Estudo da Fiesc mostra pouca qualificação no setor têxtil em Brusque
Setor de têxtil e confecção emprega 166 mil pessoas em Santa Catarina, sendo que a confecção de artigos do vestuário e acessórios concentram mais de 65% desses recursos humanos
Setor de têxtil e confecção emprega 166 mil pessoas em Santa Catarina, sendo que a confecção de artigos do vestuário e acessórios concentram mais de 65% desses recursos humanos
Líderes das entidades que integram a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) conheceram na semana passada o plano estratégico da entidade para o período de 2015 a 2022. Esse planejamento veio acompanhado de um diagnóstico socioeconômico da indústria, o qual revelou, para a região de Brusque, um desafio: manter a empregabilidade recorde no setor têxtil, mas ampliar o nível de qualificação dos trabalhadores.
“Passaremos de um conceito de cliente-fornecedor para o de parceiro da indústria”, afirmou, durante o evento, o presidente da entidade, Glauco José Côrte. Ele disse que a indústria catarinense viverá grandes transformações no futuro próximo e que a federação e suas entidades precisarão estar prontas para apoiar o setor nesse novo contexto.
Côrte lembrou que entre 2012 e 2014 os focos da gestão foram a ampliação dos serviços e integração operacional maior entre as entidades. A partir de agora os esforços estarão centrados na consolidação do novo modelo de relacionamento com a indústria. “Fomos criados, somos mantidos e administrados pela indústria”, ressaltou.
O planejamento atualiza as diretrizes da entidade para as áreas de ambiente institucional, qualidade de vida, educação e inovação e tecnologia e determina projetos e metas para as entidades. A partir de agora as novas diretrizes serão disseminadas pelos participantes do evento.
Representantes de Brusque também participaram do estudo, como o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Jorge Ramos; e o diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Sesi) de Brusque, José Vanderlei Cardoso. Ele destaca que alguns pontos foram revelados pelo diagnóstico, especificamente sobre o têxtil, e que isso deve ser colocado em prática logo.
“Para que haja condições de que essas ações possam ser realizadas para concorrer com o mercado global e trabalhar a questão da inovação, com produtos inteligentes, que é uma questão até de sobrevivência no mercado”, diz.
Ele afirma, ainda, que um dos temas analisados refere-se ao fato do estado estar cada vez mais consolidado como um polo da moda e do design de moda, em função da expansão do setor têxtil e de confecção, principalmente no Vale do Itajaí-Mirim.
Empregabilidade é alta
Conforme o levantamento realizado pela Fiesc, o setor de têxtil e confecção emprega 166 mil pessoas em Santa Catarina, sendo que a confecção de artigos do vestuário e acessórios concentram mais de 65% desses recursos humanos.
Os analistas da Fiesc consideram esse número significativo no contexto nacional, pois representa 20% dos trabalhadores do setor em território brasileiro e 27% da indústria da transformação estadual. O setor apresentou uma taxa de crescimento média anual levemente superior em Santa Catarina em relação ao Brasil (2,0% e 1,6%, respectivamente).
Em relação à distribuição geográfica dos empregos do setor, o estudo mostrou uma forte concentração no Vale do Itajaí, principalmente nos municípios de Blumenau e Brusque, que representam 19% dos estabelecimentos e 26% dos empregos do setor em território estadual.
A escolaridade básica do trabalhador da indústria (no mínimo ensino médio completo) no setor têxtil compreende 44% dos empregados e 49% na confecção. Essa participação é menor que a média nacional, contudo, a remuneração média dos trabalhadores do setor teve um crescimento maior que a média brasileira e está entre os estados com maior remuneração.
Porém, a análise da Fiesc apresenta um ponto negativo: apesar da alta taxa de empregabilidade, o nível de qualificação dos trabalhadores ainda é considerado baixo. Segundo Cardoso, esse é um indicador que acende o sinal de alerta para todos os níveis de ensino na região.
“Deve ser levado em conta pelas escolas técnicas, e também para as universidades, com a formação de mais profissionais qualificados para desenvolver novos produtos”, afirma. “Mas também é um indicador para a rede municipal e estadual de ensino, para que desenvolva um currículo para que possamos receber esses alunos para qualificação profissional. Às vezes, temos que dar a base que eles deveriam ter adquirido no ensino básico, para poder desenvolver a tecnologia, por exemplo”.
Distribuição de estabelecimentos e empregos no setor têxtil em SC
Empregos têxtil
Até 250
Entre 250 e 500
Entre 500 e 1000
Entre 1000 e 2000
Acima de 2000
Estabelecimentos têxtil
Sem estabelecimentos
Até 25
Entre 25 e 50
Entre 50 e 100
Entre 100 e 190
Acima de 190