Escritora apresenta teatro de fantoches em contação de histórias para crianças de Brusque
Terezinha Viecelli confecciona os bonecos e faz apresentações em escolas da região
Há 20 anos, a escritora Terezinha Andrade Viecelli, de 75 anos, escreve livros infantis e visita escolas de Brusque e região para fazer contação de histórias para as crianças. Com fantoches feitos pela própria autora, a apresentação envolve e chama a atenção dos pequenos, que se entretêm e aprendem muito com a visita dela às salas de aulas.
A influência para contar histórias ela acredita que veio de sua avó portuguesa, que não sabia muitas historinhas diferentes, então inventava novas tramas e personagens para contar para a neta. “Eu vivo por isso, são os momentos mais felizes da minha vida. Volto a ser criança”, diz.
“Nasci com esse defeito, querer escrever”, brinca Terezinha. Ela sempre teve paixão pela escrita e o sonho de ver um livro seu editado – porém, isso só se realizou quando ela, aos 46 anos, passou por um câncer. “Falei para o meu marido que queria ver um livro meu publicado, e foi aí que tive o romance ‘Sementes de Amor’ editado. Ele pegou todos os manuscritos e levou para uma editora.”
Ela passou 27 anos escrevendo o que seria sua primeira obra, porém, a primeira edição saiu sem correção e divisão de capítulos. Mais tarde, foi feita uma nova impressão, desta vez, como ela gostaria que o livro realmente fosse.
Além de seu romance de estreia, Terezinha publicou coletâneas de poesia – que inclusive foram premiadas – e diversos livros infantis, que contam com ilustrações feitas à mão e até atividades e jogos para as crianças. Tudo começou quando ela decidiu escrever algumas histórias para os netos e bisnetos. Hoje, são essas as histórias que ela conta para os pequenos em suas apresentações nas escolas.
Contação de histórias
“Sempre gostei de contar histórias. As reuniões de família, com meu marido, minhas filhas, sempre acabam comigo contando histórias de quando vivíamos na Amazônia. Hoje, meu trabalho é incentivar a escrita e a leitura”, diz a escritora. Para ela, ver as crianças sendo despertadas para esses hábitos é muito bonito e gratificante: “Sinto que estou fazendo a minha parte”.
Em setembro deste ano, foi convidada para integrar das atividades de comemoração dos 75 anos do Sesc, que aconteceram no dia 13. Para a contação de histórias para as crianças do Centro de Educação Infantil (CEI) Noêmia Fialho, que foram participar do evento, ela e o marido Alcides levaram o teatro de fantoches.
“Sou como um caracol, que carrega a casa nas costas”, brinca ela. Para o teatro, ela leva uma maleta com todos os fantoches, a estrutura do palquinho e uma caixa de som. São poucos itens que fazem a mágica do espetáculo que tanto envolve as crianças.
O palquinho foi feito pelo esposo, e ela mesma confeccionou os fantoches que são usados na apresentação. Terezinha contou então a história de seu livro mais recente, que está sendo lançado nas escolas, “O gigante Julião”. “É uma história sobre um gigante que sofria por causa de seu tamanho. Aí, quando uma enchente atinge a cidade, ele salva todo mundo, pois ele tem um grande coração”, resume.
Terezinha conta que já recebeu respostas de professoras de turmas onde ela já contou essa história dizendo que os valores por ela apresentados no teatro mudam a atitude e o comportamento das crianças. “Eu faço esse resgate, meus livros falam de amizade, obediência, ecologia, são sempre uma lição.”
Além das escolas municipais de Brusque, a escritora visita também instituições de Blumenau, Gaspar e até Florianópolis. As apresentações são voluntárias, e as secretarias de Educação de cada município muitas vezes permitem que ela faça a venda dos livros para as crianças.
A autora
Terezinha faz parte da Academia de Letras do Brasil – Seccional de Brusque, da qual foi a primeira condecorada devido ao sucesso de seu romance de estreia, “Sementes de amor”. Atualmente, ocupa o cargo de presidente de honra da entidade.
Natural de Alfredo Wagner, já vive há 34 anos em Brusque. Anteriormente, morou por dez anos em Rondônia. Com o constante desejo de escrever, foi cronista e publicou muitos de seus textos em O Município, contando sobre a vida na Amazônia.