“Estamos lutando para a falência não acontecer”, diz diretoria da Buettner

Membros da diretoria, Fabricio Colzani e João Marchewsky rebatem afirmações do Sindmestre

“Estamos lutando para a falência não acontecer”, diz diretoria da Buettner

Membros da diretoria, Fabricio Colzani e João Marchewsky rebatem afirmações do Sindmestre

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A diretoria da Buettner rebate as afirmações do Sindmestre sobre a situação crítica da empresa e a ameaça de corte de funcionários. De acordo com João Henrique Marchewsky, presidente do conselho de administração da empresa e, Fabricio Pozzi Colzani, diretor-presidente, a empresa têxtil não pretende fazer uma demissão em massa para reduzir gastos.

“Temos um plano de chegar a pouco menos de 500 funcionários. Hoje estamos com 520, então temos mais alguns ajustes para fazer”, diz Marchewsky. Na edição de sexta-feira, 10, do Município Dia a Dia, o Sindmestre – um dos sindicatos que representam os colaboradores da empresa -, afirmou que a empresa pretende reduzir o número de funcionários para 400.

Segundo ele, o setor de tinturaria de fios é o único que será desativado na empresa. “A única parte da fábrica que vai parar de funcionar é a tinturaria de fios. Na fiação fizemos apenas a redução de produção, por isso, demitimos aproximadamente 60 pessoas. A tinturaria de fios ainda não parou porque temos prestação de serviços para fazer, mas quando fechar, serão mais algumas pessoas demitidas. Estamos tendo prejuízo naquela atividade, então para que continuar? Temos que perder os anéis para não perder os dedos”, afirma.

Marchewsky também ressalta que o salário dos funcionários não está atrasado. “Não estamos com salário atrasado. O que aconteceu é que no mês passado o salário da área administrativa não saiu no quinto dia útil, apenas no 15. A mesma coisa acontece agora. Com toda essa crise, hoje [sexta-feira, 10] vamos depositar uma parte do salário e, semana que vem, queremos pagar todo o resto. Não estamos com nenhum salário atrasado, só o do mês que está correndo agora”, explica.

Os diretores rebatem ainda a proposta de parcelamento da rescisão dos funcionários demitidos. “Realmente não estamos recolhendo o Fundo de Garantia [FGTS] mês a mês, mas já na admissão do funcionário deixamos claro isso, ninguém está sendo enganado. Na hora de oferecer o acordo, o Fundo de Garantia já vai junto com a rescisão do funcionário. É óbvio que se eu pegar uma pessoa com rescisão de R$ 50 mil, não posso oferecer R$ 500 por mês. A rescisão mais longa que fizemos aqui deu 36 meses, não existe esses oito anos mencionados pelo sindicato. A nossa média das rescisões é o parcelamento em 12 meses”, afirma Colzani.

Crise na economia afeta a empresa

Para o executivo, a retração na economia é um dos principais responsáveis pelas dificuldades que a empresa passa no momento. “É preciso olhar a situação do país. O próprio governo federal reconheceu que a crise está instalada dando a opção de se reduzir até 30% dos salários, com uma redução da carga de trabalho porque ninguém está conseguindo vender nada. Isso já mostra a situação pela qual todas as empresas estão passando”, diz.

“Chega a ser uma afronta dizer que a situação do país não é preponderante e não tem nada a ver com a nossa empresa. A crise está aí assolando todo mundo”, completa Colzani.

Marchewsky lembra também que o produto produzido pela Buettner não é essencial, o que contribui para as dificuldades da empresa. “O nosso produto não é uma necessidade como comida, bebida, remédio ou serviço, é toalha, e toalha a gente compra quando tem dinheiro ou para dar de presente, não faz parte da compra do dia a dia. Na crise, corta-se o supérfluo. É isso que está acontecendo”.

Além da redução do poder de compra do mercado interno, o alto custo de energia elétrica é um dos grandes problemas da empresa. “Está muito pesada a conta de energia elétrica. A nossa conta aumentou 80%, como vamos conseguir passar isso para o preço final dos produtos? Nossa conta era R$ 600 mil e do dia para a noite passou para R$ 1,1 milhão”, justifica.
Mercado externo

Apesar das dificuldades enfrentadas no mercado interno, Marchewsky e Colzani têm conseguido manter o mercado externo.
“Tivemos uma administração bastante cuidadosa porque nunca extinguimos o mercado externo. Estamos conseguindo pedidos de exportação, só que eles têm um fluxo muito longo. Até produzir, entregar, colocar no navio, só depois é que conseguimos fazer capital de giro e isso faz falta para a empresa”, diz Marchewsky.

A expectativa dos diretores é dobrar a arrecadação com as exportações neste ano em relação a 2014. “Graças a nossa estratégia de não abandonar o mercado externo, neste ano vamos quase dobrar o volume de exportação que fizemos no ano passado. Em 2014 foram U$ 4 milhões e, hoje, devemos chegar a U$ 7,5 milhões. Isso é o que vai nos dar um alento”.
Recuperação judicial

Desde 2011 a empresa está em recuperação judicial, no entanto, os diretores ainda não sabem até quando esse processo vai durar. “Depois da data de homologação, a nossa empresa estará em recuperação judicial por cinco anos, mas ainda não sabemos a data. Temos a homologação do plano aprovado pelos credores, juridicamente está tudo certo, o que falta vir do STJ [Superior Tribunal de Justiça] é o trânsito em julgado, e o nosso plano reza que só começa a partir do trânsito em julgado. Enquanto não vier, não começa a contar esses cinco anos”, explica Colzani.

De acordo com Marchewsky, o processo de recuperação de uma empresa não é fácil. “Nesse país não lutam para recuperar a empresa, pelo contrário, se o juro para a empresa normal é 1%, para a empresa em recuperação é 3%, 4%. Se temos uma inflação de 8% ao ano, nós pagamos 4% de juros ao mês, então tudo isso faz com que a empresa sofra”.

Apesar das dificuldades, os empresários descartam um pedido de falência. “Neste momento, não. Pelo contrário, estamos aqui lutando para a falência não acontecer”, diz Colzani.

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