legislativo, como a proibição aos radares e a derrubada de vetos. Até que ponto isso descaracteriza o seu governo?
Eccel: A história do vetos, qualquer analista que esteja longe das paixões políticas vai perceber que a conduta da Procuradoria do município está correta. Se eu sou vereador, não posso obrigar ao prefeito a fazer uma clínica para animais. Como vereador, não posso te obrigar a fazer um projeto que gere despesa. Há um certo aproveitamento desta condição pelos vereadores de oposição, para tentar fazer um sangramento do governo. Os grandes projetos estão acontecendo, as obras do PAC macrodrenagem, do PAC pavimentação. Os vetos estão sendo discutidos na Justiça, que pode entender que a Câmara ou o governo tem razão. Não vejo que questões fundamentais estão sendo freadas. Não considero que a cidade está sendo travada.

MDD: Passaram oito meses desde que parte do PP e do PMDB na Câmara adotaram postura de oposição. Como essa situação se sustentará?
Eccel: Eles é que tem que responder isso. Eles precisam responder, e certamente após o processo eleitoral vamos fazer uma avaliação a respeito disso. As pessoas me cobram isso na rua: se o partido está junto, não pode estar junto de um lado e contra do outro. Eu sou do tipo do agente político que tem lado. Estou ou não estou. Os partidos vão ter que tomar posição, porque a própria sociedade cobra deles. Se estão no governo ou são da oposição. É uma situação desconfortável para o governo, os partidos vão ter que resolver esse nó.

MDD: Existe um prazo para que os partidos deem essa resposta?
Eccel: Depois do processo eleitoral já começam as conversas internas. Vamos colocar esse problema na mesa novamente, e encontrar uma solução.

MDD: Pensa em concorrer a deputado ou senador em 2018?
Eccel: Certamente serei candidato, em 2018, a alguma coisa. Isso depende muito da conjuntura política, não sei ao que ainda. Mas uma coisa que deixo claro é que não gostaria de ser candidato a deputado estadual. Já fui deputado estadual, e minha missão foi cumprida.