Escritor Saulo Adami lança neste ano o seu 100º livro
Vida do escritor brusquense é dedicada a escrever; conheça um pouco da sua trajetória profissional
Assim como a vida, muitos acontecimentos não são programados e se desenrolam naturalmente. A carreira do escritor brusquense Saulo Adami, 52 anos, segue essa mesma linha. O desejo de seguir essa profissão sempre foi algo nato e intrínseco, porém, ele jamais imaginou chegar em 2017 com 100 livros publicados e mais de 200 obras nas áreas da literatura, biografia, ensaios, história, entre outros gêneros.
Adami cresceu no bairro Arraial dos Cunhas, em Itajaí, e desde os 9 anos, quando questionado na escola primária qual carreira queria seguir, a resposta estava na ponta da língua: “Eu quero ser escritor”. A afirmação, tão convicta, sempre gerou estranheza, pois a dúvida era como que ele conseguiria publicar seus livros. Mas para o escritor, o que importava era apenas escrever.
A vocação também já havia sido ‘cantada’ pela sua vó materna, no dia em que ele nasceu, em 21 de fevereiro de 1965, quando ela, que era benzedeira, simplesmente afirmou: “Esse menino será escritor”.
Biografias
Independentemente dos motivos que o tornaram reconhecido no meio cultural, o que importa é que em mais de 40 anos contando histórias, Adami se sente realizado e grato por poder viver da sua arte. Ele iniciou sua trajetória no gênero de crônica, depois passou para conto, mas já fez poesias, romances, roteiros para documentários e filmes, no entanto, o que ele gosta mesmo é de biografias, gênero que tem trabalhado desde 2004.
A história de Carlos Boos foi a primeira biografia escrita por Adami. O político foi quatro vezes vereador em Brusque – responsável pelas leis que criaram os municípios de Guabiruba e Botuverá- , prefeito de Guabiruba e candidato a chefe do Executivo de Brusque. “Carlos Boos nunca soube dizer não!” foi lançada em 2005 e teve dois anos de produção. Foram mais de 42 pessoas entrevistadas em oito cidades.
Como começou a escrever textos deste gênero? O escritor conta, que assim como nunca pensou em ter 100 livros publicados, escrever biografias aconteceu naturalmente. Foi por meio de um convite de familiares e amigos ligados a Boos. Ele aceitou o desafio e o resultado foi muito elogiado.
“Doutor Nica”, livro do médico João Antonio Schaefer, também está entre suas obras biográficas, realizada a convite da família. Ainda ganham destaque “Walter Orthmann: 70 anos de trabalho na RenauxView” e “Willy Hoffmann: ambientalista por vocação”.
Em cada história, Adami leva um aprendizado único. Em média, cada obra contou com 20 fontes diferentes, sendo que algumas pessoas foram fontes para vários outros livros, como Hoffmann, que foi “testemunha ocular” de muitas histórias e está em cinco obras como informante.
100º livro
“Estrada de Papel”, obra de Adami escrita em parceria com sua esposa, a psicóloga Jeanine Wandratsch Adami, é a sua 100ª obra. O livro apresenta uma análise crítica das principais criações do escritor, separadas por gênero.
Esse é o quinto trabalho feito em parceria pelo casal nos últimos seis anos. A ideia nasceu em 2010 e começou a ser trabalhada em 2014, sendo que foi finalizado no dia 2 de maio e será lançado oficialmente em Brusque em 10 de junho (na livraria Graf, às 11h). Em São Paulo, no Teatro Gazeta, Adami e Jeanine fizeram um lançamento para amigos neste mês.
Ele revela que escrever um livro com a esposa foi uma experiência emocionante e reveladora, em que mistura-se muitas coisas. “É interessante, pois trabalhamos com uma pessoa que nos conhece profundamente e no qual conseguimos compartilhar tudo. Ela sabia do meu desejo de escrever essa obra e me deu todo o apoio”, conta Adami, que afirma que Jeanine está trabalhando em outros livros que devem ser lançados ainda neste ano e que tratam de séries de televisão.
Não há padrão
Sensibilidade e criatividade são as principais ferramentas para um escritor de sucesso. Porém, é preciso não se apegar a padrões, já que para Adami, a partir de pequenos ‘insights’ é possível escrever grandes histórias. Ele escreve todos os dias, 90% do tempo em sua casa, sem horário definido, e independentemente de barulho.
“Escrever todos os dias pra mim é regra. Eu acordo e sento em frente ao computador e escrevo alguma coisa. Trabalho numa saleta, onde atrás tem uma estante de livros. Pode cair tudo ao redor e eu continuo trabalhando”, diz.
O sentimento de Adami em 40 anos de profissão é de gratidão. Ele afirma que poder viver da sua arte, em um cenário sem tanto reconhecimento, é de vitória. “Eu consegui realizar o meu sonho de criança e hoje vivo da minha demanda. Muitas coisas vieram até mim de maneira natural. Quando estou trabalhando em uma obra, estou empregado, quando não tenho demanda estou desempregado, mas posso trabalhar sempre”.
Em média, ele escreve quatro obras por ano, que custam de R$ 10 a R$ 85. Possui livros de 500 a 800 exemplares, sendo que o de maior tiragem é “Arthur Schlösser e a criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina”, já o mais volumoso é “Brusque: Cidade Schneeburg”, com 640 páginas.
Até o ano que vem, Adami, que mora em Curitiba (PR) desde 2011, mas mantém fortes laços com Brusque, deve lançar cerca de oito livros, que estão sendo produzidos individualmente e em parceria com outros autores.