Estudo mostra que pequenos recipientes são os principais criadouros do Aedes Aegypti no estado
Foram inspecionados 63.620 depósitos espalhados por Santa Catarina
Levantamento de Índice Rápido para o Aedes Aegypti (LIRAa) realizado nos meses de março e abril deste ano revela que os pequenos recipientes, como pratinhos de plantas e baldes, são os principais potenciais criadouros do mosquito transmissor da dengue no estado. Eles representam 38,2% dos recipientes inspecionados que tinham água acumulada, o que os torna potenciais criadouros para reprodução do inseto. Depois deles, vêm o lixo e a sucata (30,7%) e os recipientes fixos (15,8%), como calhas e piscinas.
No total, foram inspecionados 63.620 depósitos em todo o estado. Os dados completos do LIRAa foram divulgados nesta quinta-feira, 7, pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). A atividade é realizada duas vezes ao ano pelos municípios considerados infestados pelo mosquito que transmite dengue, zika vírus e chikungunya. Dessa vez, participaram 97 municípios. O LIRAa permite a identificação de áreas com maior ocorrência de focos, bem como dos criadouros predominantes, indicando o risco de transmissão das três doenças.
Dos municípios que realizaram o LIRAa, 17 (17,5%) apresentaram alto risco para transmissão de dengue, febre de chikungunya e zika vírus, 45 (46,4%) médio risco e 35 (36,1%) baixo risco. “Esses dados auxiliam os municípios a discutir e direcionar ações para áreas apontadas como críticas, além de avaliar as atividades desenvolvidas, o que possibilita a otimização de recursos humanos e materiais disponíveis”, explica João Fuck, gerente de zoonoses da SES.
Em 2019, a atividade foi realizada por 76 municípios, dos quais 33 (43,4%) apresentaram alto risco para a transmissão, 33 (43,4%) apresentaram médio risco e 10 (13,2%) baixo risco. Apesar do aumento no número de municípios com baixo risco em 2020, mais de 60% ainda apresentam médio e alto risco, condição que vem se traduzindo na transmissão de dengue que o estado enfrenta neste ano.
“Com esse cenário, é fundamental a intensificação das ações de controle envolvendo outras áreas da gestão municipal e da sociedade, a fim de eliminar e adequar locais que possam acumular água. O controle do Aedes Aegypti ainda é a melhor estratégia para evitar que outros municípios enfrentem a transmissão de dengue, inclusive em nível de surtos e epidemias”, explica João Fuck.
Aumento de casos de dengue preocupa autoridades
Santa Catarina tem 2.955 casos de dengue confirmados em 2020. Número que já é superior ao que foi registrado em todo o ano de 2019 (1.911).
Do total de casos confirmados até agora, 2.676 são autóctones (91%), ou seja, foram contraídos dentro do estado, 150 importados (4%, contraídos fora de SC), 54 indeterminados (2%) e 75 em investigação de Local Provável de Infecção (3%).
Quatro municípios estão em condição de epidemia: São Carlos, Coronel Freitas, Maravilha e Bombinhas. A caracterização de epidemia ocorre pela relação entre o número de casos confirmados e de habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o nível de transmissão epidêmico quando a taxa de incidência é maior de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes.
Em São Carlos, a taxa de incidência é de 815,5 casos por 100 mil/habitantes; em Coronel Freitas, é de 651,2 casos por 100 mil/habitantes; em Maravilha, a taxa é de 326,7 casos por 100 mil/habitantes, e, em Bombinhas, 323 casos por 100 mil/habitantes.