Estudo da Fiesc mostra que empresas de SC pretendem investir em exportação
Após mudanças na política do país, empresários se mostram mais propensos a expandir negócios
Após mudanças na política do país, empresários se mostram mais propensos a expandir negócios
Oito em cada dez empresas catarinenses planejam expandir as exportações em 2016. A maioria mira mercados mais próximos, como as Américas do Sul, Central e do Norte. O número foi revelado na Análise do Comércio Internacional Catarinense (Acic), estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) que foi apresentado ao empresariado na quarta-feira, 24.
A Fiesc elaborou a pesquisa para mostrar o cenário atual de Santa Catarina e projetar ações voltadas para o comércio exterior. De acordo com o presidente Glauco José Côrte, o mesmo levantamento mostrou que, embora busquem a expansão, as empresas ainda têm poucos mercados.
O mesmo estudo – realizado com 140 companhias – mostrou que 64% delas estimam que haverá crescimento nas exportações neste ano.
Segundo o Acic, 31,6% das empresas projetam incremento de até 10%; 19,4% preveem alta de até 30%; 5,1% calculam aumento de até 50% e 8,2% estimam alta de mais de 50% nos embarques para este ano.
O otimismo aferido no estudo é comemorado pelo presidente da federação das indústrias, porém, ele pondera que os fatores externos obrigam a ter cautelas. “De um lado as perspectivas para os próximos anos são mais favoráveis, devido à recente elevação dos preços do petróleo e aos investimentos em infraestrutura que vêm sendo realizados na China. Por outro lado, as previsões macroeconômicas são dificultadas pelas incertezas provocadas pela saída do Reino Unido da União Europeia”, afirma.
2016 de recuperação
O velho discurso que “o pior já passou” parece se confirmar no estudo da Fiesc. Segundo a pesquisa, 55% das empresas disseram que as receitas com exportação em 2015 aumentaram em relação a 2014. Outros 22% informaram que os valores se mantiveram iguais, e 22% afirmaram que o montante reduziu.
Parte das companhias disseram que o motivo para o crescimento nas exportações foi a desvalorização do real frente ao dólar. A moeda brasileira tem subido, o que significa que perde peso, e por isso fica mais interessante para os estrangeiros comprarem produtos de Santa Catarina.
Na avaliação de pessoas ligadas à exportação e à importação, o otimismo com o mercado externo cresceu por causa das mudanças políticas que ocorreram há pouco tempo. A principal delas foi o afastamento temporário de Dilma Rousseff da presidência da República. Fato que deve se confirmar nos próximos dias.
Jones Rafael da Silva, do setor comercial da Nelson Importações e Exportações, de Brusque, diz que o cenário para negociações com o exterior tem melhorado recentemente. Ele afirma que as mudanças na política brasileira foram importantes e injetaram confiança nos empresários. Silva faz a ressalva que fatores como as eleições americanas também terão impacto no câmbio.
Desconfiança dos estrangeiros exige trabalho
A Guabifios, de Guabiruba, trabalha com o mercado externo, com foco na importação de fios. Juliano Schumacher, presidente da empresa, lida com o mercado cambial, por isso avalia que a exportação não será retomada tão rapidamente.
Na opinião do executivo, o Brasil praticamente deu as costas para o mercado externo durante muito tempo no setor têxtil, a maior vocação da região. As grandes redes de varejo deixaram de produzir no país e passaram a trazer peças praticamente prontas de nações com mão de obra mais barata, como a China.
O resultado disto foi que o Brasil parou no tempo e a sua capacidade instalada na área têxtil não evoluiu. “O que tem aqui não dá conta, não tenha dúvida”, afirma Schumacher. Ele avalia que a recuperação pode ocorrer, mas no médio prazo. Em 2016, é muito difícil, pois não há como suprir a demanda do exterior.
“Outros segmentos poderiam abocanhar o seu quinhão”, afirma. Ele diz que os outros segmentos da indústria de Santa Catarina poderão se recuperar porque o câmbio está favorável. Com o dólar alto, os produtos nacionais ganham competitividade.
Mas, fora estas questões técnicas, ele ressalta que o mercado externo é competitivo e, como o Brasil ficou fora por muito tempo, retomar espaço para a importação não será fácil.
Gabriel Dantas, diretor da Gadan Trading, diz que para a importação também tem sido impulsionada pelo otimismo do mercado. Ele afirma que o setor está saindo da crise.