Especialistas de Brusque esclarecem mitos e questões referentes ao coronavírus
Hospitais, sintomas, prevenção e isolamento foram discutidos em transmissão ao vivo
Hospitais, sintomas, prevenção e isolamento foram discutidos em transmissão ao vivo
A Secretaria de Saúde de Brusque realizou, nesta quarta-feira, 18, uma transmissão ao vivo na qual esclareceu dúvidas da população sobre o coronavírus (Covid-19) com a ajuda de especialistas. Foram abordados temas como o funcionamento dos hospitais brusquenses e medidas de prevenção. A questão do isolamento social também foi abordada, com o pedido de que quem for liberado do trabalho ou dos estudos não saia de casa, assim como integrantes dos grupos de risco.
O médico infectologista do Hospital Azambuja, Ricardo Freitas, se mostrou surpreso com a aparente falta de preocupação da população em relação à doença. “O que queremos é que as pessoas tenham cuidado.Quem não precisa circular pela cidade, que fique em casa. reforço a necessidade de tomarem a precaução. Hoje de manhã havia ônibus circulando, pessoas se abraçando. As pessoas precisam olhar com outros olhos para o que está acontecendo.”
“O sarampo transmite muito mais do que o Covid-19, mas o sarampo já é antigo. Hoje conseguimos trabalhar com os casos, e tem vacina. O Covid é uma doença nova. Quando o governo toma atitudes como isolamento social é para diminuir a transmissão. Uma pessoa contaminada pode chegar a 1000 se estiver em atividades normais do dia a dia.
O secretário de Saúde de Brusque, Humberto Fornari, lembra que dentistas estão atendendo somente em urgência e emergência, e que as polícias Civil e Militar deram orientações aos comerciantes para que fechem seus negócios. A partir de quinta-feira, 19, os lojistas e outros prestadores de serviços não-essenciais serão autuados.
Fornari também informou que, na tentativa de concentrar esforços apenas no Covid-19 e evitar problemas na rede de saúde, será feita uma vacinação contra o vírus Influenza, da gripe, já a partir de segunda-feira, 23. A vacinação é preferencial aos idosos, que a princípio deverão ser vacinados em casa. Na sequência, a preferência é para gestantes.
De acordo com Freitas, as máscaras são muito importantes, mas têm sido mal utilizadas por uma população que, em geral, “tem perdido o bom-senso” em relação à pandemia. “Quem usa é o doente respiratório, para evitar a transmissão da doença. É questão de saúde pública. Uma pessoa sadia não precisa usar máscara, porque o Covid-19 não é transmitido pelo ar, apenas por contato. De nada adiante utilizar a máscara e coçaro olho sem ter lavado as mãos.
O médico também deixa claro que as recepcionistas do Hospital Azambuja utilizam as máscaras comuns sem estarem doentes, mas porque é uma tentativa de minimizar o risco no atendimento a uma grande quantidade de pessoas. “É uma contenção. E a máscara N95, mais robusta, é usada pelo profissional de saúde que atende o doente. Ou a PFF2. às vezes, até com o uso de óculos para proteção.”
Freitas afirma que não há kits de teste para todos, e que esta é uma situação que ocorre em diversos países. “Os kits estão sendo produzidos, e a demanda é muito maior do que a oferta. Os resultados saem entre 24 e 48 horas, mas podem levar até 72 horas. Minha opinião é de que o exame não faz mais tanta diferença neste momento. Mas sim para aquele grupo de pessoas de risco, como o idoso, ou para aqueles com sintomas mais graves.”
O infectologista do Hospital Azambuja desmente as fake news de que seja possível produzir álcool em gel com base em álcool de cozinha, e garante que melhor do que o álcool em gel é a combinação de água e sabão ou sabonete. “Álcool gel não é manipulável. Não existe isso. Água e detergente funciona melhor. Álcool gel é algo para quando não se consegue lavar as mãos, quando se está fora. Com a população dentro de casa, tendo água e sabonete a disposição, não tem por que usar álcool em gel.”
O médico pneumologista Márcio Martins, do Hospital Imigrantes, destaca que o álcool líquido, o tradicional de cozinha, não tem a mesma eficiência, pois evapora rápido. Além disso, pode ser um risco, por ser altamente inflamável, e pode causar o ressecamento das mãos se utilizado em excesso.
Martins afirma que o hospital Imigrantes está seguindoum plano de contingência, separando os pacientes com sintomas de Covid-19, com triagem e proteção às recepcionistas. O hospital tem 10 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) disponíveis para as situações mais graves.
“Quem tiver sintomas que não sejam graves, que permaneçam no domicílio. Visitas estão proibidas. Quanto mais circulação, maior a chance de contaminação. A ideia é não internar, só em caso de necessidade”, destaca.
O diretor clínico do Hospital Dom Joaquim, Joel Mendes, afirma que a partir de 1º de abril o horário de pronto-atendimento será das 7h às 22h. De acordo com a gerência de Enfermagem, apenas os ambulatórios de pediatria e radiologia continuarão atuando normalmente. Ambulatórios de pediatria, cirurgia vascular, cirurgia geral, ortopedia, endoscopia e otorrinolaringologia estão, a princípio, suspensos.