Estudantes brusquenses criam poste luminoso que auxilia pedestres com deficiência visual

Pontos Auxiliares de Travessia Segura, o Pats, é idealizado pela equipe de robótica Tecnorob Evolution, do Sesi/Senai

Estudantes brusquenses criam poste luminoso que auxilia pedestres com deficiência visual

Pontos Auxiliares de Travessia Segura, o Pats, é idealizado pela equipe de robótica Tecnorob Evolution, do Sesi/Senai

Com objetivo é trazer a tecnologia como ferramenta para auxiliar na inclusão, a equipe de robótica Tecnorob Evolution, do Sesi/Senai Brusque, teve que se dedicar muito para realizar o projeto Pontos Auxiliares de Travessia Segura, o Pats. 

Formada pelos alunos Henrique Dorow, de 12 anos de idade, Vinícius Buttchewitz, 12, Vinicius Bueno Lopes, 13, e Sofia Reinert Mafra, 14, o grupo integra a equipe há cinco meses.

Eles recebem apoio do técnico da equipe, Cláudio Lima Rhenns, 34, e tem a supervisão da professora Rosani Pereira Marcarini, 35.

O Pats é um poste luminoso, que, ao ser instalado em faixas de pedestres, poderá ser usados por pessoas com deficiência visual. A tecnologia propicia o acionamento de sensores para alertar motoristas sobre pedestres.

Cada estrutura tem aproximadamente dois metros de altura. Nela, o pedestre aperta um botão e a iluminação chama a atenção do motorista, que percebe alguém tentando atravessar a rua.

Luiz Antonello

Início do projeto

Os estudantes explicam que, para chegar a ideia do PATS, analisaram o tema deste ano da competição First Lego League (FLL), que é City Shaper (modelador de cidade, em tradução livre). O torneio tem fase regional, nacional e internacional.

Após visitas em vários locais de Brusque, em busca de um problema para solucionar, os estudantes investiram na ideia do poste luminoso, pois se destacou pelo impacto social.

A partir daí, o foco foi em ouvir pessoas com deficiência visual e com baixa visão, além de especialistas e profissionais do setor público. “O tema cidades inteligentes é muito amplo, pode ser para qualquer pessoa, então conversamos muito. A gente até se sentiu importante conversando com os profissionais”, conta Vinicius Bueno Lopes.

Versão atualizada do PATS conta como amarelo intermitente para se adequar ao Código Nacional de Trânsito / Foto: Luiz Antonello

Intercâmbio de ideias

O momento da pesquisa foi enriquecedor para a equipe, até pela quantidade de materiais produzidos para apresentação na FLL. Por exemplo, em conversa com psicólogos, o grupo aprendeu sobre a simbologia das cores e o impacto dos efeitos luminosos na comunicação.

Também, com o setor público, em conversa com a Secretaria de Trânsito de Brusque, viram que precisaria adequar o Pats de acordo com o Código Nacional de Trânsito. A partir daí surge a modificação e a inserção da cor amarela intermitente na estrutura, que significa alerta e cautela redobrada.

A Tecnorob Evolution também criou uma pesquisa online para condutores, na qual 33,9% responderam que geralmente não percebem quando alguém quer atravessar a rua. Para a contabilização dos dados, 270 pessoas participaram da pesquisa.

Com essa informação e de que, em Brusque, moram cerca de 9 mil pessoas com deficiência visual, o grupo precisou aperfeiçoar o projeto. Então, foram realizadas entrevistas com 20 pessoas com deficiência visual da cidade.

Sempre pensamos no impacto. Vimos que não são poucos deficientes visuais em Brusque e é um problema que afeta muitas outras pessoas”, destaca Henrique Dorow.

Os quatro alunos têm aulas durante as manhãs, então precisaram se encontrar durantes as tardes e, segundo Rhenns, nem tiveram férias para se dedicarem ao Pats. Com tudo isso, a avaliação é positiva e a experiência está sendo marcante para a equipe.

“Muito incrível participar disso, a gente descobre coisas e faz coisas que nunca imaginava, como entrevistar um deficiente visual e até falar com a Secretaria de Trânsito, é incrível o que a robótica pode fazer com a vida de uma pessoa”, avalia Sofia Reinert Mafra.

Henrique Dorow, Sofia Reinert Mafra, Vinicius Bueno Lopes e Vinícius Buttchewitz formam a equipe / Foto: Luiz Antonello

Auxílio e inclusão

O técnico deixa claro que o equipamento não tem a mesma função de um semáforo, de controlar o trânsito, por exemplo. A intenção é facilitar a comunicação entre o motorista e o pedestre.

“O deficiente visual atravessa usando o sentido da audição e às vezes ele não escuta o carro vindo. O projeto é para aquela rua de bairro, onde não tem um semáforo, é para alertar o motorista que tem um deficiente para atravessar, alertar que tem tem alguém aí”, explica. “Não é colocar junto com semáforos. Mas onde não tem, onde só tem faixa de pedestres”, completa Vinícius Buttchewitz. 

Os jovens cientistas também vêem que uma estrutura como o Pats também poderia afetar positivamento o trânsito de idosos, crianças e gestantes. Além disso, com o propósito de colocar o projeto em prática, a equipe já traçou rotas interessantes em Brusque, após conversas com pessoas com deficiência visual. 

Custos do PATS

De acordo com a equipe, cada unidade do Pats custaria em torno de R$ 200 e R$ 300. A comparação para a defesa do equipamento é que daria para investir em 35 postes luminosos para cada semáforo sonoro, que possui valor de R$ 7 mil, segundo preço levantado pela Tecnorob Evolution.

“Já existem soluções, como o cão-guia e estruturas, como as passarelas e semáforo com sinalização sonora, porém ambos possuem valor elevado”, adianta Vinícius Buttchewitz.

Para agilizar as pesquisas e apresentarem propostas, a equipe buscou por fornecedores, um deles, segundo os jovens, ficou feliz com o projeto e já se propôs a a ajudar. Agora, com as adequações feitas, a Tecnorob Evolution aguarda novo retorno e avaliação do setor público.

Destaque nacional

A equipe, em sua primeira temporada, já conquistou uma das seis vagas para a etapa nacional do torneio de robótica da First Lego League (FLL). Eles participaram da etapa regional em Jaraguá do Sul, no sábado, 8.

Nesta ocasião, a equipe levou o troféu pela programação do robô, e o bom desempenho durante o torneio regional. 

Agora, a preparação é para a vaga na disputa nacional, que será realizada em São Paulo, de 6 a 8 de março, e reunirá 100 equipes de todo o país. Até lá, os esforços são para levar o projeto o mais longe possível e, quem sabe, até implantar o primeiro protótipo em Brusque.

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