Especialistas elencam cinco maus hábitos que atrapalham o trânsito de Brusque
Uso do celular, bebida alcoólica e displicência dos pedestres dificultam a locomoção dos mais de 108 mil veículos na cidade
Uso do celular, bebida alcoólica e displicência dos pedestres dificultam a locomoção dos mais de 108 mil veículos na cidade
Santa Catarina é o estado de maior frota per capita do Brasil. Dados do Departamento Estadual de Trânsito, indicam que SC tem 0,6 veículo por indivíduo. A média em Brusque é ainda maior. A frota total é de 108.338 veículos, comparados a população de 134.723 pessoas, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa 0,8 veículo por pessoa na cidade.
Muitos dos problemas do trânsito na cidade são responsabilidades do poder público, mas o comportamento do condutor e do pedestre influencia diretamente no funcionamento da mobilidade pública de maneira geral. Isso é o que avaliam profissionais que entendem dos problemas do trânsito na cidade. Com base na avaliação deles, listamos cinco maus hábitos que atrapalham a mobilidadeem Brusque.
No ano passado, dos 19 óbitos registrados nas estradas do município, 13 foram de condutores de motocicletas, o que representa 66,6% do total de mortes no trânsito. Enquanto isso, veículos deste porte representam 23,1% da frota brusquense.
O tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, do 18º Batalhão da Polícia Militar, destaca que a imprudência dos motociclistas é o principal problema do trânsito em Brusque atualmente.
“As pessoas abusam, arriscam muito, praticam manobras efetivamente perigosas para os veículos que utilizam. A grande maioria dos causadores de acidentes com motos, são dos próprios motociclistas. Considero uma falta de amor próprio, respeito, maturidade, responsabilidade, excesso de aventura. Nem citando trânsito em faixa contínua e fila dupla, porque isso é natural do motociclista, mas fazendo manobras radicais em velocidade totalmente abusiva, incompatível com o veículo, além de manobras perigosas”, relata.
A falta de hábito de fechar a fivela de ajuste do capacete e a pilotagem descalço ou de chinelo são outros maus hábitos de motociclistas citados pelo tenente-coronel.
Outro problema menos grave, mas que representa a sétima infração mais registrada em Brusque, é o estacionamento de veículos no passeio. O tenente-coronel Ferreira Filho considera esse hábito um ‘grande absurdo’.
“É uma falta de respeito com o ser humano. Está se favorecendo a máquina, o veículo, em detrimento do ser humano. É falta de uma cultura mais evoluída. Se pensarmos em um exemplo invertido, onde você está transitando seu carro pela pista e alguém deita no meio da rua, obrigando você a transitar o seu veículo sobre o passeio ou passar por cima da pessoa. É um absurdo tão grande, se não pior, colocar o veículo sobre a calçada obrigando o pedestre a andar pela via”, avalia.
O uso do celular é cada vez mais constante na vida das pessoas, mas a combinação de celular com volante é altamente perigosa. O Observatório Nacional de Segurança VIária (ONSV) alerta que dirigir prestando atenção no dispositivo eletrônico se equivale a dirigir sob efeito álcool. Cinco segundos prestando atenção no aparelho a uma velocidade média de 60 km/h, representam uma média de 80 metros percorridos de forma cega.
O instrutor de trânsito Teodoro Pereira destaca a incapacidade do cérebro humano de focar em coisas diferentes ao mesmo tempo e ressalta os perigos que o uso do celular durante a direção representa no dia a dia.
“A pessoa pode ser assaltada com mais facilidade, colidir com o veículo à frente, formar fila porque o veículo da frente já andou, atropelar pedestres em faixas. As vidas das pessoas está dentro do celular hoje em dia, e ele toma muito a atenção”, ressalta.
De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), que responde ao Ministério da Saúde, desde a implantação da Lei Seca, em 2008, diminuiu em 14% a quantidade de mortes no trânsito brasileiro.
A crescente fiscalização e aumento das penas para motoristas flagrados sob efeito de álcool inibe o condutor, mas, mesmo assim, cerca de 75 pessoas foram flagradas na Operação Lei Seca realizada pela Polícia Militar em outubro do ano passado. Pereira ressalta que existem muitas pessoas fazendo reciclagem em centros de formação de condutores por conta de terem tido suas carteiras de habilitação apreendidas por este motivo.
Pereira destaca que, além dos maus hábitos dos condutores, os pedestres também têm que estar atentos para evitarem acidentes.
“Segundo o código de trânsito, o pedestre deve atravessar após mostrar a intenção de fazê-lo e os veículos pararem. Às vezes, os pedestres atravessam sem esperar os veículos pararem, atravessam de qualquer forma, passando na frente dos carros. Em alguns momentos, percebemos também a pressa de atravessar mesmo quando o semáforo dos pedestres já fechou”, ressalta.