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Epidemia provoca desemprego e redução salarial em diversos setores da economia de Brusque

Na área de têxtil e vestuário, por exemplo, estima-se que 10% a 15% dos trabalhadores foram demitidos

Mesmo com a retomada das atividades industriais e comerciais em Santa Catarina, o desemprego tem afetado todas as áreas da economia de Brusque. A avaliação é generalizada, feita à reportagem de O Município por sindicatos ligados às empresas e aos trabalhadores, em diversas áreas.

De acordo com Rita  Conti, presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), a maioria das empresas está utilizando a medida provisória de suspensão do trabalho e redução de jornada e salário, a MP 936.

“A MP 936 foi um alento muito grande para todos os empresários, realmente foi algo pra tentar reter a demissão em massa”. Para ela, a volta do comércio trouxe um pouco de otimismo, pois “pelo menos aquece um pouco a economia, muito pouco, mas dá um alento para as lojas e fábricas que precisavam escoar produtos”.

Rita também é presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque e Guabiruba (Sindivest), e estima que nas áreas de confecção e têxtil, de 10% a 15% dos colaboradores foram demitidos. 

Ela destaca que apesar das demissões, a grande maioria se enquadrou na redução da jornada em 50%, visto que a indústria pode trabalhar com somente 50% da sua capacidade. No Sindivest, boa parte das indústrias fizeram esses acordos.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque, (Sinduscon), Fernando José de Oliveira, a situação da construção civil é problemática, e este será um ano perdido. 

Segundo ele, muitos empreiteiros estão enfrentando sérios problemas, tendo que recorrer a financiamentos, pois os recursos que o governo disponibilizou não estão acessíveis. 

De acordo com sindicato dos trabalhadores do setor, o Sintricomb, com base nos pedidos agendados desde o dia 13 de abril, entre 50 e 60 acordos trabalhistas para redução de jornada e salários foram homologados na construção civil de Brusque. Além disso, entre 8 e 17 de abril, foram registradas 32 demissões no setor.

Na indústria metalúrgica, a situação não é diferente. Conforme o vice-presidente do Sintimmmeb, Jorge Luiz Putsch, uma empresa do ramo de maquinário demitiu em torno de 45 colaboradores, mas a maioria das indústrias procura o sindicato para fazer a redução de carga horária e salários.

Putsch acredita que serão tempos difíceis para Brusque, com trabalho faltando e empresas trabalhando apenas 50% da capacidade. “A gente tem estudado e avaliado as condições, e nossa expectativa não é muito boa, pois quando tem crises neste porte a primeira dificuldade é a venda no setor automobilístico”, analisa.

Para Edemar Fischer, presidente do sindicato patronal do setor de metalurgia, o Simmebr, mesmo com a retomada das atividades, as empresas terão que se reinventar. 

“Independente da classe social, todos vão ter que fazer um grande sacrifício. O mercado não tem dinheiro, as empresas tomaram suas medidas, a queda do faturamento está alta e a espera do auxílio das instituições financeiras com relação aos impostos e alongamentos de dívidas, para os próximos dois meses ainda será complicado”.

O comércio, um dos setores que mais emprega em Brusque, ainda não possui dados relevantes sobre demissões ou acordos feitos, mas entende que é um momento difícil para o lojistas, pois o empresário não sabe como será o movimento.

O presidente Sindilojas, Marcelo Gevaerd, acredita que as vendas do mês de abril devem chegar ao máximo de 35% a 40% em relação a 2019. Considerando que os lojistas voltaram a atender no dia 13, a venda será 50% menor. Apesar do baixo movimento, “o que se espera é que uma flexibilização e que as pessoas comecem a comprar novamente”, declara Gevaerd. 

Apesar da situação totalmente desfavorável, os acordos de redução de jornada e salário têm sido vistos, mesmo por sindicatos vinculados aos trabalhadores, como um “mal menor” do que o desemprego total.

“Nós estamos sendo parceiros principalmente na busca da preservação do emprego do trabalhador”, opina Aníbal Boettger, presidente do Sintrafite, sindicato que representa os trabalhadores do setor têxtil, o qual relata que muitas empresas estão procurando o sindicato para realizar esses acordos.